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"Ninguém entendia porque Yoongi e Hoseok juntavam seus pés e entrelaçavam-nos de um jeito apaixonado como se estivessem de mãos dadas. E talvez eles fossem apaixonados pelo seu próprio jeito inusitado."

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Poderia parecer estranho, mas acho que isso é o que torna ambos tão únicos aos olhares dos outros. Sentir as plantas dos pés juntas, coladas em pura afeição e carinho, enquanto os dedos pequenos e tão insignificantemente importantes se comprimem com os alheios e entrelaçam-se como lhes é permitido. Os pés descalços permitiam o contato direto entre a pele quente e tocada pelo sol de Hoseok e a tez fria desprovida de melanina de Yoongi. O calor partilhado era-lhes confortável e aquecia os corações, embrulhados em cobertas de amor e ternura envolvidos de paixão e empatia. As borboletas na boca do estômago fazem-se presentes ao tentarem escapar pela boca de Yoongi, tão tolo e inebriado pelo carinho alheio quanto um adolescente a cair nas boas graças da temporada de Primavera do amor pela primeira vez. O mesmo sucedeu com o mais alto de cabelos morenos, que não reprimia o sorriso largo num formato amoroso de coração com a sensação arrepiante dos pelinhos da nuca erguendo-se numa corrente elétrica deleitosa de sentir.

Parecia a primeira vez que o faziam. Todas as vezes o pareciam. Estar irreversivelmente apaixonado é inexplicável e descrito como uma das melhores sensações sentidas. É difícil colocar em palavras racionais e predefinidas algo tão singular e irracional como o simples facto de amar. Só quem cria é que sabe a essência. Então quem criou o amor?

Quem criou os "pés-dados" de Yoongi e Hoseok?

Quem criou o amor que ambos tinham pelos pequenos momentos em que se amavam juntos?

E talvez fosse isso que explicasse este casal. Ninguém entenderia, não era preciso entenderem. Na verdade, sequer eles mesmos entendiam. Porém, o ato de demonstrar amor é tão ou mais singular que o mesmo. Assim como os casais demonstram o seu afeto através de beijos, ternos afagos nos cabelos, quentes mãos de dedos entrelaçados, soquinhos e palavras menos bonitas, Hoseok e Yoongi demonstravam o seu amor ao juntar ou tocar no pé alheio e sentirem o quentinho da junção das peles sensíveis, mesmo escondidas por debaixo de meias e sapatos.

Tão singelos, inusitados. Talvez seja isso que Yoongi tanto ama na sua relação com Hoseok. Assim como isso é o que Hoseok ama na relação de ambos.

Amavam quando acordavam numa manhã gélida e os pés nus tocavam-se, as pernas entrelaçavam-se e os corpos se uniam com dengo, pura preguiça e amor. Sentir o calor da pele quente de Hoseok aquecia o corpo alheio mais empalidecido assim como o seu coraçãozinho acelerado dentro do peitoral magro. Hoseok amava quando o mais velho esfregava e aninhava seus pés nos seus em busca de calor, com a mesma manha de todas as manhãs sempre acompanhada de um mau humor que Hoseok não poderia amar mais. Yoongi amava quando os pés maiores envolviam os seus e os aqueciam por debaixo das inúmeras cobertas que nunca pareciam suficientes para aquecer o corpo menor e pálido. Sentir os pés, tocando-se e acarinhando-se, trazia do fundo dos corações apressados sorrisos sinceros e apaixonados que perduravam até um dos homens ter a iniciativa de sair da cama e começar o dia.

Iniciativa que nunca viria de Min Yoongi sem que terceiros interesses estivessem envolvidos. Hoseok amava isso.

Amavam as tardes de domingo desperdiçadas sentados num banco de jardim no parque, que ficava a duas quadras de distância da casa modesta adquirida por ambos. A cabeça de Yoongi sempre encontrava o seu lugar reservado no ombro forte e largo de Hoseok e a mão, anormalmente maior que a de Jung, repousava sobre a coxa alheia e nada mais fazia além de descansar ali como uma borboleta sobre uma flor. Os olhares perdidos aventuravam-se pelos lugares do parque, ora pelas linhas em relevo que revestiam a casca de árvore das grandes plantas, ora no céu azulado e brilhante repleto de nuvens esbranquiçadas, que estimulavam a imaginação de ambos, e davam início às horas infindáveis que passavam a conversar.

Our Feet ; YoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora