Capítulo 4

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Goiânia, GO

Teresa Reis

...8...9...10, dez cintadas na minha região das nádegas, coxas e lombar. As lágrimas caem com abundância pela ardência. De quatro com os pulsos amarrados na cabeceira da cama eu me preparo para sentir a próxima cintada, mas graças a Deus ouço o som do cinto sendo largado no chão. Acabou.

Ele veio até mim e me desamarrou, sem nenhuma força no corpo caio com tudo na cama. Me encolhi ainda tremendo e chorando. O homem se aproxima mais e acaricia meu rosto, fecho os olhos com força

_ descanse meu amor, daqui a pouco eu voltarei para ficar com você e lhe explicar algumas regras - fala baixo, próximo ao meu ouvido, um soluço sai da minha boca sem permissão intensificando meu choro

Ouço ele sair e fechar a porta trancando ela por fora

Meu corpo lateja muito, a dor é gritante, cada sacudida que dou com o choro faz o dor aumentar

O que eu fiz pra merecer isso? Quem é esse homem? Por que ele tá fazendo isso comigo?

Estou tão perdida, sem minha mãe por perto, toda dolorida, trancada em um quarto de um desconhecido que diz ser meu dono e que o desobedeci, mas como? Se nem o conheço, como posso ter o desobedecido?

O que está acontecendo?

Meu corpo vai amolecendo, o cansaço me consumindo e eu consigo dormir

~~~~~~

Desperto com o som da porta sendo destrancada, não faço ideia de por quanto tempo eu cochilei, mas dá para ver pela janela fechada que tem no quarto que já está de tardezinha quase anoitecendo

O homem entra no quarto com uma bandeja nas mãos, o cheiro de comida está muito bom, eu estou morrendo de fome, não como nada desde hoje cedo no ônibus

Ele se aproxima e eu, por instinto, me sento de uma vez, merda!! A dor na bunda é horrível, mas não importa, vou me afastando até chegar na cabeceira. Ele deposita a bandeja aos meus pés na cama, vem até mim como se fosse me beija, viro o rosto no mesmo instante, ele não gostou nem um pouco, pois segura com força meu queixo me fazendo virar de volta pra ele

_ não ouse me rejeitar - rosna me apertando com mais força, tenho certeza que ficará marcado, uma lágrima escorre, por que meu Deus? - você é minha Teresa - coloca os lábios nos meus, sinto um enjoo repentino, ele força o beijo me obrigando a corresponder - da próxima vez haverá consequências - aquela ameaça velada me dá calafrios

Ele se afasta novamente, sua expressão mudou do nada de raivoso pra calmo, homem louco. Ele vai até a bandeja e retira a tampa apresentando um prato com arroz branco, feijão, salada, batata frita, bife de pernil de porco e um copo com suco que parece ser de laranja, o cheiro está delicioso, meu estômago ronca, mas não vou comer, não sei o que esse homem colocou aí

_ trouxe seu jantar princesa - se vira para mim sorrindo e acaricia meu rosto - eu sei que provavelmente não está tão saboroso quanto os pratos que você prepara, digo por experiência própria que ninguém cozinha melhor que você, mas no momento isso deve servir - ele sabe que eu sou chefe de cozinha, meu deus, quem é ele? O que mais ele sabe sobre minha vida?

Sinto náuseas, não só pelo seu toque na minha pele mais também pelo nervosismo. Me seguro pra não vomitar ali mesmo respirando fundo, fecho os olhos por alguns instantes, sua mão solta meu rosto e eu sinto alívio

_ coma pequena, temos muito o que conversar - estende o prato e os talheres na minha direção

_ não estou com fome - minto, mas o barulho que minha barriga faz me entrega, ele solta uma risada, se fosse em outro situação eu diria que seu sorriso é lindo, porém neste momento só me causa medo

_ seu estômago diz outra coisa - olho mais uma vez o prato em sua mão, quero tanto devorar aquilo, mas tô com medo, volto meu olhar pra ele, acho que ele percebeu meu receio - não se preocupe, Teresa, não tem nada na comida, não tenho a intenção de te matar, e mesmo se tivesse, eu não faria isso pondo veneno na comida - ele sorrir perverso - seria de uma maneira muito mais divertida e dolorosa, pra você claro - sobe um arrepio de pavor pela espinha e eu fico ofegante - calma meu amor, como disse não tenho essa intenção... Agora coma!!!

Pego o prato começo a comer, está muito bom, enquanto isso ele se sentou na poltrona e ficou me observando de longe, seu olhar queima na minha pele, ignoro e continuo minha refeição

Quando finalizo copo de suco, ele se levanta e tira as louças sujas da cama deixando tudo em cima de uma cômoda ao lado da cama

_ agora sim, podemos ter nossa conversa - se senta novamente - eu pretendia ter essa conversa assim que chegou, mas por conta da sua mau criação tive que adiar e também por causa disso você ficará aqui no meu apartamento de castigo essa semana, não sairá do quarto, suas refeições eu mesmo trarei e também sem nenhum contado com qualquer tipo tecnologia, vamos ver se assim você aprende a me obedecer

_ eu nem sei quem você é, como posso ter te desobedecido? - ousei perguntar, não aguentava mais

_ eu exigi que sua viagem para Goiânia fosse paga por mim, mas você fez questão de pagar

Minha cabeça parece que vai explodir, algumas coisas ficaram "explicadas", só que mais duvidas surgiram

_ você é o dono da Fazenda Ribeirão - afirmo, ele sorri

_ achei que já tivesse percebido isso

Não estou acreditando no que ouvi, meu deus este homem deveria está internado

_ você me surrou só porque eu não aceitei seu favor em pagar minha passagem?

_ não era um favor, era uma ordem

_ VOCÊ É UM DOENTE!!! - grito e no mesmo momento me arrependo, em um segundo sinto a queimação no rosto por conta do tapa, não deu nem tempo de virar o rosto de voltar quando ele puxa meu cabelo pela nuca me fazendo olhar pra ele

_ nunca mais levante a voz pra mim, a sua punição é para você entender que qualquer ordem minha deve ser cumprida, por menor que seja

_ eu quero ir embora - minha voz sai embargada pelo choro

_ não você entendeu ainda princesa? Você nunca irá embora

~~~~~~~~~~~

Até próxima

Bjs 😘

Daqui Ela Não Sai (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora