Capítulo Único

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Poucas pessoas sabem qual a causa do chamado transtorno dissociativo, ou como é popularmente conhecido, dupla-identidade. As pessoas não sabem e nem se preocupam em querer saber, às vezes sequer admitem a existência de tal transtorno culpando seu portador de falsidade ou de uma mudança intensa e súbita de personalidade.

Esse transtorno atinge uma grande parte da população mundial em diferentes intensidades e na maioria dos casos de forma tão leve que chega a ser desconsiderado. Mas às vezes essa doença incurável se apodera da pessoa de modo que uma vida normal se torna algo extremamente difícil de conseguir.

Desde menino eu sempre amei o basquete e sempre fui muito bom. Minha mãe me incentivava a jogar e a melhorar.

Para meu pai a única coisa que importava era que eu fosse o primeiro e vencesse a todos.

O primeiro da minha turma, o primeiro da minha escola, da cidade, do estado.

Meu pai não ligava para mim. Ele apenas gostava de se gabar e de exibir o seu único filho como se ele fosse um troféu.

Minha mãe tentava faze-lo parar, mas tinha pouco efeito. Ela era a única pessoa que realmente me amava.

Esse era o meu dia-a-dia. Meu pai me exigindo a perfeição e minha mãe apenas me pedindo para me divertir e não exagerar.

Mas mesmo sendo tão pequeno eu sabia que podia suportar com ela ao meu lado.

O que não significa que eu não tenha sentido a pressão que meu pai impôs. Eu era uma criança, e mesmo com o que a minha mãe me dizia eu ainda queria agrada-lo.

Então eu fui o primeiro.

O primeiro nos estudos, o primeiro nos esportes, o aluno modelo.

Mas não foi o suficiente.

De você, Akashi Seijuro, não aceitarei nada menos que a perfeição, por que os Akashi são imperadores, incapazes de perder.

Essas foram as suas palavras que marcaram minha infância.


Primeira Causa: Trauma Psicológico na Infância.


Então eu entrei na escola de Teiko e fiz parte do imenso clube de basquete, conseguindo logo de início uma vaga no primeiro time.

Eu era excelente. Havia começado a jogar por minha mãe. O basquete era sua paixão secreta, ela me confidenciou isso. Meu pai apenas me permitiu entrar no clube com a condição de que não perderia nem um único jogo. E eu cumpri essa condição com excelência.

Vencer se tornou como respirar. Era necessário, inevitável, natural e até mesmo banal.

Pouco a pouco meu precioso time foi se formando cada um dos outros cinco jogadores que eu respeitava foram se juntando. Aomine Daike, nosso às imparável; Midorima Shintaro, nosso lançador perfeito; Murasakibara Atsushi, nosso pivô invencível; Kise Ryouta, o copiador nato e Kuroko Tetsuya, a sombra que realça a luz.

Então eu me tornei o capitão do time de maneira precoce.

Eu era o capitão, eu era o líder. Era minha obrigação guia-los e orienta-los.

Era um dever muito grande para um menino ainda tão pequeno e eu não poderia entender a dimensão de tal dever quando o pedi.

Sob minha liderança todos evoluíram. Cada um deles, com exceção de Kuroko, evoluiu de maneira drástica. Mas nenhum deles tinha nos ombros o peso de orientar todo um time.

Dupla-PersonalidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora