Contos de Outono

Prólogo

Quando eles passaram pela cidade de número 100, já estavam com fome. Muita fome. Tanta fome que as primeiras ervas que viram depois de atravessar o deserto pareciam deliciosas.

— A gente podia cozinhar elas e ver no que dá.

— Você sabe que são venenosas, né? Esqueceu das aulas básicas?

— Nyla, por que você não faz uma daquelas transmutações? Já tem sete dias que eu não como.

A mulher com quem ele falava estava no volante do carro, ela tinha mais energia que a maioria deles, mas ainda estava esgotada. Os outros três eram magos de baixo nível, só aguentavam oito dias sem alimento, mais que isso os faria murchar.

— Eu não posso fazer isso agora, quem vai dirigir? —os cabelos dela voavam com o vento frio da noite. Seus olhos faiscavam um vermelho escuro, podendo se passar facilmente por olhos de um gato selvagem— Temos que esperar até a próxima cidade.

A última cidade que tinham passado era coberta por uma barreira. Pelo símbolo dela, parecia ser dominada por vampiros e entrar lá denunciaria qualquer um em cujo braço tivesse a marca de um bruxo. Diferente do que se possa pensar, esses vampiros só sugavam sangue em último caso, o seu alimento mesmo era energia vital. Você a usa todos os dias para levantar da cama e enfrentar seu emprego de merda. Quem sabe a sua cidade também não seja dominada por eles?

Também era a décima cidade que possuía essa barreira, se não encontrassem, dentro de 24h, uma livre era provável que os outros três morressem.

O dia estava amanhecendo. A estrada era longa e eles teriam que esperar que a próxima cidade fosse mais amistosa que as últimas.

Nyla pensava com seus botões.

Estamos no território dos vampiros...