De Onde Vem A Neve? | Namjin

1. De Onde vem a Neve?

~Kim Seokjin

— Agora são vinte e três horas e quatorze minutos, fazem exatamente -2 graus é a noite mais fria do ano. A previsão é que até a madrugada a temperatura caia até -8 graus.

— Droga... - Falei irritado para a pequena televisão da cozinha, como se ela tivesse culpa de eu ter esquecido de trazer uma jaqueta a mais.

Finalmente o expediente havia se encerrado, no restaurante onde eu trabalhava, organizava as últimas coisas para finalmente ir para casa, hoje tinha sido um dia daqueles. Tudo o que eu queria era a minha cama e meus cobertores.

O que me acalmava era a pequena recompensa deixada por Hoseok, dois chocolates quentes: um para agora e outro para eu levar para casa. Ele sabia como amava aquela bebida quente em dias assim então numa tentativa de me desestressar ele deixou essa pequena surpresa no balcão com um bilhetinho bem fofo.

— Boa noite, alguém pode me atender? - Ouvi alguém chamando, provavelmente no caixa.

Sai da cozinha irritado. Será que ele não havia visto a placa escrito "fechado" na porta?

Acho que Hoseok está certo estou mesmo estressado, qualquer coisa está me irritando ultimamente.

— Não estamos mais atendendo, desculpa. — Falei segurando minha breve irritação ao olhar para a porta e perceber que o erro havia sido meu, havia esquecido de virar a placa, logo tecnicamente o restaurante estava aberto.

— Ah... Desculpa vi que estava aberto... — Ele falou tentando se explicar.

— Tudo bem, deveria ter virado a placa. O erro foi meu.

— Certo... Vocês realmente não estão atendendo? É que já está tudo fechado e estou com muita fome.

— Desculpa já encerramos, mas está um pouco tarde e é uma noite fria, eu não quero ser rude, mas você não deveria ir para casa?

— Se eu pudesse voltar... — O garoto retirou o cachecol que cobria metade de seu rosto e o sacudiu para tirar a neve, em seguida usou as mãos para tirar a neve de seu moletom vermelho.

Ele aparentava ter mais ou menos minha idade, seu rosto estava pálido e ele parecia estar triste, quase como se estivesse preste a chorar.

Ele suspirou e colocou o cachecol novamente.

Por algum motivo ver aquele desconhecido tão triste deixou meu coração apertado.

— Desculpe não tenho muito como ajudar. — Falei com o coração na mão, era Estritamente proibido cozinhar depois do expediente ainda mais após a limpeza da cozinha e dos utensílios.

— Tudo bem, eu entendo. — Ele disse e em seguida fez uma referência educada. —  Tchau.

Fiquei ali observando o moreno saindo pela porta, mas havia algo que eu não conseguia entender.

Por que de repente me sinto tão vazio?

Tentando ignorar o crescente e desconfortável bolo que surgia em minha garganta tomei um gole do meu chocolate quente, agora frio.

Ele não tinha o tão apreciado sabor que me acalmava e me fazia sentir completo, ele tinha gosto de culpa.

Que droga!

Esquentei meu outro chocolate quente que estava num copo para viagem e cacei os pães de queijo que Hoseok sempre guardava aos montes para assar nos fins de tarde, após assa-los guardei em uma marmita para viagem e peguei o chocolate quente.

Apaguei as luzes, tranquei tudo, e sai na esperança de ainda encontrar o garoto.

A neve caia torrencialmente deixando as ruas, casas, carros e tudo o que tocava totalmente brancos por esse motivo não foi difícil achar um pontinho vermelho sentado num banco não tão longe do restaurante.