- Eu preciso tomar banho, você não é o único nessa casa! - eu gritava em frente a porta, ouvindo apenas o som da música que tocava no celular do meu irmão Chrystian. -EI!!!
- Caramba, tu é chata! - ele abriu a porta e saiu com a toalha enrolada em seu quadril, mostrando o resultado de jogar em um time de basquete desde os 13 anos.
Entrei no banheiro e não enxergava quase nada, graças a fumaça do banho escaldante do meu irmão. Liguei o chuveiro e diminui a temperatura para quase gelado. Pretendia tomar um banho demorado, até que o meu despertador tocou me avisando que eu tinha quinze minutos para ficar pronta e ir pegar meu ônibus. Meu banho demorou menos de três minutos, sai correndo do banheiro, vesti uma calça jeans de cintura alta, uma blusa preta com detalhes dourados e um tênis preto. Eu tinha cortado meu cabelo a poucos dias, então apenas passei um creme para disfarçar o fato de não ter sido lavado a quase uma semana.
-Se você quer carona, precisa descer em exatos 5 minutos! - era o Chrystian, minha mãe tinha insistido para ele me dar carona nos dias que ele tinha treino.
- Já vou! - eu estava terminando de pegar minha mochila quando lembrei que não fazia a menor ideia de em qual sala eu deveria entrar.
Desci as escadas correndo, passei por duas torradas que minha mãe tinha feito para mim antes de sair pro trabalho. Ignorei e peguei apenas uma maçã vermelha que estava na lancheira do meu irmão mais novo.- Não fala pra ninguém que somos irmãos - meu irmão nunca gostou que os outros soubessem que ele tem uma irmã de 15 anos que não gosta de esportes.
- Acho que não vai ser necessário, já que temos o mesmo sobrenome - no último ano do ensino fundamental, os professores descobriram que eu era irmã de um super astro do basquete, graças ao diretor que decidiu falar todo o meu nome na chamada do primeiro dia "Dalla Corte", realmente o nome de um astro.
- Negue.
- "Não gente, meu sobrenome não é este que está na minha IDENTIDADE."
- Isso, viu, não é tão difícil.
Ele parou em frente a escola "Prefeito Camillo Costa", a única escola técnica de graça na minha cidade. a escola era dividida em vários tons de azul e branco, como a maioria das escolas públicas.
Subi os primeiros degraus que dava a outro portão "porquê dois portões?" E então cheguei a um corredor que dava a outros três corredores. Segui pelo do meio que dava acesso a uma multidão de pessoas que pareciam ter a mesma idade que eu.
- Bem-vindos novos alunos, por favor se reúnam aqui para a chamada e distribuição de turmas.
Fiquei atrás da multidão observando rostos que eu veria quase todos os dias. Uma garota de cabelo vermelho me chamou atenção, ela era alta e magra, cabelo quase tão curto quanto o meu. Ela percebeu que eu estava observando-a e se aproximou de mim.
- Oi! Técnico também? - ela tinha uma voz fofa e meiga, com um sotaque puxando o R que transformava em um L.
- Oi, sim, mas não faço ideia da minha turma.
- Eu também não, quem sabe a gente cai na mesma turma! - ela tinha um sorriso fofo com seus dentes um pouco tortos.
- Então, imagino que a pelo menos quase todo mundo esteja aqui, podemos começar.
O diretor começou a chamada pela primeira turma de técnico, eu fui a décima a ser chamada e saí atrás de outras garotas que já tinham se conhecido. Entrei em uma sala não muito organizada, amarela claro com rosa e classes verdes, me sentei na primeira classe de frente para professora. Depois de uns cinco minutos entrou a garota do cabelo vermelho que eu tinha encontrado antes.
- Acertei! Prazer Grace - ela fez um sinal de paz e amor e se sentou do meu lado.
- Camilly, prazer.
- Então, de que escola você veio? - ela perguntou se virando para mim com os pés em cima da cadeira
- Padre Martins, uma escola pouco conhecida do meu bairro, e você? - me virei para ela do mesmo modo, para ficarmos frente a frente.
- Vincent Van Gogh, a escola que fica no centro.
- a, eu conheço, sempre quis estudar lá, mas fica longe do meu bairro. - eu falei, fazendo sinal de coração partido com as mãos.
- Entendo, e porquê você tá no magistério?
- Eu não faço a menor ideia, deu algum erro na minha matrícula e eu tô aqui - soltei uma risada nervosa enquanto ela me olhava da cabeça aos pés.
- Você vai estudar um dia inteiro em uma coisa que você não gosta? - ela disse levantandoo uma das sobrancelhas.
- É o que parece... - uma mulher entrou na sala e parou na frente da turma.
- Boa tarde, queridas e queridos. Meu nome é Lucya e eu sou a coordenadora da escola, sempre que precisarem tirar alguma dúvida, me procurem. Por hoje, vocês não terão aula, já que não temos professores disponíveis no momento, mas amanhã tudo volta ao normal. Aproveitem hoje para se conhecerem, mas sem bagunça por favor. - ela se retirou da sala batendo seu salto alto quadrado no chão.
- Então galera - gritou um menino do fundo da sala, um pouco baixo, cabelo preto e um sorriso um tanto quanto perfeito. - meu nome é Erick, prazer. - ele deu sorriso um tanto orgulhoso por ter recebido tanta atenção das garotas que babavam nele.
- Alyci, prazer - uma garota baixa, bronzeada e de longos cabelos pretos se sentou do lado dele. Depois de várias apresentações, eu já tinha uma ideia de quem estava ali só por estar, assim como eu, e de quem tinha vocação para o curso.
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Fio vermelho
RomanceCamilly é uma garota de 15 anos indo para o primeiro ano do ensino médio, mas muitas coisas acontecem no ensino médio, inclusive, o amor. Mas o destino é traiçoeiro e pode nos mostrar que o amor nem sempre é o mais importante.