Samuel:quem é ela?

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        Hoje tive que acordar super cedo, terá uma reunião importantíssima na empresa e meu pai quer que eu participe. Não estou nem um pouco afim disso, mas se eu quiser ter minha parte da herança tenho que demonstrar ser um bom moço, pelo menos na frente dos meus pais.

        Ontem a noite foi ótima, mais uma vez; afinal quem resiste a mim. Fui com meu amigo Daniel a um pub novo que abriu aqui em São Paulo pra relaxar um pouco e pegar algumas gatas. Resultado: Acabei levando ao meu apê de foda duas lindas garotas, um pouco fúteis, reconheço, mas para as minhas intenções futilidade era o menos importante. Nem lembro o nome delas, ou as características, mas o que valeu foi a foda depravada que me proporcionaram.

        Comi as duas de tudo quanto é maneira.

        O problema é que quando fico com alguém, elas no final gamam tanto que começam a encher meu saco pedindo meu telefone e querendo repetir. Não é o que quero, figurinha repetida não completa álbum.

        Não sei o que acontece com vocês mulheres, me expliquem, por favor, eu, um homem poderoso, gostoso só quero sexo, nada mais. Porque que no início da noite todas dizem que também só querem sexo e diversão e no fim da noite estragam tudo pedindo, quase implorando por um número de telefone, querendo algo mais. Algo que não quero e não posso dar?

        Saio do meu quarto já pronto com meu terno Armani feito sob medida. Desço e na sala do café encontro com minha mãe que toma café tranquilamente.

        - Bom dia minha rainha- falo fingindo ânimo.

        - Bom dia meu príncipe, acordou animado hoje para a reunião?- diz ela super empolgada

        -Pois é mãe, não tenho outra escolha, certo? E além de tudo se eu não for o Seu Carlos me deserda- falo dando uma piscadela de cumplicidade a ela.

        - Que isso meu filho, não fale assim do seu pai, ele só quer o melhor pra você. –fala ela em tom chateado.

        -Eu sei mãe, mas o que ele acha que é bom pra mim, muitas vezes eu não concordo.-falo perdendo a paciência.

        -Meu filho, escute sua mãe, foi seu pai que te tirou daquele mundo, que quase tirou tua vida e você ainda acha que ele não tem razão em te cobrar as coisas? Você quase morreu, ou já não lembra o que aconteceu?

        -Mãe, eu lembro cada dia, só eu sei o que passei, mas já disse na estou mais nessa, não é necessária esta pressão toda em cima de mim, isso só me dá vontade de fugir de tudo- falo frustrado-Não quero discutir com a senhora, vou indo- e saio pegando apenas uma maçã, meu apetite foi pelos ares.

        Quando saio e chego à garagem, Julio meu motorista/segurança particular, já está me aguardando. Entro no carro e saímos em direção ao meu martírio diário.

        Nosso caminho é relativamente tranqüilo, mas quando chegamos á avenida principal vemos de longe uma garota trôpega fazendo sinal para pararmos o carro.

        Peço para Julio que pare para podermos ver o que ela quer, pois o modo como se mexe e pede ajuda parece desesperado.

        - Senhor, não é uma boa idéia parar aqui, pode ser uma emboscada, uma armadilha. -diz Julio receoso.

        -Julio, o que uma garota poderia fazer contra nós dois? Pare agora!-falo angustiado.

        Desço do carro muito rápido, a moça está caída no chão, já não abre os olhos, sinto sua pulsação, está muito fraca, ela está perdendo sangue.

        Pego ela em meus braços e a levo em direção ao carro, é quando ela abre levemente os olhos e me olha profundamente. Nos encaramos por um breve momento e sinto um leve arrepio passar por meu corpo que a carrega nos braços, ignoro essa sensação, pensando que é por causa da força que utilizo para segurá-la.

        Vejo desespero e dor nesse olhar e, para tentar acalmá-la começo a falar:

        - Vai ficar tudo bem, respira...

        Instantaneamente ela fecha os olhos e sinto seu peso dobrar, ela desmaia em meus braços.

        Peço que Julio abra a porta do carro e entro com ela em meus braços no banco de trás.

        - Julio, vá para o hospital mais próximo! Rápido!Ela está perdendo muito sangue.

        Olho para aquele rosto desacordado e imediatamente me vem uma vontade louca de fazer carinho nele. Se controle Samuel, você nem sabe quem ela é; de onde veio, se controle, penso mentalmente.

        Chegamos ao hospital e, rapidamente, um enfermeiro se aproxima e pede que eu a coloque na maca.Ela continua desacordada.

        O enfermeiro então a leva para dentro da emergência e me deixa lá parado na recepção aguardando alguma notícia da desconhecida.

        É aí que me lembro que tenho a maldita reunião, meu pai vai me mata

      Peço a Julio que fique no hospital e me mantenha informado sobre o estado da desconhecida, pego as chaves do carro com ele e corro para a empresa.

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