Autumn Outside the Post Office - Kim Seokjin

Outono sabor Baunilha

Based on Kim Seokjin's Cover Autumn Outside the Post Office.
7 de Junho, 2018.

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Estava esfriando.

O sininho antigo que ficava acima da porta dos correios soou levemente, anunciando que a mesma havia sido aberta. E eu ergui o olhar, antes concentrado em minhas mãos trêmulas e com a ponta dos dedos levemente avermelhadas para ver a senhora Cha atravessar a porta calmamente, carregando a cesta com geléias artesanais que tanto gostava de encomendar.

- Jinie? - ouvi a senhora Cha me chamar, mal tendo dado dois passos antes de notar minha presença no banco de madeira antigo que ficava à frente dos correios. - Ainda está aqui?

- Sim, ajumma - murmurei, mostrando um breve sorriso para aquela senhora.

- Sabe que ela não virá novamente, não é, querido? - perguntou ela. Eu podia sentir o olhar de pena que aquela senhora me mostrava, mas ainda não me sentia pronto para dar o braço a torcer. Não quando se tratava de Lee Wonhee.

- Prefiro me manter esperançoso - respondi sorrindo para senhora Cha e ela assentiu, já acostumada com a minha defesa ferrenha quando se tratava da minha melhor amiga.

- Ao menos venha comigo tomar um café - ela sugeriu, já estendendo a mão em minha direção para que eu a segurasse, sabendo que eu não negaria o convite. Não era do meu feitio negar comida.

- Tudo bem, mas eu vou pagar dessa vez - murmurei, me erguendo e retirando a poeira invisível da calça e do casaco. Sentia que havia ficado anos na mesma posição, praticamente me tornando uma estátua no processo.

Não que eu estivesse reclamando.

Senhora Cha segurou de leve minha mão e eu rapidamente passei a mesma pela curva do cotovelo, apoiando-a ali enquanto retirava a cesta de suas mãos. Ela me deu um sorriso amável e eu sabia o que ela estava pensando, de tanto já tê-la ouvido verbalizar seus pensamentos sobre a mesma ação que eu insisita em fazer, automaticamente.

- Você é realmente um cavalheiro à moda antiga, Jinie - ela murmurou tranquila, observando o caminho à nossa frente. - Sempre tão educado e prestativo com essa senhora velha e chata...

- A senhora não é chata, ajumma, muito menos uma velha - repeti o tom de voz que ela usara com um sorriso divertido.

- Se continuar me dizendo isso vou acabar acreditando - disse em tom de aviso.

- E qual o problema em acreditar se é a verdade? - retruquei.

- Vou achar que sou nova o suficiente para pedir você em casamento sem pensar duas vezes, e você não vai poder recusar quando eu apresentar meus termos - respondeu e eu arregalei os olhos supreso com a convicção com que ela dizia aquilo. - Principalmente se eu reforçar o fato de que sou a melhor cozinheira da região. E isso você não pode negar! - ela apontou o dedo na minha direção como se me desafiasse a fazer o que ela dissera, e eu não contive a risada.

- Depois de mim, a senhora quer dizer - retruquei ainda rindo e ela bufou fazendo uma careta enfezada.

- A única coisa que te estraga é essa sua autoconfiança astronômica... e a sua risada de limpador de vidros - completou e foi a minha vez de fazer uma careta.

- Para alguém que pretende me pedir em casamento, a senhora está sendo muito reclamona, ajumma - retruquei e ela riu.

- Querido, se tem uma coisa que já pode ser desculpada na minha idade é a reclamação - explicou apertando de leve minha bochecha com a mão livre. - Quando tiver a minha idade sua maior vontade com certeza será aproveitar a maior parte do tempo com atividades que mantenham a mente ocupada e o corpo descansado, mas sempre que puder, não perca a oportunidade de interagir com outras pessoas, mesmo que seja para reclamar.