O começo

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                 Vida de Evangeline

             E lá estou eu em frente de mais um desafio: falar com minha mãe. Ela nunca foi uma pessoa ..... Fácil de se conversar. Ela leva tudo muito a sério e por isso acha que tudo ao seu redor é sem graça e perigoso. Imagina pra mim, que sou filha única. Eu nunca posso sair de casa sem ser acompanhada. Eu tenho que andar com o meu pai até a padaria da esquina da nossa rua, porque senão eu posso ser "sequestrada" ou até mesmo sofrer "coisas piores", segundo ela.
                Acredito que a minha grande e exagerada timidez venha do fato de eu sempre estar presa à ela. Estou sempre embaixo de sua proteção. O único problema é que já tenho 19 anos de idade e a única coisa que eu faço é ir para faculdade e para a casa. Sempre. Repito, SEMPRE. Caso você pergunte para mim como é ir numa festa de faculdade, ir ao shopping, ter um pouco de liberdade, eu direi para você perguntar à alguma outra pessoa porque essas sensações eu nunca tive.
                Muitos me perguntam: "mas você nunca tentou fugir?", "Você já beijou um menino antes?", "Não sente vontade de largar tudo?". Bom, é claro que tenho mas com um pai ausente (pois está sempre trabalhando) e uma mãe policial e extremamente militar eu consigo ter essa linda e famosa "liberdade", não é mesmo? Eu odeio quando me perguntam isso. Eu me sinto muito frágil, muito inocente e como se eu nunca quisesse ter saído de lá. Realmente me irrita. O que muitos não sabem é que, desde de criança, minha mãe me treina com armas e arcos e flechas. Ela me inclusive me inscreveu em uma academia de arco e flecha. Eu me sinto tão perdida e tão vazia. Esse é outro dos meus milhões de motivos para ser introvertida e tímida. A única pessoa que me entende é a minha melhor amiga : Ashley.
                Ashley não é o tipo de garota popular, mas também não é o tipo de garota "perdedora" como eu. Ela tem vários amigos, mas por incrível que pareça, ela é minha amiga. E eu sempre, sempre posso contar com ela. Uma coisa boa disso tudo é que a minha mãe confia nela e ela sempre obedece a minha mãe. Uma vez fiquei muito brava com ela (Ashley) porque eu tinha dito de irmos numa festa, mãe ela foi estritamente obediente à minha mãe.
               Voltando ao "desafio", nosso professor da faculdade (eu faço Literatura) nos convidou para irmos à um museu. Segundo ele, ele nos quer mostrar melhor os contextos históricos para fazer-nos entender melhor a matéria e termos inspirações para nossos poemas. Eu achei a ideia maravilhosa, o que é mais maravilhoso ainda é que Ashley também vai, então eu já tenho "um pontinho" a mais com a minha mãe. Eu cheguei em casa faz umas 2 horas e ela acabou de chegar. O meu coração está na mão e estou repetindo para mim mesma para não perder a paciência com ela.

- Oi mãe - disse chegando na cozinha, aonde ela estava sentada olhando para algumas contas e usando o seu óculos vermelhos

- Oi querida, como foi o dia hoje? - ela não tirava os olhos do papel

- Bem, bem .... E o seu?

- O de sempre ....

- Mãe, eu preciso te contar uma coisa

- Sim?

- O nosso professor, Richard, nos convidou para irmos no museu amanhã, para, sabe? Entendermos melhor a matéria e pra escrever melhor também. Eu posso ir?

Ela tirou os óculos e olhou para mim

- Você tem certeza?

- Sim, eu quero muito, eu acho muito educativo

- A Ashley vai também?

- Sim

- Então tá

- O quê? Sério? Você me deixou ir?

- Sim, você ouviu certo. Eu deixei você ir, alguma coisa mais? Se você não se importa, eu tenho que pagar algumas contas e você está me atrapalhando

- Não, não, estou feliz. Obrigada mãe

- De nada

Eu não conseguia acreditar. Ela tinha me deixado ir. Isso era muito novo para mim, eu estava muito feliz. Não sabia que ela estava tão diferente assim no ponto de me deixar ir. Não podia esperar de ter um pouco da "liberdade" que sempre dizem ....

Uma Viagem no tempo - Amor e PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora