Estamos, pois, na era do transcendêncialismo digital. Nossa vivência é pautada pela mescla da realidade concreta e da realidade virtual. Contudo, meus caros, daqui a alguns tempos, essa distinção deixará de existir. Nossos hábitos transformarão. Nossas identidades serão transitórias e mercalizadas, não teremos mais apenas um eu fixo e unificado, mas várias personalizações. A religião será extinta, pois os homens não mais precisaram do céu como nova realidade de perfeição. Nós mesmos criamos uma realidade onde a eternidade já é comum, onde não mais existe limites. Nós agora, dominamos a vida. Podemos decidir como nossos filhos serão em aparência e intelectualmente por simples comandos algoritmos. Nós quebramos as barreiras da Seleção Natural, pois agora todos são aptos de superar as fraquezas do gênero humano. Aliás, saúdem pois, nós os Super Homens! Saúdem, o novo céu e a nova Terra! Saúdem a nova existência, o novo amanhã, o novo eterno!
Agora, senhores, não existe morte. A essência da vida agora não é o cessar do existir como dizia Heidegger. O Super Homem agora não se subjuga as necessidades de um ser humano comum, isto é, processos de manutenção corporal. Agora somos integrados a nossa própria criação, os algoritmos. Somos máquinas imortais. Nosso saber agora se encontra no auge eterno. Somos capazes de decifrar todas as leis da natureza. O universo agora é nosso próximo passo de dominação, pois a Terra já é de nosso porte e agora nós voltamos nossos olhos para o além. Estamos agora em colonização pelo vasto infinito.
Mas meu caros podem estar se perguntando, quais as bases éticas e morais de tal tempo? Primeiro, devo dizer que o tempo é uma dimensão superada. Nossa condição de eternos, nos faz transcender as dimensões invisíveis do tempo. Quanto as bases estabelecidas, há apenas uma: liberdade. Somos livres, verdadeiramente, meus amigos. Não possuímos inibidores éticos para nós impedir de conquistar ou fazer algo. A religião não mais nos engana com falsas restrições para um reino vindouro. Esse reino já foi posto de lado, e um novo reino foi criado, reino tal que o bem supremo se encontra na plena liberdade do ser. Estamos além do bem e do mal. Todas as dicotomias foram retiradas.
Com todas essas mudanças, a pergunta feita recorrentemente é, deixamos então de sermos humanos? Pois é claro! Nós deixamos a loucura e a fraqueza do gênero humano para trás, somos agora Homo Deuses! Somos os Senhores do Tempo e da Vida! Somos a própria Divindade! Não há nada que possa superar nossa hegemonia agora! Avante, pois, Super Homem, avante em frente ao infinito, avante para a conquista do insondável e incompreensível! Avante em direção do sentido de ser livre!
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A Tragédia Humana
General FictionAlgumas prescrições sobre a possibilidade do mundo que nos aguarda. Uma distopia da tragédia humana frente a impossibilidade de sua auto sustentação. Uma história de marionetes lutando contra a força inevitável do destino. Enfim, uma linda peça cômi...