Já não ouvia mais sua voz, a luz havia sumido e á escuridão retornado. Gritei o máximo que pude mas parecia que ninguém podia me ouvir, não havia sinal de celular, e eu não fazia a mínima ideia de onde estava. Minha cabeça estava doendo, e eu não conseguia lembrar exatamente o que tinha acabado de acontecer, só me lembrava de estar viajando com meus pais para ver minha avó como era de costume em todos os verões até que uma luz surgiu... Deixando apenas eu e o carro, não era possível. Onde estavam meus pais? Para onde eles poderiam ter ido? Perguntei-me se a luz teria sido a de um caminhão, más não havia nenhum sinal no carro de batida, e eu também não possuía nenhum ferimento. Apenas queria meus pais, poder deitar a cabeça no colo deles e explicar como tudo isso estava sendo muito confuso, mas eles não estavam lá, eu estava sozinha. Solidão era bom ás vezes, quando não se estava perdida e confusa no meio de uma estrada, sem nenhum ponto de iluminação a não ser a luz do meu celular, que não tinha sinal. Eu não tinha habilitação já que faria apenas quinze anos em dezembro, mas isso não importava agora, muito menos a questão de eu não saber dirigir ou mexer em alguma coisa no carro que não fosse o som ou o ar condicionado, mas quando tentei ligar o carro não consegui, girei a chave várias vezes mas nada acontecia. Já havia se passado seis horas desde que tínhamos saído de casa, mas me lembro de ter olhado as horas um pouco antes dá luz aparecer, e fazia apenas duas horas, acho que eu devia ter apagado por um bom tempo. Eu estava assustada, os galhos das árvores faziam barulho ao se chocar uns aos outros e não passava ao menos um carro pela estrada, resolvi descer e tentar andar até uma cidade mais próxima, abri o porta malas e peguei minha bolsa de dentro, passou pela minha cabeça que seria melhor não descer e continuar no carro já que oque eu iria fazer normalmente era a escolha mais obvia que as pessoas faziam quando estavam em um filme de terror prestes a morrer, mas se eu não descesse iria morrer de fome, oque não seria tão doloroso quanto ser partida ao meio por uma serra elétrica ou ter a cabeça decapitada mais seria bem mais prolongado. Desci e fui em frente, já estava andando por uma hora e comecei a me perguntar se estava mais perto de uma cidade ou do carro, olhei para o céu e vi que não tinha estrelas, o que provavelmente significa que iria chover, é a situação só estava piorando. Eu amava ver o céu estrelado a noite, quando eu era menor, costumava sentar na janela do meu quarto e observa-lo, amava ver a lua cheia, e me decepcionava não poder vê-la hoje, ela devia estar escondida entre as nuvens escuras. Eu já estava totalmente encharcada, e fazia três horas que andava sem parar, me perguntei se teria mesmo alguma cidade á frente, já não aguentava mais andar, minhas pernas doíam muito, e minha cabeça ainda continuava com uma dor irritante, até que avistei uma pequena placa que dizia: BEM VINDO A CIDADE DAS PEDRAS. Logo no começo da cidade tinha uma estátua, que parecia uma égua mas não possuía cabeça, me perguntei se uma mula sem cabeça seria desse jeito, más acho que não era hora de pensar em bobagens. Avistei uma plaquinha na parte de baixo dela, estava escrito "Obsidiana". Tentei lembrar- me de onde eu conhecia esse nome, mas não conseguia. Avistei a porta de uma das casas antigas aberta, então resolvi entrar já que estava chovendo muito, a cidade parecia abandonada, pois tudo aparentava estar caindo aos pedaços, quando entrei na casa notei que os móveis também eram bastante antigos e estavam bem empoeirados, era um lugar aconchegante, não era muito grande, acho que deviam morar umas cinco pessoas aqui, a casa tinha três quartos, o primeiro tinha uma cama de casal, então deveria ser o quarto dos pais, o segundo tinha duas camas de solteiro e havia varias bonecas no chão e ursinhos em cima das camas, eles deviam ter duas filhas pequenas, avistei um nome em cima das duas camas, na primeira dizia Isabela e na segunda Isadora, um pouco mais a frente tinha o terceiro quarto, ele tinha uma cama de solteiro e era bastante escuro, acho que deveria ser o quarto do filho deles, pois tinha uma bola de futebol rasgada e algumas roupas de garoto. Fui ver minha bolsa, ela estava ensopada, assim como todas as minhas roupas, lembrei-me do quarto do casal, talvez alguma roupa da mulher servisse em mim, vi as roupas e eram apenas vestidos longos, más era minha única opção. Retornei a sala e avistei em cima de uma estante de madeira um porta retrato, havia seis pessoas nele, um casal de adultos, duas garotinhas, um garoto que deveria ter mais ou menos a minha idade, e uma garota que parecia ter uns dezessete anos. Perguntei-me se aquela garota também seria filha deles, e se sim, onde ela moraria, porque nesta casa não tinha um quarto, muito menos uma cama para ela, na foto ela não parecia sorrir, nem ela nem o garoto. Ela tinha os cabelos pretos e era muito pálida, olhei outras fotos também em cima da estante, em algumas a garota não estava, e em outras a família parecia não notar sua presença além do garoto.
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A maldição-1
Mystery / ThrillerTalvez já estivesse escrito, ou talvez não. Algumas maldições são inevitáveis e outras inquebráveis.