um bar restrito nas ruas escuras de Paris, homens e mulheres sentados em uma noite de jazz, fumaças de cigarros e cigarrilhas cobrindo o local e a face da cantora.
um rapaz de terno com seus amigos magnatas, rindo e conversando e admirando as mulheres naquele local, até que o grande refrão chega e nesse exato momento de lucidez ele encontra através do óculos do seu amigo uma moça de vestido vermelho.
olhando com um meio-sorriso para ele e a fumaça saindo de suas narinas.
caro desgraçado leitor, deixo aqui avisado que o nobre rapaz, a partir desse exato instante efêmero, irá conhecer o paraíso e o inferno ao mesmo tempo.
bastou um olhar, uma luz banhando o rosto daquela mulher, um-dois goles de conhaque e aquele jovem rapaz se apaixonou.
a noite caia e a chuva aumentava, as pessoas naquele lugar já percebiam como a voz da cantora estava fraquejando, os homens já acabavam com seus repertórios de histórias, as risadas diminuíam, os casais já pegavam os táxis, os poetas terminavam seus escritos e o nobre rapaz não deixava de olhar aqueles olhos caramelos.
ah, aqueles malditos olhos caramelos que ele tanto odiaria de ver um dia.
tão demasiadamente bonitos iluminados pela aquela meia-luz, como um assaltante iluminado pelo poste à beira de um roubo, aqueles olhos roubaram toda a atenção desse jovem, roubaram todo o coração dele, "boa parte de mim foi embora".
a última música fora tocada, os últimos tragos foram tragados, os últimos goles engolidos, os últimos cigarros fumados. e o rapaz se desloca para a saída com seus amigos magnatas, olhou de relance para a mulher e ela já havia partido também. amanhã eu vou falar com ela. naquela noite ele dormiu com um sorriso no rosto.
o amanhã chegou, as mesmas pessoas se encontraram, os mesmos grupos de amigos, as mesmas garrafas de gin, os mesmos cigarros, mas não a mesma cantora. e nem sinal da mulher de vestido vermelho. e no outro dia também. e no outro dia. e em todos os outros dias.
ah, o arrependimento que ele teve.
o arrependimento de não ter ido falar com ela naquele dia.
como ele odiou o fato de ter a luz daqueles olhos banhados sobre o seu.
como ele odiou aquele cigarro de filtro vermelho que ela estava fumando.bem vindo ao inferno de se apaixonar.
e ele rasgava às noites a procurar tua figura e o teu retrato,
aquela moça realmente existiu?
saía gritando e desabafando com a lua sempre a mesma história.até que um dia, a mesma cantora iria tocar e como sempre, ele e seus amigos foram ao mesmo bar, entre risos, tragadas e goles, o grande refrão chega e nesse exato momento de lucidez ele encontra através do óculos do seu amigo uma moça de vestido vermelho.
olhando com um meio-sorriso para ele e a fumaça saindo de suas narinas.
ele levanta, pede licença para os seus amigos, senta ao lado da moça.
olhando com um meio-sorriso para ele e a fumaça saindo de suas narinas. ele levanta, pede licença para os seus amigos, senta ao lado da moça.
muito prazer, eu me chamo máquina
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maquina: bar
Romancemaquina, 26 anos. em um bar nos becos de paris. e uma moça de vestido vermelho. quantas dose de conhaque alguém precisa para começar uma conversa com um estranho? parte II dos contos cotidianos de vida do maquina. "muito prazer, eu me chamo maquina...