Quando Você Deságua, Eu Oceano. | tae+gi

sokcho beach.

O mar trouxe você até aqui.

Sentia-se sozinho, por isso dirigiu até Daegu.

Há tempos Yoongi procurava artifícios que o mantivessem vivo, não apenas existindo. Era alguém de gênio forte, personalidade marcante e sorrisos gengivais, então a frustração em não conseguir escrever uma música que fosse o deixava louco. Gostava de transparecer sentimentos, expelir toda sua áurea em letras que tocariam pelo menos uma única pessoa que fosse ao redor de todo o globo. Ser um rapper desconhecido não o incomodava, longe disto, gostava de poder sair de um lugar e ir até outro sem seguranças ou qualquer merda do gênero.

Não queria soar fracassado, mas era exatamente o que parecia quando pensava nos motivos por ter praticamente fugido de Seul.

Não conseguia compor, não conseguia superar seu ex namorado, não conseguia atender as ligações de sua mãe curiosa sobre sua vida profissional. Eram poucas as coisas que conseguia fazer, de fato. Era um fracassado covarde que, ao invés de tentar consertar tudo, apenas fugia. E não ache que voltar até Daegu, onde seus pais moram, vá ajudar alguma coisa. Yoongi não pretendia vê-los, muito menos avisar que estava na cidade outra vez.

Estava esquivando de todos os seus demônios, mas era impossível se esconder de si mesmo.

Assim que chegou no hotel onde ficaria durante o final de semana, conseguiu respirar aliviado. Era como se estivesse em um mundo diferente, longe de todos os seus problemas e medos. Começava então a planejar o que faria, onde iria, o quanto beberia.

Poderia passar em um bar que frequentava com os amigos quando ainda morava no interior, depois compraria qualquer coisa para comer durante a madrugada e então... Yoongi poderia ir até a cidade vizinha, ver o mar.

Mar.

Três letras que o deixavam completamente arrepiado.

Seus olhos o imaginavam afundando na água clara e extensa, o abismo que existiria embaixo de seus pés e as mais excêntricas criaturas que moravam naquele lugar. Morria de medo do mar.

Tinha realmente muito pavor, porém amava o modo como a água ia e vinha por cima da areia, o cheiro levemente salgado, o modo como o som o relaxava. Era estranho, entretanto Min possuía adoração e fobia por aquele lugar.

Pois Yoongi era alguém perdido, uma nota de piano que não combinava com a batida da música chamada vida. Seus fios escuros sempre bagunçados, uma cerveja sempre em mãos, um arrependimento sempre batendo na porta. Fugir de seus demônios deixados em Seul parecia algo praticamente bobo quando olhava a imensidão azul que tanto o assustava. O mar lhe trazia respostas e, ao mesmo tempo, temores ainda maiores.

Afinal, seus demônios sabiam nadar.

Deixou suas coisas no hotel e não pensou duas vezes em ir atrás de sua irônica amiga, a praia. As roupas pretas queimando abaixo do sol que não estava forte, seus pés descalços afundando na areia macia. Não esperou muito para tirar a câmera da mochila, capturando as ondas que chegavam tão perto que quase se levantava, correndo até Seul outra vez.

Sim, não fazia sentido algum estar tão perto de algo que o aterrorizava de maneira tão absurda. No entanto... era apaixonado por algo que não poderia ter.

Bem, sempre foi assim.

...

Possuía todas as peças do quebra-cabeça, todavia ainda não conseguia encaixá-las.

Taehyung se considerava alguém de sorte. Sua carreira como modelo estava fixa, possuía trabalhos locais e internacionais, conhecia muitas pessoas, recebia o suficiente para se manter e ter seus passatempos. Era novo, mas não deixava de ser inteligente e intelectual. Apaixonado pelas artes, sonhava com o dia em que teria todas as suas obras favoritas decorando os corredores de seu apartamento caro em uma cobertura qualquer em Seul.