Introdução

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Como seria se soubéssemos o dia do nosso fim? Todas as coisas não aproveitadas, o abraço quente, nosso último beijo... os sonhos que deixamos de sonhar, as aventuras não vividas. A companhia maravilhosa daquela mulher dos olhos de rubi, o doce veneno do seu toque ou o perfume dela -puro pecado invadindo meus pulmões todas as vezes que ela passava. Vivemos a vida inteira mas não percebemos; somos uma fagulha no tempo, e só acordamos no fim. Será que se soubéssemos antes iriamos viver os melhores momentos do mundo?

Acordei com os olhos turvos, ainda podia sentir a faca rasgando meu pescoço, meu corpo estava sentindo frio e a dor estava tão aguda que adormeceu meu ser, minhas mãos apertavam  com as unhas o colchão a ponto de rasgar e perfurar, e eu me contorcia de dor.  A dor se tornou dormência mas nas palmas da minhas mãos eu sentia um suor frio escorrendo, já não cravava mais as unhas no colchão, meu corpo estava rígido, as veias saltadas e os olhos esbugalhados. 

Uma imagem de mulher na minha frente surgiu, não conseguia ver seu rosto muito bem, tentei falar alguma palavra mas nada saia, eu estava confuso, não entendia nada ao meu redor muito bem, meus pensamentos estavam fora de mim mas no fundo eu percebia que estava morrendo. Quando despertei de forma desesperada tentei respirar uma última vez. Sentir o ar nos meus pulmões, a sensação era de está congelado tudo por dentro. Naquela cama eu dei meu último suspiro, uma luz apareceu sobre o meu corpo e eu senti os últimos fios de vida se dissipando do meu corpo. Morri. 

Em algum momento um zumbido alto, luzes, vozes estranhas, e  comecei a tornar,  não sabia muito bem onde eu estava, mas minha consciência estava lúcida e realmente percebi: não estava entre os vivos. Quando os barulhos pararam, escutei um som de água serena, e senti pela primeira vez depois do ocorrido meu corpo.

 Então consegui reparar onde eu estava, vou tentar descrever da melhor forma possível: ao abrir meus olhos estava vendo um teto pedregoso, como de uma caverna. Era enorme, muito grande mesmo. Eu estava dentro de um lago encima de algo semelhante a um barco, não sentia brisa alguma tocando minha pele, ao mesmo tempo me sentia inerte, sem sensações profundas, a não ser as dúvidas pairando sobre meus pensamentos. De repente a água começou a agitar a ponto de me jogar para fora de onde eu estava e eu cair na água. Ao cair várias mãos me agarraram, pelo pescoço, pés, e rapidamente de forma violenta me afundaram nas águas escuras daquele lugar, tudo se tornou negro, e uma voz sussurrou no meu ouvido:

 -Você sabe quem te matou? 

Fiquei paralisado e então ele continuou:

-Você vai saber!

A criatura me moveu e o cenário todo mudou. Parecia com aqueles hospitais antigos cheio de corredores e iluminação ruim. Ela me colocou em uma sala escura onde existia uma tv antiga, e começou a exibir imagens das mulheres que eu tinha conhecido em vida. E falou:

-Assista um pouco da sua miserável vida! Começaremos com Ana.


Doce MulheresWhere stories live. Discover now