Viva la vida (Felipe)

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O rei estava em prantos. Estava perdido em um emaranhado de pensamentos que o torturavam sadicamente. Sua coroa dotada de todas as mais prósperas dádivas divinas deveria ser o símbolo mais sagrado de sua ínfima geração, mas agora está na lama, jogada na sarjeta como seu rei.

Arthur ponderava o que tinha feito de tão errado.

"Eu costumava dominar o mundo..." Arthur pensou em voz alta. "Oceanos se abriam quando eu ordenava."

E agora dorme sozinho ao relento. Varre as ruas que já foram suas.

O rei costumava rolar todos os dados, sentia o medo nos olhos dos seus inimigos. Em cada manhã de crepúsculo, ouvia enquanto a multidão cantava:

Vida longa ao rei!

Agora quando em meio a multidão, Arthur pode ouvir seus sussurros mórbidos de:

O velho rei está morto...

De modo infortuno, Arthur vive em dois mundos. Um deles, cheio de caminhos rodeados de púrpura e luzes coloridas. E você pode ver dragões e sereias e piratas e semideuses. Ele podia ouvir trompetes o saudando e violinos abraçando as noites mais vermelhas. Podia ver um grande arco-íris de cores no céu e amigos para sorrir e confiar ao seu redor. Amigos que não o rodeiam procurando por uma coroa ou um galardão sagrado. Em um dos extraordinarios mundos na mente de Arthur, ele não estava sozinho.

Mas há um outro mundo em sua mente. Um cinzento e traiçoeiro em que não se pode confiar com tanta facilidade. Era preenchido por uma aura cinzenta de realidade, abaixo das cores mais frias. Um mundo doente, em que em um minuto você segura as chaves dos castelos e no outro as paredes se fecham ao seu redor.

Arthur tinha toda a Távola Redonda na palma das mãos e uma ordem inteira de cavaleiros para coordenar. Homens que seriam seu espelho e sua espada, seus missionários em território inimigo. Tudo que estivesse ao alcance para proteger a coroa.

Mas em algum momento torpe, ele descobriu, que seus castelos se apoiavam sobre pilares de sal e areia. E instivamente descobriu que neste segundo mundo, onde a realidade já o cercou de ouro e poeira, todas as suas escolhas tornam aquele mundo tão seu quanto aquele que só ele pode ver.

"Eu sou um rei." Arthur balbuciou em frente ao espelho amarelado em que ele podia ver o que quisesse ver. "E a coroa não é o que faz de mim um rei. Nem a espada. Ou o exército. Eu sou um rei, porque tenho força e voz para mudar o meu cenário."

"Eu tenho força para lutar pela minha própria vida e pelas pessoas ao meu redor que ainda não podem lutar por si mesmas."

"Eu sou o Rei Arthur, primeiro de meu nome, chefe da mais alta corte, lider da Távola Redonda e senhor de minha nação. Eu tenho força para lutar por mim e pelos outros que me cercam e poder para mudar qualquer cenário em um estalo de dedos." Arthur bradou em meio a multidão de inimigos.

"Não existe um mundo em quem me permita ser silenciado. Nem um em que me curve diante do medo." E Arthur empunhou a excalibur, sua espada sagrada a qual levantou quando ninguém antes conseguiu. "Então acertem-me, cravem-me uma espada e tomem minha coroa. Mesmo se matarem este rei, eu prometo por minha coroa que retornarei dos mortos. Porque eu posso viver em dois mundos, mas não existe um em que eu me permita cair sem levantar e lutar outra vez."

E na linha de frente de seu exercito, Arthur manteve-se firme em frente ao inimigo na mais pura conclusão de que tinha força para lutar por seu reino, por sua voz, por si mesmo e por seus ideais. Podiam tomar sua coroa, mas nunca conseguiriam quebrá-lo.

The Wildest Thoughts Of Arthur's FriendsOnde histórias criam vida. Descubra agora