Heaven and Hell {hes + lwt}

Prólogo

No início de tudo, quando Lúcifer ainda habitava o reino dos céus, o mal não era algo tão normal quanto nos dias de hoje. Provavelmente por isso, a quantidade de anjos existentes não era tão numerosa. Tudo funcionava na mais perfeita ordem e calmaria. E então, simplesmente aconteceu. O anjo Lúcifer se atreveu a questionar as decisões divinas, e foi expulso do paraíso. Por mais que suas asas ainda estivessem consigo, elas se tornaram negras durante sua queda, e por algum motivo não funcionaram mais. Ele não conseguia voar, o que tornou impossível sua tentativa de voltar para o reino dos céus. Foi aí que começou o mundo como o conhecemos. Lúcifer começou a criar sentimentos de ódio e rancor, e um exército começou a ser formado por ele. Com isso, o mal começa a ganhar forma e habitar a Terra. 

Conforme a humanidade se reproduzia e populava o mundo aos poucos, Deus precisou aumentar seu exército de anjos. Com a ameaça iminente de Lúcifer, que não media esforços para corromper a humanidade, o Todo Poderoso resolveu que seria preciso que cada ser humano tivesse um anjo da guarda em especial. E foi no meio dessa criação em massa de anjos da guarda, que nasceu Louis.

Louis foi criado no ano de 1919 d.C, e se mostrou ser um dos mais competentes e corajosos de todos os anjos já criados. Ele já nasceu com aparência humana que correspondia a cerca de 22 anos de idade, olhos azuis e cabelos curtos e lisos, que pareciam nunca se desarrumar. Suas relações com Deus se estreitaram em pouco tempo, sendo um dos únicos a manter contato regular com seu "chefe", e aos poucos, virar um de seus favoritos.

Conforme o tempo passava e Louis conhecia e se habituava cada vez mais a humanidade, ele, ao contrário dos outros anjos, se admirava com todas as situações terrenas. Ao contrário dos mortais, os anjos não tinham sentimentos. Também dispunham de outras vantagens, tais como não sofrer com as pragas jogadas no planeta, terem a possibilidade de ver tudo o que acontece em qualquer lugar, a qualquer momento, e até serem imortais. Ele já havia perdido a conta de quantas vezes se imaginou vivendo ali, no meio deles. Quer dizer, ele já fazia isso, mas nunca era visto, já que apenas descia para consertar as burradas que seus humanos faziam, ou apenas para ajudá-los. Mas ele queria mais, queria viver como um ser humano. Ele sabia de tudo o que acontecia, mas não podia vivenciar tudo aquilo, o que o deixava frustrado. Sua vida de anjo era muito boa, principalmente por ser privilegiado e poder ter benefícios que os outros não tinham, como a opção de escolher quem seriam os humanos que receberiam sua guarda. Mas ele queria experimentar, queria viver de verdade.

___

Enquanto isso, no Inferno, na mesma época que Louis foi criado pelas próprias mãos de Deus, Lúcifer teve um filho. Um filho legítimo, o primeiro e único. Em uma de suas passagens pelo mundo material, o rei do Inferno, em sua forma humana, teme relações com uma mortal.

A mortal, de nome Anne, engravidou, e teve de passar sua gravidez longe do homem que ela nunca soube quem era de verdade. Porém, por mais que seja a figura do próprio mal, e não estivesse presente fisicamente durante a gestação de Anne, Lúcifer fazia de tudo para que ela tivesse uma gravidez saudável, e que nada faltasse a ela durante esse período. Ele sabia que seus atos teriam consequências um dia. O que aconteceu foi que durante esse tempo todo, o impossível aconteceu: o rei supremo das terras do submundo criou laços com o bebê que ele havia gerado. Nada incomum, já que seus genes especiais haviam tomado conta do bebê antes mesmo de ele nascer.

Uma semana após o parto, Anne foi diagnosticada com câncer terminal. Nada por acaso, tudo programado pelo seu amor de uma noite. Oito meses depois ela morreu devido à mesma doença. Seus pais já haviam falecido, e ela era filha única, não haviam outras possibilidades de pessoas para cuidarem de seu filho, que desapareceu horas após seu falecimento.

A verdade é que ele não havia desaparecido, apenas tinha sido levado para o Inferno junto de seus pais. Anne e Lúcifer criaram o pequeno Harry para ser a própria perdição. Quando completou vinte e um anos de idade, decidiu que aquela seria sua aparência terrena: cabelos longos e levemente cacheados, olhos verdes, e covinhas que tirariam o fôlego de quem o visse.

Harry cresceu sabendo que era ainda mais temido do que seu pai. Ele era o fruto de uma relação do próprio Lúcifer com uma mortal, ou seja, era o Anti-Cristo. Ele tinha poderes imensuráveis, que só seus pais além dele poderiam controlar. Durante toda a sua vida, visitou a Terra diversas vezes, mas nunca passou mais de duas horas em meio aos humanos. Ao contrário dos anjos que faziam sua guarda por ali, ele fazia questão de sempre notado pelos humanos, e causar a mínima intriga que fosse entre eles.

Por mais que os anjos pudessem vê-lo, não faziam ideia de quem ele era. Corriam boatos no Paraíso de que algo havia acontecido, mas ninguém nunca teve certeza do que exatamente Lúcifer havia feito. E Harry fora criado por seus pais para manter isso em segredo.