CAPÍTULO ÚNICO

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Há três anos eu era conhecido apenas como J. Otis, mas após ter tido um ataque epifanico e ter realizado o maior e o mais relevante feito de minha vida, passei a ser conhecido como: "O Homem Que Vandalizou a Estrela de Donald Trunp na Calçada da Fama" ou simplificando, "O Comunista Sem Capa".
Contudo, no ano de 2019 meu ato simbólico e significativo já havia sido complemente esquecido.
Certo?

Pelo visto não.

Especificamente por volta das duas da tarde de uma quarta tedioso, estava eu na lojinha vagena da qual fui gentilmente empregado, - quando fui notificado indiretamente, através do twiter, que havia sido plagiado nesta madruga.
Bem, a internet de fato é uma ferramenta interessante.
Oh!
Novamente meu nome está em tablóides sensacionalistas, e pensar que eu estava esquecido até ontem.
Mas...
Caramba! Não esperava tanta ousadia e criatividade, amigo Anônimo. Somente uma picareta numa case de guitarra, e ainda por cima entrou em contato com a delegacia?
Que homem fortão você, hein. Um artista, diria eu, caso não estivesse um tanto enciumado.
E não surpreendente, foi detido por vandalismo!
AH!
Oras, minha intenção era pura! Meu objetivo era claro: leiloar o símbolo e doar o dinheiro para as mulheres que tinham acusado o Cenoura de assédio sexual. Aliás, faria novamente. Aposto que o Anônimo tenha tido mil e um motivos para ter feito o que fez!
Qual o problema dessa sociedade? Nós cumprirmos com nosso dever humanitário e cívico, ao apagar o nome dessa facista de um local tão prestigiado quanto a calçada hollywoodiana, que apesar de ser racista e misógina, é...o perfil está mudando, melhor tentar ser mais positivo e menos crítico, talves.
Enfim, foi o melhor para todos!

Oh, destino!

Estaria mandando sinais para mim através dessa marchate porcamente escrita?
O Anônimo foi detido numa delegacia à uma hora daqui...
Qual será sua sentença, caro amigo? Quatro mil dólares por danos e três anos em liberdade condicional, e vinte dias de serviço comunitário foi insignificante diante meu contentamento...será que você se arrependeu?

[...]

Oh ser divino que me sondas, o que diabos estou fazendo exatamente? Oitenta mil em fiança? O que é isso? Inflação? Diabos.
Ao menos agora tenho um nome para associar ao meu amigo vândalo: A. Clay.
Aparentemente é um senhor de mais de quarenta anos, democrata, não por acaso.

Agora estou nervoso!

O que ele pensará de mim, um jovem ex-universitário com metade de sua idade?
Espero que não ache toda essa situação estranha...pois ela é definitivamente estranha!

Talvez seja melhor eu ir embora...

"A. CLAY! O SENHOR ESTÁ LIBERADO!" - a voz do guarda, de aparência amistosa ecoo por todo o salão, declarando a soltura do dito detento.

Não há mais volta.

"O-Olá! Sou eu, J. Otis...nos falamos por telefone, eu..." - ergui-me no intuito de cumprimenta-lo formalmente.

"OTIS!" - e do mesmo modo bruto e viril que desmartelou o asfalto de Hollywood, puxou-me para um abraço apertadissimo. "Meu Deus, você é só um garoto! Que incrível! Sempre soube que poderíamos confiar em sua geração para realizar as melhores escolh-"

"Se-senhor-"

Divagava enquanto puxava-me como um boneco de pano para o exterior da delegacia.

"SR.CLAY, ES-ESPERE!" - soltei-me de brusquidão.

Em resposta olhou-me com tamanha surpresa, e logo suspeitei que não estava acostumado a ser interrompido, ao menos com frequência.
Talves fosse sua estatura imensa e ameaçante? Ou sua aparência musculosa? Provável os dois.

"E seu advogado? E-e sua família?"

"Não faço idéia. Não tenho"

Ao menos em algo era categórico.

"Ah...entendo. Então...acho que é isso..." - sorri-lhe desajeitado.

"Hey, hey! Espare um minuto rapazinho! Não vai me convidar nem mesmo à um almoço? Sobrevivi só a base de bolacha mofada e água..."

Foi inevitável rolar os olhos.

"Foram somente 48 horas, mas...vamos... a minha casa, não tenho condições de gastar um tostão em restaurantes nesse momento..."

Eu pôs-se a caminhar mais ligeiramente ao meu lado. Ou algo próximo a isso, dado seus dois metros de altura.

"Você é enorme!" - escapuliu inocentemente de meus lábios, mas, nada do que ele talvez já não tivesse ouvido ao longo de sua vida. Certo?

E ele riu, não uma risada da qual meus ouvidos sensíveis estão acostumados, e sim um riso estrondoso e estranhamente acolhedor.

"Ainda não viu nada, menino" - sorriu tão abertamente e de forma tão maliciosa que até mesmo o Cenoura teria inveja do meu tom de pele, agora, naturalmente malagueta. "Logo percebi que temos muiiiiiita coisa em comum~"

OH SER DIVINO QUE ME SONDAS, QUE PEÇA PREGASTE EM MIM? NÃO SOMENTE ARRANJASTE PARA MIM UM AMANTE QUENTE, COMO UM PARCEIRO ATIVISTA DOS CRIMES DO BEM?
AMÉM!

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CALÇADA DA FAMA: UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO QUE PODERIA SER REALIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora