Eu estou de novo em uma aula sobre religião. Sinceramente? Acho desnecessário. Ainda por cima em um internato. Um fim de mundo.
Sra. Spinnet explica o que foi a queda, porque os anjos caíram e blá-blá-blá. Eu pego meu caderno e rabisco a capa.
"entre o certo e o errado. Eu escolho a emoção."
Finalmente a aula acaba. Todos saem, alguns esbarram em mim, mas não reparam que estou lá. Ninguém repara. A muito tempo não reparam.
Eu continuo um pouco na sala abafada. Guardo meu material e vou organizar as carteiras. Coisa que gosto de fazer, elas ficam tão tristonhas desarrumadas. A professora me olha por cima dos óculos de meia lua e se encaminha para a porta, antes de ir me dá um sorriso. O primeiro sorriso que recebo na vida. E percebo que há apenas falsidade naqueles labios pequeninos curvados. Ela sai. Dou um soco em uma mesa proxima mas no mesmo instante volto ela ao mesmo milimetro em que estava antes. Pego minha mochila e saio. Passo com rapidez pelos grupinhos de garotas mimadas que se gabam pelos pais ricos, mauricinhos, punks, skatistas, etc, sem dificuldade alguma. Afinal, sou invisível não? Entro em meu carro e ligo o som, baixo, apenas um som ambiente. O ritmo lento do blues de becky g enche meus ouvidos e começo novamente a rabiscar meu caderno, esperando o tempo passar.
"um grande exemplo de descriminação é o número 666, é apenas um número!"
Ao longe o sinal toca. Saio do carro e vou para a arena de educação física, troco de roupa e me sento a um canto, então, por obrigação, começo a jogar queimada. Arremesso muito forte e acidentalmente acerto Alyssa, a garota popular, bonita e futil da escola.
Ela se vira com fúria nos olhos.
- Sua vadia! Olha o que você fez!
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No Limits: Can't Stop Now
Aktuelle LiteraturSim, você vive num mundo normal, com coisas normais, mortes a todo instante, roubos, crimes. Um mundo excepcionalmente normal. Não para uma psicopata.