Capítulo 5

284 20 22
                                    

Mila estava parada em frente à enorme janela de sua sala observando o céu estrelado e escuro, estava descalça ali sem se importar com nada, apenas um corpo em um lugar a qual não pertencia.

- Antes de ir teremos que passar por aqui todos os dias. -Stenio disse abrindo a porta sem bater acompanhado de Helena.

- Já disse que odeio que entrem sem bater. -Mila disse se fazendo de zangada.

- Você nos ama, isso sim. -Helena sorriu. -Que tal um jantar no restaurante daquele dia? Eu amei a sobremesa de lá.

- Se continuar comendo tanto doce não vai passar por aquela porta, hein? -O homem brincou recebendo um tapa de leve em seu braço.

- Vamos sim. -Mila começou a calçar seus sapatos e fechar seu notebook. -Stenio vem conosco?

- Não posso, a Vera chegou hoje de viajem, vamos jantar lá em casa mesmo.

- Finalmente ela se resignou a aparecer. -Helena revirou os olhos.

- E está tudo bem entre vocês? -A empresária perguntou preocupada.

- É o que vou saber quando conversarmos hoje. -Stenio respondeu abrindo a porta para que elas saíssem na frente.

Os três entraram no elevador em direção ao estacionamento, Stenio estava calado e isso preocupou Mila. O amigo era casado há cinco anos com Vera, uma patricinha bem mais nova do que ele e só fazia viajar o mundo gastando todo o dinheiro que o marido lhe dava. Tanto ela quanto Helena já haviam aconselhado ele a dar um fim desse casamento de fachada e tentar ser feliz, mas ele parecia sem jeito com toda a situação, o que deixava Helena puta da vida, pois ela era secretamente apaixonada pelo amigo de longa data.

Mila e Helena entraram no mesmo restaurante daquele dia, como não teria encontro com Theo, era provável que ele estaria ali atendendo. Começou a esfregar as mãos uma na outra com nervosismo, achando uma péssima ideia ter ido justamente para aquele local. E se ele desconfiasse de algo? Após Helena checar a reserva, foram para a mesma mesa de sempre e fizeram os pedidos.

- Não sei por que o Stenio se submete aquela mulher dele. -Helena comentou enquanto bebia seu champanhe. -Será que ele não enxerga que aquela sanguessuga vai tirar tudo dele?

- O Stenio sabe muito bem onde ele pisou. -Mila respondeu também bebendo. -Eu acho que você devia sim dizer tudo que sente por ele, Lena.

- Nunca! Aí que eu perco a amizade dele de vez. -Suspirou. -É uma droga gostar de quem não gosta da gente.

- É horrível mesmo. -Mila confirmou pensativa.

- Hum... Essa carinha eu conheço bem. -Helena brincou. -É aquele cara, não é? Está apaixonada por ele?

- Não sei o que eu sinto, fiquei tanto tempo sem entrar numa relação que eu acho que desaprendi como é todo esse processo.

- Ele te faz bem?

- Quando estamos juntos eu esqueço até do meu próprio nome. -Confessou olhando Helena. -Não sei quem eu sou, o que sou, às vezes até esqueço as minhas malditas cicatrizes.

- Então se joga, amiga. -Segurou na mão de Mila sorrindo. -Ser feliz é o único que vale a pena nessa vida louca. E quando vou poder conhecer o felizardo? Podemos fazer uma reuniãozinha lá na sua casa.

- Ah, eu...

Nesse momento Mila viu seu mundo girar quando ninguém mais, ninguém menos do que Theo aparece no pequeno "camarote" onde ela e Helena estavam sentadas. Ele sorria simpático e ela olhou fixamente aquele belo par de olhos azuis que pareciam chamá-la para pecar.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora