― Hija de puta! Acha que me engana! Mas eu sei exatamente o que está acontecendo! - deu outro gole no uísque, enquanto procurava pelo batom na bancada de espelhos iluminados.
― Dé qué estás hablando Nya? – Rúbia passava mais lápis ao redor dos olhos, gostava de acentuar o ar asiático, enquanto isso fingia não saber que era de Isabella que a outra reclamava, desde que a chica começara a dançar lá, algumas semanas atrás, Nya não tinha outro assunto.
― Bien sabés de quien hablo – respondeu irada, passando novas camadas do batom carmim nos lábios.
― Si, de Isabella – respondeu com um suspiro, revirando os olhos - tinha un poco esperança de que fosse de outra pessoa.
As duas estavam sentadas em suas mesas de maquiagem no apertado arremedo de camarim que ficava do lado esquerdo dos fundos do palco, já estavam vestidas com os minúsculos tubinhos brilhosos e davam os últimos retoques na maquillaje e no cabelo, de frente para os espelhos cravejados de lâmpadas, logo começaria o turno da noite, e sendo uma sexta-feira, esperavam casa cheia.
― No puedo Rúbia! Ela acha que não vejo a maneira como olha pra ele com aquela maquiagem toda borrada, e como caminha por ai com aquele pelo todo loco, achando que é a dona do pedaço – deu outro gole na bebida e estreitou o copo entre os dedos – Ela acha que é única, que ele quer algo sério, provavelmente pensa que a ama. Uma burra.
― Exatamente, eu não sei por que essa preocupação – virou-se para a companheira – você melhor do que ninguém sabe que nadie puede atar a ese chico.
― La actitud snob! Me irrita! Pero, bien se acha que pode vir aqui e atrapalhar meus esquemas, ela que me aguarde, com certeza el jefe não vai gostar de saber pra quem ela anda dando.
― Uhhh – Rúbia respondeu em tom de piada, suavizando a conversa – eres tan mala.
As amigas riam ainda quando notaram algo se mover perceberam através do espelho a sombra despenteada de Isabella caminhar até elas, parou atrás de Nya e a encarou pelo reflexo do espelho; o rosto exageradamente maquiado da que estava sentada se contorceu numa expressão entre a raiva e o susto contrastando com o rosto de Isabella que não demonstrava nada.
Deu mais uma tragada no cigarro que segurava, expeliu a fumaça para baixo, em direção ao cabelo de Nya e derrubou a bituca no copo de uísque, parou na porta e jogou um beijo com a mão esquerda, na direita tinha uma garrafa de Jose, seguiu caminhando como se não tivesse ouvido nada relevante mascarando com sucesso o ódio que sentia.
Enquanto caminhava ouviu ao longe que Rúbia segurara a amiga impedindo-a de segui-la e começar uma briga de verdade e por alguns segundos considerou voltar e esbofetear a porto-riquenha, mas esse não era seu estilo.
No que dependesse de Isabella, primeiro Nya morreria de ódio, engasgada no próprio recalque; odiava esse tipo de situações, geralmente fazia amizade com as outras chicas da casa porque apreciava muito sua paz, mas as coisas ali haviam chegado num ponto em que ela já não tinha mais controle da situação.
Nya vinha fazendo de tudo para afastá-la de Bruno e Isabella não sabia quanto tempo ainda aguentaria mantendo a atitude fria e distante; no fundo sentia que não era algo tão pessoal, mulheres como a colega estavam sempre procurando outra mulher com quem rivalizar e não sossegavam enquanto não destruíssem seu alvo.
Isabella não pretendia cair tão fácil.
No momento a parte do plano que estava em execução era garantir que Bruno seria totalmente dela, infelizmente o plano sofrera um baque quando descobriu que ele e Nya haviam transado nos dias em que ela precisara se ausentar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gorilla
FanfictionBruno e Isabella querem fugir juntos para recomeçarem a vida longe de toda a confusão e decadência do "La Jungla", mas as coisas se complicam quando Bruno decide que vale qualquer coisa para conseguir o dinheiro que vai comprar a nova vida. Livremen...