As noites quentes de verão, apesar de demasiadamente úmidas, sempre me foram especialmente bonitas.
Eu tinha o costume de vagar pelo bosque que contornava os limites da pequena vila em que vivia para contemplar as belezas discretas que surgiam da noite, e que poucas pessoas eram capazes de apreciar.
Sentava-me às margens do lago, me permitindo distrair pelo silêncio que nascia dos barulhos mansos e monótonos que compunham aquele fundo musical que, à minha mente, era exatamente a música das noites quentes de verão.
Gostava de admirar as centenas de pontos reluzentes que pairavam sobre a superfície espelhada do lago, como pequenos corpos celestes que se desprenderam dos céus e resolveram pousar tão próximos aos nossos olhos.
Ou poderiam simplesmente os corpos celestes, que se agrupavam em enormes constelações acima de nós, serem, na verdade, o reflexo das centenas de vaga-lumes que planavam sobre a superfície da água, como se o manto escuro da noite fosse um espelho infinito.
Assustei-me quando um pequeno corpo celeste que caíra dos céus, ou um pequeno pirilampo que era refletido pelo espelho infinito, foi alcançado por uma coisa esponjosa, e desapareceu, deixando apenas um vazio em seu lugar.
Virei-me depressa e vi os olhos brilhantes do anfíbio, que pareciam verdadeiramente refletir aquela constelação que encobria o lago, admirando-a como um belo espetáculo da natureza, ou como uma preciosa refeição.
Tentei imaginar qual seria a sensação de um peixe, que admirava o universo de dentro do seu pequeno mundo subaquático, ao de repente ver desaparecer uma de suas preciosas estrelas. Menos uma estrela no céu, ele pensaria, o que me fez pensar no quanto, na verdade, poderia ser pequeno o nosso universo.
Todos os pontos reluzentes que brilham sobre a superfície negra da noite poderiam nada mais ser que pequenos pirilampos em um universo muito maior. E poderíamos nós todos sermos nada mais que pequenos espectadores, limitados à nossa módica perspectiva de universo.
Naquela noite quente de verão, singularmente, não consegui pegar no sono.