Capítulo II

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O Sol ainda esperava a Lua se recolher para poder dar o ar de sua graça aos moradores de Londres. O clima estava agradável para aquela hora da madrugada, pois era agosto, os moradores estavam vivendo o ápice do verão na capital inglesa. A escuridão da rua dava lugar apenas ao brilho da Lua, das estrelas e de alguns postes acesos ao longo da rua principal do bairro mais rico da cidade. Esse foi o cenário em que Harry se projetou no plano terreno. Todos naquele lugar estavam dormindo, então ninguém percebeu quando uma chama silenciosa apareceu e sumiu em questão de dois segundos, dando lugar a uma figura extremamente atraente. 

Após bater em suas roupas, limpando qualquer vestígio de sua viagem rápida até ali, o pequeno-grande-demônio seguiu até a casa mais bonita da rua. Uma mansão que ocupava um quarteirão inteiro, com seu exterior branco, um quintal enorme, com algumas árvores frutíferas, uma piscina, e um parque infantil. Os moradores dali conheciam a face humana de seu pai. Por mais que não soubessem seu nome, ou o vissem com frequência, admiravam o cuidado que tinha com sua residência. Aquela mansão raramente era usada, apenas quando Harry a visitava em um de seus "fins de semana de folga da faculdade". Os vizinhos o conheciam, e a grande maioria deles sentia uma atração inexplicável por ele. 

Styles destrava os portões enormes, sem precisar de chave, e muito menos da ajuda de equipamentos eletrônicos. Entra na casa, e vai direto ao seu quarto, se jogando na cama e esperando dar a hora para que ele levantasse e começasse a caça ao seu alvo.

****

- Seja bem vindo ao seu primeiro dia de trabalho, Louis! - A empolgação da chefe era notável. Karen sempre gostou de pessoas que interessavam por livros, e ela viu isso logo de cara no seu novo funcionário. 

- Obrigado, Karen. - Responde sorrindo, genuinamente feliz por estar tendo uma oportunidade daquelas. - E obrigado novamente pela oportunidade, realmente me ajudou muito. 

- Imagine, querido. - Seu sorriso lembrava o céu, era aconchegante e contagiante. 

Ao terminar de falar, o sininho da porta soa. Primeiro cliente do dia. Ao menos era o que parecia.

- Oh, olá querido. Precisa de alguma coisa? - Karen se antecipa, não dando chances a Louis, que nem conseguiu se virar para olhar o rosto do ser humano que entrou no estabelecimento.

- Bom dia, mãe. Na  verdade não, só não consegui dormir direito, e como hoje estou de folga, quis vir visitar você. - O garoto olhou para o corpo que estava de costas para si, agora organizando as coisas do balcão. - Funcionário novo? - Se aproxima, após cumprimentar com um aceno de cabeça as outras três funcionárias.

Antes que Karen pudesse responder, Louis se vira, finalmente encarando o rosto que ele já conhecia. 

- Você! Louis, não é?

- Eu mesmo. - Ele sorri, e estende a mão, que é apertada pelo outro rapaz. - Então você é filho da dona Karen? - Ele já deveria saber daquilo, mas por algum motivo estava esquecendo de algumas coisas. Isso o deixava um tanto frustrado, mas não era algo que o incomodava realmente. 

- Sim, eu sou. Espero que goste do emprego. É o negócio da família, tem muito amor no meio de tantos livros, sabia?

- Eu imaginei, esse ambiente é iluminado. Quer dizer, nos faz sentir bem.

Liam ri e se senta na bancada ao lado do novo vizinho e agora funcionário de sua mãe. Escora seu cotovelo na superfície, e deita sua cabeça na palma de sua mão direita. 

- Eu entendi. Realmente, nos sentimos muito bem aqui...

O sininho toca novamente, e todos olham para a entrada. Por um momento, pareceu que o céu se tornou mais escuro. A silhueta se tornou mais visível quando a porta se fechou, deixando o local iluminado apenas pelas lâmpadas internas da livraria, e os raios de sol que entravam pelas janelas. O que os presentes ali viam era um homem alto, de cabelos longos, escuros e levemente cacheados, olhos cobertos por um óculos escuro, camiseta branca de mangas curtas coladas em sua pele, jaqueta de couro preta, e calça jeans da mesma cor. O verde intenso e penetrante de seu olhar ficou à mostra quando ele lentamente retira seus óculos e os abaixa usando a mão esquerda. Parecia que todos haviam entrado em transe. As garotas que trabalhavam ali imaginavam como seria a sensação de beijar aqueles lábios rosados, ou fazerem coisas obscenas com o rapaz. Karen e seu filho tinham o mesmo pensamento: "Como pode uma pessoa ser tão bonita? Isso não pode ser real". E por último, o anjo pensava conhecer aquele rosto de algum lugar, se esforçava para saber de onde, mas não obteve sucesso.

- Posso ajudar? - Louis tira todos daquela hipnose, se aproximando do cliente com um sorriso amigável.

- É claro. - A voz era rouca, mas firme. - Vocês têm algum livro que fale sobre anjos? Tipo, de verdade?

E então Louis sentiu como se uma pontada extremamente leve e macia acertasse seu coração. Ele se interessava em anjos! As pessoas ainda se interessavam em sua espécie! Um sorriso enorme brotou em seu rosto.

- Temos sim. Me acompanhe, por favor.

E assim fez. Enquanto os dois subiam as escadas em formato de caracol até o segundo andar, Karen faz um sinal de positivo para seu novo funcionário, que agora provavelmente efetuaria sua primeira venda. Ele responde com um sorriso tímido, e volta a olhar para frente. 

- Aqui, sessão religiosa. - Aponta para uma estante a parte, com diversos livros daquele gênero.

- Pode me indicar algum? - O comprador pergunta enquanto passa os olhos pelos títulos, acompanhando com o dedo indicador direito. 

- Na verdade eu não li nenhum, então creio que não possa te ajudar nisso. - As bochechas de Louis ruborizaram. Ele se sentiu envergonhado por não poder ajudar, principalmente naquele assunto. 

- Está tudo bem. - Um sorriso perfeito se formou nos lábios do cliente, mostrando uma covinha em cada bochecha. Ele se vira totalmente para Louis. - Não precisa ficar vermelho, só achei que você sabia porque se mostrou animado quando eu perguntei sobre esses livros.

Louis acena positivamente com a cabeça, e quando ia sorrir, sua testa se enrugou em dúvida.

- Como você sabia?

- Como eu sabia do que? - Agora a dúvida estava no rosto dos dois.

- Que eu estava vermelho? Você estava olhando para os livros...

- As prateleiras daqui são de metal, e são incrivelmente limpas. - Os cabelos compridos se movimentam levemente quando o rapaz se vira novamente para a prateleira, passando as mãos por sua estrutura. Quando se vira novamente, vê que a expressão de dúvida estava ainda mais evidente no rosto do outro, e ri. - Reflexo.

- Ah! - O nó na cabeça de Louis se desfaz como mágica. 

- Tudo bem se eu fizer uma pesquisa na minha casa e depois voltar para comprar algum de seus livros? 

- É claro! Esperaremos ansiosamente. Qual seu nome? Para eu poder saber quem eu vou esperar da próxima vez?

- Sou Harry. - O rapaz de olhos verdes estende a mão, que logo é apertada levemente pelo de olhos azuis. - E você é...?

- Louis. Bom conhecer você, Harry.

Styles dá um sorriso, que escondia toda a perversidade de seus pensamentos no momento em que descobriu o nome do outro. 

- Você não faz ideia do quão bom foi conhecer você, Louis. 

Heaven and Hell {hes + lwt}Onde histórias criam vida. Descubra agora