P A R A N O I D
Por muito tempo lutei, mas cá estou me rendendo... O mais tolo dos assassinos, o mais frio dos amaldiçoados.
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Capítulo I: Despertar.
Toby Rogers.
Estava parado de frente a janela fechada, olhando através do vidro o sol escondido que logo iria aparecer silenciando todas as estrelas do céu que anteriormente se destacaram brilhando com bravura a grande imensidão de escuridão instalada sobre todos os seres vivos que assim como eu... Queriam ficar para sempre presos naquela neblina escura.
Perdi a noção de quanto tempo fiquei ali. 45 minutos? 3 horas? Quem sabe. A única coisa que sei é que o tempo se deu ao trabalho de se encarregar de me fazer despedir da noite passada. E com isso quero dizer que agora estou sendo obrigado a retomar uma realidade que aparentemente não gosto. Que seja. Tudo é um tédio. Não há nada capaz de me divertir. Estou considerando reescrever minha carta de suicídio. No entanto nunca fui um cara de se dar ao trabalho de deixar algo para os outros. Eu não tenho consideração por ninguém.
— Bom dia, querido. — Nora, minha esposa, me abraçou por trás depositando um beijo delicado no meu pescoço. — Está aqui há muito tempo? — encarou-me com bondade.
— Sim — foi tudo o que falei. Estava aborrecido demais pra discutir com uma dona de casa imprestável.
— Escute... Irei fazer o café da manhã. Não demore.
Assenti em concordância. Quando ela saiu do nosso quarto, olhei em volta e parei meu olhar no quadro que eu mesmo fiz e era de longe o que mais me levou ao sucesso. Isso me deixa frustrado. Faz-me perguntar onde estou errando. Fama, sucesso, família, beleza... Eu possuo tudo. Está tudo à mostra pra qualquer um que duvide.
Mas há algo que me falta. Algo que talvez seja crucial para as coisas darem certo.
Empatia.
Eu não a possuo desde pequeno. Nunca sequer cheguei perto. Não sinto dor física e aparentemente também não sinto a emocional. Concluindo: Eu sou vazio. Meus pais quando me forçaram a me casar falavam que eu me sentiria bem e que o vazio seria preenchido. Explicavam que o amor iria me restaurar. Clichê e patético. Mas por que estou me lembrando disso exatamente agora? Que necessidade tenho para viajar por minhas memórias tão descuidadamente? Não sei o que devo esperar das pessoas. Mas amor não é uma delas.
Minutos se passaram comigo apreciando minhas próprias obras com o maior egocentrismo possível, mas finalmente fui para a cozinha onde vi meu filho adotivo de doze anos chamado Edgar. Ele estava desenhando no caderno de desenho que tanto ama. Sentei ao seu lado e o vi rabiscar no papel, até que notei que sua mão estava machucada. Franzi o cenho. Interrompi o que ele fazia e segurei sua mão.
— O que significa isso? — indaguei de modo calmo. — Os garotos voltaram a pegar no seu pé? — ele demorou, mas assentiu confirmando exatamente o que deduzi. Isso é ridículo. Como alguém pode ser estúpido ao ponto de permitir que outra pessoa te machuque? Ainda bem que não tenho o mesmo sangue dele. Eu ficaria enojado se o tivesse. Mas suspirei disposto a falar o oposto para evitar desavenças. — Você precisa se tornar forte.
— Como faço isso, pai? — levantou as sobrancelhas.
Fechei os olhos por meros segundos.
— Na hora certa eu te mostrarei.

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PARANOID: Ticci Toby Fanfic
Mister / Thriller"Eu vivia uma mentira. Por muito tempo amaldiçoei tudo aquilo que em meu caminho entrou. Minha vida era infeliz mesmo na presença de minha mulher e meu filho adotivo. Mas, como todo artista sabe, eu não poderia viver uma vida sem cor para sempre. Pr...