" o rio sem retorno "

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-Mas que diabos?!

Exclamou Preston ao entramos no estacionamento da mansão. Apenas fiz um sinal com a mão
indicando que não era o momento para falar ainda. Antes de sair do carro olhei para Charles
que me observava também.

- eu sinto muito por ter te envolvido nisso, você lidou muito bem com tudo. Obrigada.

- Senhorita, quase morremos esta noite- ele me olha com repreensão, e então sua expressão se suaviza e posso ver o canto de seus lábios levemente formarem um sorriso- Porem fico feliz em ter ajudado de qualquer forma.

- uma ajuda e tanto!

Ele acenou com a cabeça e me assistiu sair do carro. Eu tive o privilegio de trinta segundo em silencio antes de ser bombardeada com perguntas sobre meu estado.
“sofreram um acidente?”
“esta se sentindo bem?”
“quem fez isso senhorita Alissa?”
Com a paciência no limite, e os nervos em frangalhos me senti mais irritada que nunca. Apenas fiquei em silencio e entrei na casa que estava perfeitamente arrumada como sempre, as luzes iluminavam tao bem o ambiente deixando exageradamente visível meu estado deplorável.
Cabelos desgrenhados, sangue já seco na lateral do rosto devido a batida e alguns arranhões.
Não restava duvidas de que algo ruim tinha acontecido.
Michael estava na sala de estar e
parecia entretido com o noticiário local. Fiz uma careta ao ver do que se tratava a noticia. ‘Carro perde controle e capota na rodovia,motorista não resiste aos ferimentos’.
Claro que eu devia me sentir horrível naquele momento por ter provocado aquele acidente, mas se eu não o provocasse ... oque seria de mim? Ate onde iriamos com aquela perseguição?
E para falar a verdade eu não conseguia sentir nada no momento,era como um grande vazio dentro da minha mente, provocado pelo choque de quase vir a virar presunto.
Michael olhou para tras finalmente tirando sua atenção da tv e seus olhos se arregalaram em surpresa, espanto e preocupação. Se levantou e veio ate mim a passos largos.

-Alissa, oque houve com você?

- Acabei de chegar... –joguei minha bolsa no sofá e me sentei confortavelmente – O transito
nessa cidade anda horrível.

Ele me olha com questionamento e confusão. Se ajoelha na minha frente e segura minhas
mãos.

- Por que não me explica melhor amor? - incentivou ele –

Pensei por alguns segundos em conta a verdade para ele, mas algo me impediu. Já havia tantos problemas na vida de Michael que seria egoísmo da minha parte lhe dar mais um para resolver. Ele tinha essa coisa de querer salvar todo mundo, mesmo que isso o afundasse. Eu não podia deixar ele se afundar por mim, então abri um pequeno sorriso e segurei sua mao de volta, o confortando.

- Nós apenas sofremos um acidente. Alguém bateu na nossa traseira mas esta tudo bem. Apenas seguimos em frente.

Ele me olha desconfiado mas então beija minha mao carinhosamente e sorri.

-deveria tomar um banho e relaxar... deve ter sido um susto e tanto.. vou pedir á cozinheira que prepare algo para você comer esta bem?

- claro querido, não vou me demorar.

Ele se levanta e me deixa sozinha na sala. Minha cara de falso bem estar cai na hora. Michael não agiu como... Michael. Em geral ele faria um drama e acabaríamos discutindo o assunto,
mas ele simplesmente engoliu minha conversa sem questionar. A caminho do banheiro não
consegui deixar de pensar em como foi fácil.
...
Quarenta minutos depois, desci as escadas e tudo oque eu desejava era estar nos braços de Michael o mais rápido possível. Aqueles braços eram minha fortaleza. Me olhei no espelho do bar por um momento ajeitando meu cabelo limpo agora. Quando uma porta batendo fez um estrondo me assustando. Michael passou por ela ao que parecia irritado ... ou pior, irado.
Segurou meu rosto entre as mãos com firmeza e encostou sua testa na minha, sua respiração
ofegante. Quando falou, foi pausadamente. Meu coração acelerou de uma maneira absurda.
Nunca o vi agir daquela forma comigo.
- Por que. Mentiu. Pra mim?

-Michael... do que esta falando? -minha voz não passava de um miado inseguro-

Ele respirou fundo e continuou.

-falei com seus guarda-costas. Me disseram que vocês foram seguidos e que desapareceram na rodovia ...aquele acidente no noticiário ... oque aconteceu de verdade Alissa? E nao se
atreva a contar mais uma mentira.

Me afastei dele, recuando á sua ira.

- Esta me assustando Michael ...

-EU? EU ESTOU TE ASSUSTANDO? –ele ri nervosamente passando as mãos no cabelo.- QUANDO FOI QUE COMEÇAMOS A MENTIR UM PARA O OUTRO ?

-Michael ... eu só queria que isso não fosse mais um problema pra você... eu não fiz por mal. Eu queria te proteger. – tento desesperadamente convence-lo -

Ele me lança um olhar cheio de conflito.

- Mentir pra mim é sua forma de me proteger? –indaga com voz mais baixa- Alissa, eu quase te perdi uma vez, não pretendo ver isso acontecer novamente. Você é minha vida. Se tem alguém tentando te prejudicar eu vou mover céu e terra pra não deixar nada ruim acontecer.

Oque ele fala aquece meu coração, meus olhos marejados agora não conseguem impedir as
lagrimas.

-oque aconteceu depois que os guardas perderam vocês de vista?

Respiro fundo limpando o rosto.

- seguimos o mais rápido que podíamos na intenção de conseguir se afastar desse... perseguidor...

Os olhos de Michael me analisaram dos pés á cabeça. Eu tinha medo de imaginar oque havia na mente dele naquele momento. Com muita cautela ele se aproximou. Eu continuei a falar.

- mas não estávamos conseguindo, ficamos encurralados. Foi nesse momento em que eu pensei que se ... se provocássemos um acidente talvez houvesse chance de fugirmos. Ficamos bem mas o homem que nos seguia capotou e morreu la mesmo. O rosto ficou desfigurado, eu não pude reconhecer. Saimos de la antes que aparecesse mais alguém.

Silencio. Michael não disse uma única palavra, nem mesmo emitiu algum ruído. Sequer esboçou alguma expressão. Ele apenas me olhava profundamente. Talvez estivesse
visualizando tudo, ou prestes a explodir. E quando falou novamente meu estomago doeu como se eu tivesse levado um soco ali.

- Murray escapou... não sabemos mais do paradeiro dele. Estao fazendo buscas mas... sem sucesso ate agora. Então você chega em casa ferida, dizendo que foi perseguida e quase tirou sua própria vida... talvez tenhamos perdido uma grande pista do paradeiro de Conrad nesse
acidente...

E essa foi uma das raras vezes que vi Michael chorar. Como um bebe perdido e desamparado.
Seus joelhos tocaram o chão e ele se encolheu em prantos. E eu compreendia seu choro, pois
me sentia da mesma forma. Ele esteve sendo a melhor plataforma para pular além de mim
mesma, assumindo todas as responsabilidades e preocupações, mas no fim, ele era apenas um
ser humano. Ele tinha o direito de baixar a guarda.
Me abaixei junto a ele no chão e o puxei para meu colo. O aninhando em meus braços com
ternura. Não sabia oque dizer, eu estava tao abalada quanto ele, então apenas cantei uma
melodia ate que ele se acalmasse.


There is a river called THE RIVER OF NO RETURN
Sometimes it's peaceful and sometimes wild and free!
Love is a trav'ler on THE RIVER OF NO RETURN
Swept on for ever to be lost in the stormy sea
Wail-a-ree I can hear the river call
Where the roarin' waters fall wail-a-ree
I can hear my lover call come to me
I lost my love on the river and for ever my heart will yearn
Gone… gone for ever down THE RIVER OF NO RETURN
Wail-a-ree wail-a-re-e-ee
She'll/He'll never return to me...

'Coração de diamante'Onde histórias criam vida. Descubra agora