Parte final

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Porta abre, revelando um deserto arenoso e escasso de vida. É, vai ter que ser isso. Pula da porta, e cai um metro antes de chegar na areia. Olhando para trás só via um infinito de areia e nenhuma porta branca. O que me resta é andar. Um pequeno ponto começara a percorrer
a imensidão do deserto. A areia refletia o calor escaldante. O vento cozinhava seus pulmões. A brisa forte fazia porções de areia baterem em seu rosto, grudando na sua pele. E mesmo assim, subia um morro de areia, um depois do outro. Não se via nada além de areia por baixo de mai areia, profundidade incomensurável. O ar quente ondulava por seus poros. Seus tênis afundavam no terreno. Ela continuava andando, até que o dia virou noite. E quando a noite virou dia, ela ainda andava. Sentia sede, fome, sono... mas ainda assim andava. Sua garanta ardia a cada engolida de saliva. Até que sua língua secou, e parou de arde. Seu corpo doía, seus ossos rangiam, mas ela continuava a andar. O dias viraram semanas, semanas viraram meses, meses viraram anos... Da última vez que olhou para baixo, seu corpo já tinha evaporado. Agora ela era apenas uma consciência vagando. Vagando sem rumo em um deserto. Ela se sentou em um morro de areia qualquer. O que fazer? Já entendeu que essa porra é grande para um caralho. Inspirou com os pulmões imaginários e refletiu. O tempo é relativo. Não, a percepção dele é relativa. O que é percepção nesse lugar? Ou melhor, qual o limite da percepção aqui? Se aqui o tempo é relativo, e o relativo é percepção, quem sabe o a percepção é mutável. Ela não sabia, mas tudo era mutável aqui. Fechou os olhos e imaginou o tempo em que esse maldito deserto sem vida era banhado por um oceano. Se esse tempo realmente existiu, ela não tinha como saber, porém imaginou mesmo assim. Umidade. Sal? Melhor abrir os olhos. Estava agora submersa em água em um oceano. Funcionou. A água anestesiava as tensões antigas da sua pseudo-matéria. Purificava-la. Ela deixou-se afundar mais, deixando litros de água tomar conta de todo o resto. Era um casulo de calmaria que a envolvia-a. Deixou a água puxa-la ainda mais. Fechou os olhos e dormiu...

Talvez tenha algo mais, ou não. Sonhos são imprevisíveis...

Só um caféWhere stories live. Discover now