Contratada

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Desde meus treze anos, moro com minha avó Frankie. Ela é dona de uma pequena Floricultura no bairro onde moramos, uma hippie de um coração maravilhoso, que me criou e me ensinou tudo o que sei, desde a morte do meu avô tem sido somente eu e ela. Acabei de me formar em jornalismo e hoje será minha primeira entrevista de emprego, em uma grande revista de moda, confesso que não sei quase nada sobre ela.
- Acorda meu Raio de Sol.
- Já estou acordada, Vovó.
Digo enquanto, terminava de pentear meus cabelos, corro para dar um beijo em suas bochechas e abraça-la. Ela segura em meus ombros, olha em meus olhos e sorri.
- Boa sorte, mostra todo seu brilho meu sol.
- Vou tentar, obrigada vovó.
Ela me entrega uma caneca fumegante de café, meu dia já começava bem, tomo meu delicioso café e corria para minha entrevista,  percebendo que ainda estava cedo, resolvo dar uma volta. Passo em frente a uma escola, sorrio quando vejo duas ruivinhas entrando todas sorridentes no colégio, um gatinho passa por elas, com um segundos de distração de sua babá, uma das meninas corre em direção a ele, indo para o meio da rua, no mesmo instante um carro em alta velocidade se aproxima, por impulso puxo-a pra mim, caindo com tudo na calçada e amortecendo a queda da pequena. Seu coração estava acelerado, sua babá e sua irmã desesperada logo atrás, ela me olha e me agradece, toda trêmula.  Me abraça, sendo seguida por sua irmã, sua babá as puxa, tirando-as de perto de mim, começam a chorar pedindo a mãe, a mulher fica branca, mas parece fazer o que foi ordenado pelas pequenas. Assim se vão, me deixando para trás, percebo que estava atrasada muito atrasada.
- Droga...
Corro em meus saltos, o ar faltava, pela queda eu tinha noção que estava desgrenhada. Ao chegar na Runway fui recepcionada por uma mulher dos cabelos vermelhos e humor péssimo, que tentava me arrastar para fora, mesmo sem me ouvir.
- Aconteceu um acidente.
- Me poupe de suas desculpas, Miranda está ocupada e você atrasada, este cargo não é pra você.
Paro olhando para ela, já estava com vontade de chorar ali mesmo, havia perdido a oportunidade. Meu olhar cai para o chão, aceno com a cabeça e me viro para sair, quando escuto vozes saindo da sala.
- Mamãe, foi ela.
- Sim, foi ela que me salvou.
Engulo em seco, agora tomando conhecimento da mulher de cabelos prateados que me olhava de um jeito estranho, certamente pela maneira que estava. As meninas saem de perto dela e correm até mim, me abraçando apertado. Minhas bochechas já coradas, ficam ainda mais vermelhas se possível. Só consigo relaxar naquele abraço sincero e carinhoso.
- Me desculpa pelo atraso...
Ela me olha se cima a baixo, isso me faz tremer, ela parece ponderar por uns instantes.
- Você está contrada, Andréa Sachs, já vi seu currículo, isso é tudo.
Ela fala e sai com suas filhas, me deixando sem entender nada, assim como a outra mulher .

Eu Te Desafio a Me AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora