Tédio (Saitama x Tatsumaki)

Capítulo 1: Pirralha

"Jogador 1 venceu".

Saitama encarava a tela da televisão, sem dar importância para aquilo. Já era a décima vez que perdia para King, e ainda assim, não estava com raiva ou alterado de alguma forma. O que estava acontecendo?

-- Estou realmente impressionado, Saitama.-- King falou, sem tirar os olhos da tela.-- Normalmente, você estaria xingando e quebraria o controle. É ótimo que sua paciência esteja aumentando. Saber perder é muito importante.-- afirmou.

-- Eu não acho que seja isso, King.-- o mais novo respondeu.-- Lembra do que eu te contei, sobre estar entediado e tal?

-- Sim, me lembro.-- falou já na tela de seleção de personagem.-- Vai trocar?

-- Então, eu acho que este tédio está acabando com minhas emoções.-- teorizou, suspirando.-- Trocar? Ah, não. Vai esse personagem mesmo.

-- Mas você perdeu com ele nas últimas cinco vezes.-- o mais velho advertiu.

-- Não me importo, vou com ele.-- Saitama deu de ombros e o escolheu novamente.-- Sabe que horas são?

-- Claro, espere um segundo.-- o loiro disse e puxou sua manga, encarou seu relógio de pulso e então respondeu.-- São onze e quarenta. Algum motivo especial para querer saber o horário?-- indagou o loiro.

-- Sim, Fubuki disse que apareceria na minha casa hoje. Eu tenho que chegar lá em vinte minutos.-- o mais novo respondeu, largando o controle e se levantando.-- Até mais, King.

-- Até, Saitama.

Saitama saiu do apartamento, pulando pela janela mesmo. Ao cair no chão, causou algumas rachaduras no mesmo, mas não se importava com isso.

Correu rapidamente para chegar à tempo. Sabia que conseguiria chegar, ou pelo menos esperava conseguir. Fubuki poderia ser um pé no saco, mas chegar atrasado é meio mal educado. E além disso, já estava ficando cansado de jogar com King.
Os jogos foram legais por um tempo, pelo menos até a associação de monstros ser destruída. Depois disso, até mesmo eles ficaram sem graça.

Saitama realmente achava que Garou, o caçador de heróis, fosse lhe proporcionar algum tipo de desafio. Porém, como sempre, foi apenas uma grande decepção. Até mesmo Orochi, o rei dos monstros, não deu nem pro cheiro.

O jovem havia se tornado forte demais. Ele alcançou seu sonho....então....por que se sentia tão vazio? Ele não deveria estar realizado? Feliz? Contente? Alegre? Bom, pelo menos era assim que as pessoas se sentiram, após alcançarem seus objetivos.
Seria o objetivo de Saitama, tão grandioso, que chegava à ser sem graça?

Não sabia, só tinha certeza de algo: tamanha força, deixou-o desanimado com a vida.

Enquanto divagava em pensamentos, nem percebera que já tinha chego em casa. Chegou rápido, cerca de uns cinco minutos de corrida. Bateu na porta e logo foi atendido por Genos.

-- Seja bem vindo de volta, mestre Saitama.-- Genos saudou, abrindo espaço para o outro passar.-- Como foi com King?

-- Olá, Genos. Com King? Ahmm, foi legal eu acho. Jogamos um jogo de luta diferente.-- Saitama respondeu, entrando em casa, desinteressado.

-- Posso ver que está blefando.-- o ciborgue afirmou.-- Continua sem emoções, mestre Saitama?

-- Acho que sim.-- Saitama respondeu, deitado no tapete da sala, encarando a televisão.-- Que cheiro bom.....o que está preparando pro almoço?

-- Ah, o senhor percebeu.-- Genos falou.-- É lamem. Eu tenho que dar uns toques ainda, já volto.-- afirmou e foi pra cozinha.

Saitama suspirou, estava meio cansado, antes mesmo de Fubuki chegar em sua casa. Por que raios ela iria lá mesmo? Ela já havia desistido de tentar colocá-lo no grupo, então.....o que queria? Bem, só descobriria quando a mulher chegasse.

E falando em Fubuki, ela batia na porta, chamando pelo dono da casa. Saitama se levantou e foi até a porta, logo a abrindo. Fubuki estava lá, parada com um sorriso travesso? O que estava aprontando?

-- Bom dia, Fubuki.-- o careca saudou, o olhar meio desconfiado, mas sem se importar muito.

-- Bom dia, Saitama!-- Fubuki parecia estranhamente animada, diferente do seu estado irritado habitual.-- Eu trouxe uma....convidada especial.-- a mulher disse, sorrindo.

-- Convidada especial?-- Saitama indagou. Não estava vendo ninguém com a irmã tornado.

-- Sim....Irmã! Por favor, apareça.-- Fubuki pediu, e então, o som de alguém bufando se fez presente.

-- Que saco!-- uma voz feminina exclamou, descendo dos céus.-- Eu já falei que não queria vir aqui!-- a garota falou, fuzilando Fubuki com o olhar.

Esta garota era Tatsumaki. A heroína classe S rank 2. Estava usando sua roupa de sempre. Todo seu visual estava o habitual, como sempre. Tatsumaki estava sempre alerta para caso tivesse que matar algum monstro. Afinal, a associação praticamente abusava de sí, enviando-a para todos os monstros que os outros não conseguiam eliminar.

-- Irmã! Por favor, tenha modos.-- repreendeu a mais velha.-- Desculpe minha irmã, ela é meio temperamental.

-- Temperamental uma ova! Eu só não queria vir aqu-- Tatsumaki se deteve assim que viu quem havia aberto a porta. Seus olhos se arregalaram, e sua vontade de sair voando dali, aumentou em cerca de dez vezes.-- CARECA!? O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI!?

-- Essa é minha casa....-- Saitama respondeu, seu tom não era dos melhores.

-- O QUE!? FUBUKI!!-- gritou, agarrando a irmã pelo colarinho. Então, começou à chacoalhar ela para lá e para cá.-- QUE QUE TU TEM NA CABEÇA PRA ME TRAZER AQUI, NA CASA DE UM FRACASSADO DA CLASSE B!?

-- V-veja bem, irmã. Saitama é extremamente forte.....acho que vocês se dariam bem....-- Fubuki se explicou. Seu tom saia meio diferente? Saitama não percebeu o que aquilo queria dizer, já que não estava nem aí. Mas Tatsumaki notou, tanto que suas bochechas ficaram meio rubras.

-- EU NÃO ACREDITO QUE DISSE ISSO!!-- Tatsumaki gritou, à ponto de usar seus poderes na irmã.-- NUNCA QUE EU ME ENVOLVERIA COM ESTE CARECA ESTÚPIDO!

E pela primeira vez em um tempo, Saitama sentiu algo além de tédio. Mas não era algo legal como felicidade, ou alegria. Era raiva.

-- Escuta aqui pirralha!-- exclamou, chamando atenção das irmãs.-- Você vem na minha casa, age com grosseria e me xinga! Tá se achando quem, pirralha!?

Pela raiva do momento, Saitama nem percebeu que havia sentido algo de novo. Então quando notou isso, sua expressão raivosa saiu logo do rosto, dando lugar à um sorriso bobo.

-- DO QUE VOCÊ ME CHAMOU!?-- a garota indagou berrando.

Antes de qualquer coisa, o careca se sentiu ser levitado, e logo foi arremessado sem dó contra o chão da rua. Um buraco se abriu no local do impacto, e Saitama encarou Tatsumaki esperançoso.

"Será que essa pirralha vai conseguir me fazer sentir algo?" se perguntara o classe B.

[Continua]