Shopping

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Antes de irmos ao shopping passamos em casa pra mim deixar a mochila e o buquê numa vasilha com água e durante todo o caminho permanecemos em silêncio. As teorias do que ele poderia ter feito ou do que estaria me esperando lá começaram a me assustar. Outra surpresa no meio da praça de alimentação não dá!

Mesmo de mãos dadas, sinto a mão dele gelada por conta do vento, então coloco nossas mãos entrelaçadas em seu bolso da blusa e sinto algo ali. Um papelzinho. Passo o resto do percurso pensando naquele maldito papel. Assim que paramos na entrada do local, soltei-me, retirei o pedaço da minha curiosidade da blusa e consegui lê-lo rapidamente enquanto Mark ia na frente para a escada rolante. Era uma nota fiscal. Foi ele que comprou o bolo e os doces. Droga, Mark.

- O que viemos fazer aqui? - Pergunto assim que chegamos no segundo andar e ele apenas sorri antes de me segurar pelos ombros e me encarar.

- Você confia em mim? - A pergunta soa tão séria que tenho até medo. O que raios está acontecendo?

- Claro que sim.

- Ótimo. - Sua expressão séria fora substituída por uma divertida e retira uma venda do bolso da calça. Arregalo os olhos e nego freneticamente. - Relaxa, não vou te sequestrar e vender sua alma, Hyuck.

- Muito reconfortante ouvir isso, obrigado. Cadê a guia e o cão? - O sarcasmo e ironia tomam conta de mim em momentos de raiva e adrenalina, não posso evitar.

Ele apenas ri e me sinto menos tenso, mas aquele pedaço de pano nas mãos dele realmente me assusta. Um simples selar é deixado na minha testa enquanto a venda me era vestida e tampava minha vista. Sinto ele se aproximar e sussurra bem perto do meu rosto.

- Juro que irá gostar. Então só peço que não grite tanto para não chamar mais atenção ainda, eu prometo que não vou te derrubar, okay? - Aceno positivamente com a cabeça e começamos a andar.

Não por muito tempo. Logo nos primeiros passos já me desespero e tento tatear o nada com as mãos e alcançar um degrau inexistente com os pés, causando a risada de algumas pessoas que estavam por perto, inclusive do próprio ser que me arrastava pelo shopping.

Após longos momentos de tortura e desespero, sinto o ar mais quente e já não sinto o cheiro de comida dos corredores, além da música ambiente não ser mais uma popzinha aleatória, mas um rock antigo, então presumo que entramos em alguma loja. Ouço o barulho de algo vibrando e vozes de longe, conversando. Mark apenas me sentou em algum lugar confortável e apoiou suas mãos em meus ombros, aparentemente estando de pé na minha frente.

- Pode tirar a venda. - Alguns minutos depois que o barulho um tanto quanto curioso cessou, Mark finalmente disse e tiro aquela coisa que já estava a me incomodar. Não acredito, é brincadeira né?

- Meu anjo, só te lembrando, caso tenha esquecido minha idade também, estou fazendo dezessete anos, sou menor de idade. - Digo sarcástico e com cara de cú mesmo, esse loiro falso deve estar tirando comigo, não é possível. Com cara de deboche, ele tira um outro papel do bolso da calça e me entrega. Aliás, tenho medo do que mais ele vai tirar desses bolsos. - Minha mãe assinou mesmo isso?

- Sim. Sou o namorado perfeito, mas ainda não falsifico assinaturas. - Ele abaixa e me envolve em seus braços, sussurrando para que só eu escutasse, como se me contasse um segredo. - Sei que você queria fazer uma tatuagem de casal, e estamos aqui para isso. Ralei muito pra convencer sua mãe, mas valerá a pena.

Droga, Mark.

Como eu amo esse menino.

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