Prólogo

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O ponteiro do relógio marcava as duas da manhã quando Ariana cruzou a porta de seu quarto

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O ponteiro do relógio marcava as duas da manhã quando Ariana cruzou a porta de seu quarto. Seu cabelo e roupas molhadas indicavam que a garota havia caminhado embaixo da chuva, mas a maquiagem dela não estava borrada por conta da água, ao menos não apenas por esse motivo.

O corte em sua testa estava ardendo mais do que o aceitável. Com todo o cuidado do mundo, Ariana retirou o pedaço de vidro responsável pelo machucado. Agora água, lágrimas, suor e sangue escorriam pelo seu rosto.

Despiu-se de suas roupas e caminhou em direção ao seu banheiro, passando as mãos sobre seus mais recentes hematomas e amaldiçoando o garoto responsável por eles. Se Andrew não tivesse traído Ariana na frente dela, provavelmente ela não teria capotado seu carro por dirigir extremamente irritada. Ariana também não teria agora uma cicatriz na testa, nem teria rasgado um de seus mais caros vestidos, arranhado seus sapatos ou caminhado 13 quilômetros até sua residência — ela estava se sentindo humilhada demais para um taxista a ver daquela forma. Tudo é culpa de seu ex. É assim que o efeito borboleta funciona.

— Vadia desgraçada — disse ela para a imagem que ela via no espelho.

Mesmo que Ariana estivesse odiando muito Andrew no momento, ela odiava ainda mais a si mesma. Mesmo com incontáveis pessoas a sua volta, ela se sentia extremamente só. Seus amigos, por mais presentes e leais que fossem, não sabiam como curar as feridas causadas pela ausência de seus pais. Edward e Joan apareciam em Denver apenas duas vezes por ano, no feriado de 4 de julho e no Natal. Ela se culpava pela distância entre eles. Eles nunca terão orgulho de uma garota como você, era tudo o que ela pensava. Se eles realmente te amassem eles se esforçariam mais para estar com você.

Puxou um lenço demaquilante da caixa ao lado de sua torneira e começou a remover o que restava de sua maquiagem. O seu onipresente delineado havia virado apenas um borrão preto em seu rosto. Ela já não conseguia distinguir se o vermelho vivo que estava no lenço era seu batom ou seu sangue, mas naquela altura isso já nem importava mais.

Quando a água quente de seu chuveiro tocou a sua pele, Ari se permitiu chorar como nunca havia feito antes. Ela estava caminhando para mais um colapso mental. A traição de Taggart foi o empurrão necessário para que isso acontecesse. A garota fechou seus olhos e começou a rezar — algo que ela nunca fazia —, implorando para qualquer divindade que pudesse existir a livrasse de toda a dor que ela estava sentindo.

Suas mãos tremiam, sua respiração estava falha e sua visão estava escurecendo. Apenas continue respirando, era o que sua mente dizia, mas seus pulmões já não estavam dando conta de puxar ar o suficiente para manter a garota bem. Isso tudo é algo da sua cabeça, pensou ela no momento que suas unhas fizeram o primeiro corte em seu ombro. Depois do primeiro veio o segundo, e o terceiro, o quarto... Dor física para curar a dor da alma, esse era o seu grande lema.

Ariana então terminou seu banho, como se nada tivesse acontecido antes, como se o sangue derramado por ela tivesse purificado seu corpo. Ela estava sofrendo demais com os cortes em sua pele para lembrar de Andrew ou para pensar em como explicaria para a polícia o motivo de seu carro estar agora em estado de sucata em alguma curva escura da rodovia.

Com uma toalha enrolada em seu corpo, ela passou uma pomada cicatrizante em seus ombros e em sua testa, certificando-se de não olhar seu reflexo no espelho. Já estava sentindo nojo demais dela mesma para tal ato. Vestiu o moletom mais largo que havia em seu closet — um que ela havia roubado do armário de Christian — e caminhou em direção à sua cama.

Seu celular já não funcionava mais, a água da chuva provavelmente havia provocado um curto circuito no aparelho. Ela agradeceu mentalmente por isso, assim ela não teria que responder tão cedo as preocupadas mensagens de Liz ou de Christian, ou ver as notícias de um acidente na rodovia, ou pior... As três mensagens que Andrew havia mandado segundos antes de Ariana perder o controle de seu carro e fazê-lo capotar pelo menos quatro vezes na pista. "Me perdoa", "ela não significou nada" e então aquela que ela jamais esqueceria "quer saber, que se dane, você merece sofrer, sua vadia".

Uma única lágrima escorreu por seu rosto, junto com uma promessa que a garota estava fazendo para si mesma: aquela era a última lágrima que ela derramaria por Andrew. 


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Scared To Be Lonely | Ariana Grande + Martin GarrixOnde histórias criam vida. Descubra agora