primeiro

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Camila Mendes

Simplesmente, minha vida é uma grande confusão. Eu até agora não estou conseguindo raciocinar ou até mesmo pensar sobre o acontecido, mas eu não consigo.

Nem ao menos eu entendo o que está acontecendo ou o que aconteceu. Mas como pode o ser humano ser podre nesse estado?

Eu me encontrava agora com o rosto inchado, com um coque mal feito, de pijama e deitada em minha cama.

A única coisa de útil que eu consigo fazer na vida é me trancar no quarto e chorar. Chorar sozinha, sem ninguém para me atrapalhar e dizer: "Nossa, você só chora! Para de drama!".

Nesses momentos, eu vejo que dinheiro não traz felicidade à ninguém. Eu era filha do casal mais rico dos Estados Unidos, mas nunca me senti 100% preenchida por alegria, por amor.

E a pergunta que não vai se calar, é: "Por que ERA filha do casal mais rico dos Estados Unidos?"

E agora eu respondo a vocês. Meu pai era um tipo de criminoso. Ele me usava e usava minha mãe para ganhar muito dinheiro em seus negócios. Mas como nenhuma de nós duas aguentavamos mais, resolvemos fugir, para uma cidade no interior dos Estados Unidos, achavamos que estariamos seguras aqui, mas tudo não passou de um engano meu, e da minha mãe.

Ele nos encontrou, como? Não sabemos. Ele me tratou como se eu fosse sua vadia, como seu fosse seu brinquedo sexual enquanto abusava da minha mãe. Ele a agradia, a explorava, a fazia como sua escrava. Até que ela não ficou calada, disse o que achava e meu pai, o criminoso, matou minha mãe.

E eu? O que está acontecendo comigo agora?

Meu pai me livrou de seus momentos sexuais. Era nojento eu ter que transar com meu próprio pai.

Eu não era mais virgem, perdi minha virgindade com 17 anos, e não foi com meu pai, foi com um namorado meu no colegial.

Mas enfim, eu conversei numa boa com ele, disse que eu não poderia deixar de estudar, eu queria ter uma profissão.

Ele me entendeu, mas disse que se alguém descobrir sobre o que ele é ou até mesmo, o que ele faz, eu vou sofrer às devidas consequências.

Cá estou eu, decidindo se irei ou não pra faculdade, no primeiro dia de aula.

Faltam 1 hora e 21 minutos para entrar na faculdade, eu quero faltar, mas eu também não quero faltar.

Metade de mim implora para eu ficar em casa. A outra metade está pedindo para ir, evitar ficar no mesmo ambiente que meu pai.

Levanto da cama e vou para o banheiro, tomar um banho quente e demorado. Eu preciso relaxar. Faz alguns dias que minha mãe morreu, e até agora, infelizmente, não me acostumei olhar para os lados e ver minha família acabada, pensar que nunca mais irei ver minha mãe.

Saio do banho. Me enrolo em uma toalha e vou direto para meu closed. Procuro uma roupa que seja confortável, mas que não seja cafona para ir à faculdade.

Opto por uma saia xadrez, vinho, uma camiseta preta e um blazer, preto também. Escolho uma bota preta, para combinar com minha roupa.

É elegante e confortável. Calças jeans me apertam muito e isso me deixa desconfortável durante o dia.

Eu amo usar saias, vestidos e shorts. Eu me sinto mais livre, não tem nada me apertando.

Vou à minha penteadeira e faço uma maquiagem básica, só para esconder as olheiras e o rosto inchado.

Eu não costumo passar maquiagem pesada. Como base, lápis de olho, batom escuro, blush, sombras. Uso apenas um rímel e um gloss. Mas hoje seria impossível eu não passar uma base sem que eu parecesse um zumbi.

Faço a maquiagem com calma, devagar. Não havia motivos para ir rápido, faltavam 40 minutos ainda. Eu morava à algumas quadras da universidade. Não é longe. Deve ser uns 10 minutinhos andando de minha casa, até lá.

Desço as escadas, meu rumo agora era ir para a cozinha e comer um café da manhã. Já que eu estava faminta porque não tinha saído do meu próprio quarto quando acordei.

Eu encontro o meu "pai", sentado em seu sofá, lendo um jornal e bebendo seu chá. - Típico dele, afinal, é a única coisa de útil que ele consegue fazer.

Tento descer sem fazer barulho. Não quero nem olhar na cara dele, muito menos trocar um "oi".

"Acha mesmo que eu não te vi descendo, Sra. Invisível?"

Droga, droga, droga.

"Bom dia." - Tento ser o mais seca o possível, para ver se ele nota minha vontade de conversar.

"Pensei que estaria animada, Mi Hija. Hoje é seu primeiro dia de aula na faculdade."

"Eu estou animada, mas você sabe, conversar com você não é a melhor coisa."

Boa Camila.

Ele vira os olhos imediatamente e finge que nem estou no mesmo ambiente que o mesmo.

Dou graças a Deus. Já estava cansada dessa conversa.

Ele me dá enjoo e medo. Só de olhar pra ele, penso e lembro do que esse homem é capaz de fazer.

E como ele não foi preso por essa morte?

Eu não sei.

Continuo em rumo a cozinha. Preparo meu café - da - manhã. Opto por um omelete com pedaços de bacon, e um suco natural de laranja.

Eu estava ansiosa para meu primeiro dia de aula. Eu pareço uma garotinha do ensino - fundamental. - Claro né, pior que uma garotinha do ensino - fundamental.

Eu ia finalmente rever minha melhor amiga. Madelaine Pestch. Estudamos no 1° e 2° ano do Ensino - Médio, foi os melhores anos da minha vida.

Até que meu querido pai se mudou para Los Angeles. Trazendo eu e minha mãe - suas empregadas - para lá, junto com ele.

Nesse tempo, mudei de escola. Fui para a melhor escola de LA. Mas não era a mesma na qual eu estudava em Vancouver.

Havia apenas gente rica, metida, mimada. Para lá e para cá. Era insuportável.

E Cá estou eu agora. Indo morar em um quarto de uma universidade de NY. Isso mesmo, olha aonde eu cheguei.

Claro que eu iria dividir o quarto com a Mads e mais 2 garotos, na qual só ela os conhecia.

A garota descreveu - me os rapazes.

Um era moreno. Havia tatuagens em seus braços e peitorais. Seu pai é tatuador e dono de milhares de lojas. Mas o nome dele eu não me recordo.

O outro é um cara muito músculoso. Seu nome é Keneti. Ele é ruivo, alto e inteligente. Seu pai é dono das maiores indústrias da América Latina. Ele entrou na minha antiga escola em Vancouver, no ano em que eu fui embora.

Saio de meus pensamentos quando percebo que meu prato se encontra vazio em cima da mesa.

Coloco o prato dentro da pia, pego minha bolsa, meus fones e meu telemóvel. Adiciono Bad Guy - Billie Eillish - uma das minhas cantoras favoritas! - E vou a caminho da escola.

Hoje o dia será apenas para conhecer os professores, pegar nossos horários das aulas, arrumarmos nossos armários e nos increvermos em atividades extras - curriculares.

Amanhã será o dia em que levarei algumas coisas para meu quarto em minha universidade.

Graças a Deus eu vou sair um pouco de casa e viver minha vida. Tirar minhas preocupações da cabeça e parecer uma jovem normal, igual a todos.

E Universidade de NY, aqui vou eu.

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i can't fall in love with you - || ᴋᴊᴍɪʟᴀ Onde histórias criam vida. Descubra agora