Capítulo Único

13.3K 1.2K 2.4K
                                    

20:03 de um sábado qualquer.

Taehyung chegava em seu trabalho. Usando uma camiseta branca – padrão para os funcionários – e um jeans surrado, adentrou o estabelecimento que, mesmo com todas as luzes acesas, ainda continuava meio escuro.

Era barman em uma casa noturna irreverente e badalada de Seul. Drink'n'ink. Um lugar bonito, rústico e amplo. Uma das laterais da casa era toda feita de tijolos vermelho alaranjados. No centro, um palco que dava espaço para bandas de rock apresentarem seu som próprio mesclado com covers de músicas conhecidas tanto no oriente quanto no ocidente.

O diferencial da casa era uma cúpula de vidro bem atrás do palco, onde tatuagens eram feitas durante a noite. O sistema da casa era simples: clientes com hora marcada no estúdio de tatuagens não pagavam para entrar e ainda ganhavam duas long necks. Por isso o nome. Um local onde as pessoas podiam curtir um bom rock, beber até cair e ainda se tatuar.

Taehyung era especialista em drinks exóticos e por dois anos consecutivos havia ganhado o prêmio de criatividade com bebidas. Por isso a casa detinha no cardápio um drink especial, chamado "Sob medida", feito pelo barman premiado. O drink era feito especialmente para cada cliente após ele responder algumas perguntas. Era um sucesso de vendas.

Experiente, também sabia elaborar drinks moleculares, ou bebidas de comer. Sua especialidade mais vendida era o caviar de Jack Daniel's e o espaguete de caipirinha, um drink típico brasileiro em uma versão para comer com hashis. Também domava a arte da pirotecnia, um show incrível de bebidas com fogo.

Mas, apesar de todas as suas habilidades, o barman que ostentava lindos 25 anos chamava mais atenção pela beleza. Dono de um rosto perfeitamente simétrico, um sorriso exótico e uma cor de pele que diferia do branco pálido padrão, Taehyung era assediado todas as noites por todos os clientes, músicos e funcionários.

Quer dizer, quase todos.

Jungkook, o tatuador, aos 23 anos, era o único que não lhe dava bola, e era por quem Taehyung arrastava não só um caminhão, mas sim uma frota inteira. Fechado, calado, tímido, introvertido. Eram muitas as palavras que poderia usar para descrever a falta de sociabilidade do mais novo.

O tatuador jovem também era premiado. Já havia ganhado um prêmio em Los Angeles como tatuador revelação. Com um ar gótico, mantinha sempre as madeixas escuras – ao contrário de Taehyung, que trocava mais de cor de cabelo do que de sapatos, o típico Adidas branco não saía de seus pés – e as vestimentas monocromáticas.

Os braços do mais novo eram preenchidos por completo, com diversas artes diferentes, na sua maioria em preto e sombreado. Era seu oposto. Mas um oposto gostoso para um caralho. Taehyung só imaginava como o abdômen dele devia ser trincado – ao contrário da sua barriga molenga, fruto de uma vida sem regras dietéticas.

Mas mesmo com as frases monossilábicas de Jungkook, Taehyung tentava puxar assunto, chamar a atenção. Era atirado mesmo e não escondia de ninguém suas intenções. Não tinha certeza sobre a sexualidade do mais novo. Ele era discreto demais. Mas como nunca havia sido cortado de maneira veemente, acreditava que ele devia gostar da fruta que era seu corpo.

Era descarado e faria tudo para se aproximar do garoto de cabelo escuro jogado para o lado, deixando parte da testa à mostra. Inclusive, havia decidido que faria uma tatuagem – mesmo não sendo tão fã das artes corporais – só para ter um pretexto para prendê-lo consigo naquele sábado – já que era seu dia de fechar o bar.

Não tinha nenhuma ideia do que tatuaria. Só sabia que teria que ter a ver com bebidas, já que era sua profissão. E tinha que ser pequena. E tinha que ser em um local escondido. Ah, e tinha que ser em um local que doesse menos.

Drink'n'InkOnde histórias criam vida. Descubra agora