PRÓLOGO

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Para Anne, que criou esse mundo junto a mim. Somos as rainhas dessas nações.

Eles não desistiram, queriam sua cabeça. Então atiraram nele até estivesse morto. Rasputin, Boney M.

Um beijo caloroso e amistoso na testa em meio a multidão. Foi apenas um gesto genuíno de carinho que Philip não estava acostumado a dar na própria esposa Taeyeon, mas que em momentos como aqueles — longe das discussões, da luxúria e da violência — que o rei se sentia na necessidade em entregar para a rainha o que lhe restava: o amor. Não era o tal amor que tinha sido obrigado a sentir pela garota que conhecera há vinte anos, mas o amor de uma amiga que conhecera há vinte anos.

Mas ao deparar com os olhos azuis de Taeyeon — tão tempestuoso e semelhante ao mar violento da costa de Kaeya —, ele se sentiu amargurado ao ver que brilhavam em sua direção. O brilho do amor que não era correspondido. E era deprimente ter que deparar com aqueles olhos todos os dias.

O sorriso, que nem sabia que tinha nos lábios, se desmanchou. Seus olhos, que nem sabia que encaravam Taeyeon, desviaram o olhar para a porta de saída do salão. As mãos, que nem lembrava que apertavam a cintura de Taeyeon, se distanciaram do corpo da esposa e olhou para a multidão que aplaudia para os dois.

— Eu te amo. — Ela sussurrou e Philip olhou para ela no mesmo instante.

— Eu também te amo. — Apesar de tudo, aquilo era verdade. Aquelas palavras que poderiam ser usadas para bem e para o mal.

As mãos geladas e inflexíveis de Taeyeon tocaram a barba de Philip que estava crescendo. O olhar do rei baixou para o colar de formato de rosa que a rainha usava. A pálpebra de seus olhos estavam cintilantes como a neve no amanhecer. Seus olhos não se pareciam com o da pessoa que Philip amava verdadeiramente, mas a culpa o fazia lembrar raramente.

Thomas e Taeyeon não tinham semelhança alguma além da inicial do nome. Mas Philip ainda tinha mania de compará-los secretamente.

— Sabe o que eu percebi? — Taeyeon disse quando percebeu o olhar fixo do marido em seu colar de rosa. — Nunca mais recebi uma rosa sua. — Uma mão tocava no rosto de Philip e outra no colar. Ela brincava com o pingente, parecendo afastar o nervosismo em comentar o fato.

Philip tirou a mão do rosto dele levou para baixo, entrelaçando a mão enluvada dele com a mão gelada da esposa. Eles andaram lentamente em direção ao trono que tinha no canto superior do salão, enquanto a multidão ia para o centro, dançando e bebendo. Todos estavam alheios a conversa do casal, mas Philip ainda se sentia observado.

— Você fez do jardim de ervas daninhas do seu pai um jardim de rosas brancas. — Ele pontuou e Taeyeon sorriu. — Existe algum sentido em dar para você uma rosa branca enquanto tem um jardim cheio delas?

— Por puro romance e lembrança da nossa juventude. Há vinte anos você vinha todas as tardes com uma rosa branca em suas mãos, no objetivo de conquistar uma princesa.

— Rosa branca significa amor puro. — Respondeu e os dois se sentaram no trono, sem desviar o olhar um do outro. — Éramos jovens e eu estava apaixonado pela bela princesa que nunca tinha visto o mundo por trás dos muros de seu enorme castelo.

Nunca esteve apaixonado. Encantado, talvez fosse a palavra certa para definir o que sentiu todo aquele tempo pela atual rainha. E como não poderia se encantar por Taeyeon? Seus cabelos tão loiros que pareciam brancos quando tocados pelo o sol. Seus olhos azuis como safiras que ela adorava usar nos anéis em seus dedos e como pingentes em seus brincos. Seu sorriso doce que contagia a alma dos mais infelizes. Seu corpo bem delicado e cheio de curvas, parecendo ser feito por algum escultor que sonha com a mulher perfeita.

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