Camilla é uma estudante de medicina. Camilla fuma maconha. Estava ela com seus cabelos ruivos longos balançado enquanto andava - com os seus tênis vermelhos- em direção a uma cafeteria. A garota passa pelas vidraças do estabelecimento; enquanto outra garota ruiva, com uma camiseta do Nirvana, andava simultaneamente com ela no reflexo , acompanhando-a até porta, e enfim desaparece.
Um sino em uma porta faz barulho e se mexe - ou o movimento dos sinos fez o som se espalhar pelo ar? Enfim, continuando- olhos verdes rondam o local, o branco deles refletindo o vermelho do cenário, e encontram um lugar vago em questão de poucos instantes. Senta-se no banco de couro avermelhado. Encara tudo ao seu redor, levanta a cabeça, olhos azuis cruzam com os dela. Ela sorri. Uma moça com cabelos morenos se aproxima . Ela morde o lábio.
- Bom dia, vai pedir o que? - Diz a moça puxando um bloco de nota e uma caneta da cintura.
-Um café expresso. - Fala ela, quase para dentro.
-É pra já. - Responde a outra, se retirando.
A ruiva levanta o dedo de repente, porém ela já tinha se virado. Seu dedo pousa na mesa novamente , sentindo uma textura estranha na mesa. Era um pó espalhado pela mesa, parecia um tipo de areia metálica; quando luz batia nesses pontinhos, a característica era multicolorida revelada. Lembrava a cocaína de um unicórnio. Ela pressionava um pequeno punhado desse pó entre os dedos , indicador e o polegar, muito próximo do olho. Acho que não é Glitter , pensa ela. Deduzira isto pela densidade e o tamanho, que não batiam com o Glitter; o especto de cores também era muito anômalo. Mas o que seria isto afinal? Imersa nesses pensamentos, mal tinha percebido o copo de café sobre a mesa. Ela agradece dizendo "Obrigada" para o vazio, por educação. Abaixa a mão pegando o café, com o indicador na borda sem proteção do copo.
Erguia sua bebida. Encosta nos lábios. E mete para dentro.
Doce, mas um doce traiçoeiro. Enquanto descia pela garganta, ia se transformando na bebida mais amarga que ela já tomou na vida. Quando chegou no estômago, o próprio reagiu em protesto, com muito ódio pela garganta por ter deixado passar aquilo. Alguém se arrependeu muito. Então tudo para. O pulmão prende o ar. Seu corpo fica calmo. Após esse momento de paz, a dor de barriga veio. No inicio tímida. Se fazendo mais presente a cada segundo. Estranho. Mas ainda era um dor de barriga normal, até aquele momento. Porque foi aqui que ela começou a ficar mais profunda. Mais e mais baixo se aprofundava. Finalmente ultrapassa o limite, e vai além do corpo dela.Seus olhos se fecham. Os nervos relaxam,que nem um mar se acalmando. Tudo entrava em sintonia com o todo. As moléculas se alinharam, tal qual grãos de areia numa praia. Por um breve momento, tudo era inercia. E então, ondas começam surgir. A matéria ondulava com um rio depois de arremessarem uma pedra dentro dela. Dor de cabeça. Células se irritavam e entravam em combustão por algum atrito dimensional. Inércia novamente. Calor de todo lugar. Frio de todos os lados. Pressão ao redor. Mais um sentido se liga. Explosão de supernovas virando brisa. Seus olhos se abrem.
Onde era branco, virou verde. Onde era preto, virou vermelho. O amarelo ficou meio roxo. O roxo parecia laranja. O azul era mais intenso ali. Muito denso e visível era o ar. De todo o vazio sem corpos nasciam , regularmente , faíscas foto-elétricas. A atmosfera era o resultado dessas faíscas. Objetos também estavam alterados, variando do estado 3D para 2D, e vice versa.
Calma, você já passou por isso antes. O efeito passa daqui a algumas horas. Só preciso esperar. Ela pensava isso enquanto um planeta do tamanho de uma mosca passava. Depois de ter visto algumas coisas realmente muito estranhas, mete as duas mãos na mesa com intenção de se levantar, e do lado oposto duas mãos saem de baixo da mesa em sincronia com as dela; Entretanto, tinha um fato importante sobre as mãos: elas usavam luvas. As mãos se apoiam na madeira gosmenta e começam a erguer o resto do corpo. Primeiro aparece a manga de um terno - tranquilo - , em seguida aparece a cabeça de um boi usando um óculos escuros. O ajeita-se no banco, alongando os braços. Coloca o cotovelo na mesa.
- Opa, olá! - O som grave e ecoante sai sem ele ter que mexe a boca - Por acaso estaria interessado(a) em um terreno astral? - E tirou os óculos enquanto falava a última frase - Sabe, se eu fosse você pensaria no futuro... Você não vai poder usar isso aí para sempre. Talvez mais uns 60 anos na sua dimensão, se cuidar direitinho.
Ela tinha um bom motivo para não dar uma resposta logo em sucessão da perguntar.Pelo fato de onde deveria existir os olhos ,estava coberto por pele. Uma cortina de carne estava sobre a janela da alma.-Eu sei, eu sei... Já ouviu esse papo de terreno da boca de algum pastor picareta? Mas eu garanto que é totalmente seguro. Com um certificado interdimensional de um administrador.
-O.K. Entendi,quer um tempo para pensar, não é?
-Toma aqui o meu cartão. -Ele estende dois dedos vazios segurando algo invisível. Ela pega o cartão.
-Até mais! -Ele sai acenando por de baixo da mesa, acompanhado por um som de sucção.
Ela só conseguiu pensar em como a gravata borboleta segurava aquela papada. Era algo de outro mundo.