Prologo

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Uma chuva cerrada caia sobre as falésias e praias de Salia quando eles chegaram, vindos do Oceano Distante junto à neblina.

Os grandes navios, que ostentavam grandes feras e Horrores em suas proas, pareciam deslizar sobre as águas revoltas, tal como fantasmas. Como sombras, os navios de guerra deslizaram sobre o cascalho e a areia da praia. O som da areia e das pedras raspando a madeira escurecida ecoou por toda a costa, a muito desabitada.

Os grandes, e íngremes, penhascos escarpados eram seu primeiro obstáculo. Mas como todos os outros, eles seriam superados. No silencio lúgubre, preenchido apenas pela chuva e trovões, os senhores da escuridão chegaram à grande ilha. Ondas geladas refletiam os relâmpagos, e o ribombar dos trovões reverberava pela terra.

O rampa de madeira raspou contra o convés dos navios quando foram baixadas para os cavaleiros. Grandes homens de armadura, malha e placas, negras como azeviche. Seus cavalos eram fortes e pareciam reluzir na chuva. Seus cascos revolveram a areia quando galoparam à frente, subiram por um morro enlameado, a esquerda, que levava ao topo do desfiladeiro. E aguardaram.

 Logo em seguida vieram os guerreiros, homens altos de ombros largos, cabelos claros e pele cinza-escuro.  Vestiam malha e couro, portavam lanças, que usavam para incitar os pequeninos e barbudos homens, que acorrentados, desciam dos navios aos tropeções. Mais e mais navios atracavam nas praias da Salia, mais e mais cavaleiros, guerreiros e escravos desciam, e junto deles desciam criaturas das mais diversas, horrendas e perversas. As quais nunca se havia visto naquela terra.

Gritos de jubilo e exclamações de prazer pela chegada, para eles aquela era uma nova terra, uma nova terra para se dominar. Nos mastros trapejavam seus estandartes, o primeiro um longo pano preto com uma grande serpente branca que parecia devorar uma estrela branca e o segundo preso ao mastro da nau capitânia, três olhos vermelho em um circulo no fundo negro.

Depois de uma algazarra momentânea os homens, e criaturas, se aquietaram. Todos os olhos estavam fixos no grande navio.

Passos pesados, metálicos, foram ouvidos. Eles aguardaram no que parecia uma eternidade sob os ventos frios e a chuva acoitante, mas não demorou.

Diante de todos, na proa do navio, estava um cavaleiro de armadura, preta e dourada, escamada, carregando uma espada longa à mão. Ele tinha a altura de dois homens, e a única coisa visível por debaixo da armadura eram seus olhos, azuis, gélidos e cheios de poder, eles emanavam uma aura invisível, tais quais os olhos de um dragão. Diante daqueles olhos ate o mais corajoso dos seres Antigos tremeriam.

Esses mesmos olhos varreram seu grande exercito. 

Eles poderiam ser muitos, mas nem se comparavam com seu poder total, mas eles seria o suficiente para cumprir seus propósitos; Sluaghs, anões, as terríveis bestas, feiticeiros, e seus senhores da escuridão. Eles eram mais do que o suficiente para dominar os povos bárbaros dessa terra conspurcada pela magia pagã e seus falsos deuses.

Um trovão ribombou mais alto que os outros. E um raio acertou o mar, dançando terrivelmente perto do grande navio. E ele falou sua voz fria e metálica que silenciou as tormentas, como se todo o mal do mundo surgisse de seu corpo em sua voz.

- HOJE! HOJE NÓS CHEGAMOS NESSA TERRA PECAMINOSA! PARA TRAZER A PURIFICAÇÃO! NÃO TEMAM, POIS O GRANDE SENHOR DAS TREVAS OS RECOMPENSARA COM RIQUEZAS, PODER E GLORIA NOS EXECITOS IMORTAIS!

- NÓS SERVIMOS! – todos os seus servos berraram estas palavras, ate mesmo as bestas e feras rugiram em acordo. O ódio, a ganancia, o medo e reverencia estavam carregados nessas palavras.

Qual quer homem que houvesse presenciado tal discurso teria sentido o mal que tais palavras carregavam, mas todos os bons homens dormiam. Como um relâmpago este exercito chegou a Thartélion, e como uma tempestade ele devastou. A morte havia chegado.

- AVANTE!

Erguendo suas lanças e flamulas, os cavaleiros avançaram encosta acima e terra adentro, logo atrás vinham os renegados, as bestas, e a bruma que servia ao arauto.

Thartélion seria sua!

Pois ele era a morte. Ele era a conquista.

Senhores das Sombras - A aguerra da Luz - livro 1Where stories live. Discover now