prólogo

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Mais uma vez, como de costume, estava fazendo aquilo, que de certo modo não era algo inerente a um espirito nobre que eu julgava ser. Porém, estes pensamentos que tem um fio tão afiado já não surtiam tanto efeito, com o tempo, a frustação se torna uma inquilina que nem nota-se mais sua presença e quando algo chega a esse ponto não resta duvidas que uma mudança deve acontecer,  mas eis a questão, será que era isso o que o outro eu . Novamente, este meu outro eu, tão intransigente assumia o controle e iniciava o caos que sempre trazia consigo.
Me lembro perfeitamente daquela noite e de fato como esquecer ?se ela havia ocorrido na semana passada. No sábado do dia 24 de agosto, Aline havia mandando mensagem pelo facebook dizendo que tinha um assunto sério para me dizer e que era para eu ir vê-la na praça do imperador as 19:00 horas. Pelo o que a mensagem deu a entender, seria algo sobre nosso relacionamento, que não passava de uma nefasta amizade, ao menos para mim.
Talvez, minutos antes de ela ir me encontrar eu já imaginara a cena dela ensaiando na frente do espelho com aquelas suas expressões faciais bestas sobre de que jeito diria que me ama e que desejava ter um relacionamento para além daquele que tínhamos. Pensar nisso dava aquele aperto no coração mesmo eu sabendo que todos esses turbilhoes de sentimentos gritavam apenas no cérebro. Queria muito poder abraçar carinhosamente ela e dizer que a amo também, mas isso era completamente distante da minha realidade, levando em consideração a maldição que jazia em mim que jamais deixaria que isso ocorre-se. Alguém cujo o passado condena eternamente a sempre ter relações liquidas nunca saberia o que é fazer aquelas coisas triviais de casais comuns de ir ao cinema nos dias de promoção, visitar a casa da garota que ama e sentir aquele calafrio de conhecer o sogro e muitas outras coisas do cotidiano que são demasiadamente cômicas.
Se não fosse por aquele dia, poderia ter esses momentos que quero desesperadamente. Enfim, a pausa temporária das minhas reflexões se iniciara porque era a silhueta dela que se tornava mais nítida a cada passo mais próximo de eu estava. Sentado naquele banco, antes de ela me dirigir suas primeiras palavras, o único som que dava para escutar era aquele sutil assobio da noite que não aguentava mais o silencio. Finalmente, quando ela estava diante de mim, por um instante, ficamos apenas encarando um ao outro, não queria me arriscar a iniciar, então esperei em silêncio pelas suas palavras.
- Ei,  Ruy,  o que tu estas pensando? já estou aqui a alguns segundos e teu olhar está fixado em mim, mas sinto que seus pensamentos não me pertencem.
Pensei que ela iria logo partir direto ao assunto logo nas suas primeiras palavras, afinal ela era sempre sincera consigo mesma.
Quando a olhei com mais atencão, subitas lenbracas de nossos momentos se chocavam violentamente em min, olhei para o céu, naquele dia, parecia que os brilhos das estrelas reacavam a sua beleza.
Como podia ser tão bela e incrivelmente inteligente ao mesmo tempo? Seu jeito de falar era sempre como se suas palavras seguissem o ritmo agradável de uma música clássica, era tão sincrônico. Não imaginava o porquê, mas nesse dia ela estava completamente arrumada de um jeito que nunca havia visto antes, usava uma bermuda jeans preta que realçava as nuances de suas pernas e que combinava bastante com a blusa cinza que não omitia sua fina cintura , sobre seus rosto, a maquiagem dava tonalidades bem precisavas ao seu rosto que possuía uma simetria apavorantemente harmoniosa, seu cabelo, como de costume estava solto . Demorando para perceber, havia olhado de um jeito estranho para ela dos pês a cabeça e ela havia notado, então para não tornar o clima mais  sinistro ainda que me jeito indiscreto  tinha produzido, respondi com os pensamentos meio embaraçados.
- Ah, foi mal! Estava pensando no artigo que tenho que entregar na segunda, tu acreditas que o professor não quis aceitar minha hipótese de análise sobre a expansão do capitalismo no espaço agrário de Igarapé açu, ele disse que estava uma bosta essa analise e que era para mim mudar para outra, fiquei muito raiva dele.
- Por que você sempre faz isso Ruy?
- Isso o que?
- Sei lá, as vezes é como se você adivinhasse que tenho algo complicado para te falar e sempre fica falando esses assuntos envolvendo você e a faculdade para me desviar do que quero te dizer, será que ao menos uma vez você pode ser um pouco sincero sobre a situação e me escutar, será que não pode deixar de ser um intelectual excêntrico uma vez na vida!
Dessa vez, havia ficado contra a parede, não era a primeira vez que ela tentava me dizer como se senti, a diferença é que das últimas vezes eu conseguirá contornar a situação e impedir que o assunto chegasse aonde eu não queria. Só que pelo jeito que ela estava irritada, não restava outra opção além de chegar a esse maldito devir.
- Pois bem, me diga o que deseja falar! Disse de um jeito que dava para notar claramente que estava hesitando em relação a isto.
- Você sabe que não levo jeito para esses negócios românticos e talvez ate tenha me imaginado ensaiando esse momento, mas enfim, o que quero te dizer é que, deixa para lá...
Que estranho, por um instante raciocinei que depois de escutar essas palavras sem um final claro pensei que todo meu esforço de impedir ela de se declarar tivera sido em vão, afinal praticamente nada de relevante sairá da boca dela. No entanto, em um gesto rápido ela se inclinou lentamente em minha direção e encaixou sutilmente seus braços em minha cintura e ficando nas ponta dos pés, ela me beijou. Quando, finalmente seus lábios tocaram os meus, como por impulso, envolvi sua cintura em meus longos braços e retribui o seu beijo com mais intensidade maior ainda, resolvi esquecer todo o mundo ao redor e focar apenas nesse momento. Deslizei suavemente meus dedos da sua cintura  como se estivesse desenhando, minhas mãos passaram pelo sua costa ate chegar a nuca.
Uma tempestade de sensações me dominava completamente, sabia que isso não deveria ter ocorrido, pois o pior ainda estava por vim e quando isto acontece, sempre me corrói por dentro e, sobretudo, as pessoas que eu me envolvo sempre terminam  se machucando. Pensar nisso imediatamente, fez com que meu corpo travasse .
Quando ela notou, lentamente abriu seus olhos e falou quase que sussurrando: “ Por que você parou ? Eu beijei mal? Olha,  confesso que beijei poucas vezes mas sempre disseram que eu beijava bem.”
- Não é por isso . Contestei de maneira enfática e imediatamente falei:
- Aline , é que eu deveria te dizer,  é que ..
Como que de forma espontânea. Senti aquela escuridão me envolvendo, como se frias garras estivesse massageando de modo sádico o meu coração e ao mesmo tempo minha mente era dilacerada por um som que estava me atordoando. Fiquei de joelhos no chão e coloquei minhas mãos nos meus ouvidos com a esperança de que aquele barulho parasse, estava enlouquecendo, meus pensamentos estavam todos borrados e dos que se mostrava claros, era só o que dizia “não deveria ter jeito , não deveria ter feito “. Essa voz que ecoava já era em um tom ríspido.
Quando finalmente parou essa sons dolorosos e finalmente minhas ideias voltaram a ficar organizadas já não estava no imperador e estava naquele lugar que era a que desejava nunca mais ver de novo.
-  Estou começando a imaginar que você adora vim para cá, já é a segunda vez que vem parar aqui?. Aquela voz grave e estridente me soava familiar .
Quando olhei para trás  aquela criança novamente estava lá, do mesmo jeito que antes, vestido com aquele terno preto e com aquela postura que expressava o seu ar de superioridade, aparência dela não havia mudado nada. Sua estatura ainda permanecia a mesma, devia ter aproximadamente um metro e cinquenta, até mesmo o seu cabelo preto não mudará, um corte baixo com um penteado para o lado direito. No seu rosto ainda havia aquelas pequenas sardas distribuídas e que de novo praticamente não as notara pelo fato de seus olhos tirarem toda  atenção com aquele seu horripilante tom escuro.
A tensão no ar tornava tão pesado o clima que naquele instante sentia minhas pernas ficando bambas, não conseguia falar nada, a única coisa que pude fazer foi somente acompanhar com meus olhos os seus passos lentos que se dirigiam até mim. Com um sorriso escancarado no rosto, a criança dizia :
- Ruy , Ruy, você nunca aprende mesmo, por respeito as você irei piorar mais do que da última vez para que não volte mais aqui, que sofra até seus últimos dias de sua existência pela sua insensatez “.
Um clarão me impedia de ver o que estava acontecendo...
















Aquele diaOnde histórias criam vida. Descubra agora