Âncora

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  A maior distração, do quarto, era observar as gotas de soro caírem da bolsa para o equipo lentamente, o ambiente estava ligeiramente agradável, e um silencio confortável.

  Em tempos, uma fria sensação percorria o braço direito de Butters, por conta do soro o loiro já estava habituado com esse "sentimento", porque não era lá a primeira vez que seu pai o batia tanto a ponto de precisar ser encaminhado ao hospital.

  De relance era possível ouvir um mínimo barulho, como uma ligeira sequência ritmada de bipes, talvez fosse realmente uma máquina que media seus batimentos cardíacos, permanecendo nenhum tipo de ansiedade ou horror. Tinha plena consciência que não deveria vir a calhar a sensação de "costume", aquilo com certeza se tornaria um péssimo hábito tanto para sua saúde mental, quanto pela física. Mas o pobre garoto não podia evitar.

  Escutou batidas soarem na porta do quarto em que descansava, mirou sua atenção para a mobília notando Kenny adentrar com um olhar preocupado. O loiro mais alto fechara a porta atrás de si, e caminhou em direção ao garoto meio sentado sobre a cama, este que apenas lançou um sorriso nervoso.

O mais alto revirou as orbes azuladas lhe dando um abraço apertado, sentiu o braço alheio a lhe circular reciprocamente, tinha consciência de que o Stoch apenas conseguia uma grande mobilidade com um dos braços somente. Não disse nada, só a aprofundar o rosto no pescoço alheio.

- Não o mate, por favor. – Sussurrou Butters com uma voz embargada, não necessitava mencionar para quem era destinado o pedido, afinal, Kenny identificava muito bem o dito cujo.

  O loirinho com todos seus esforços tentava não desabar em lagrimas bem ali a sua frente, por mais que pareça ser em vão, o garoto sabia que o outro sempre estaria lá por si, o apoiando e encorajando em seus objetivos, tanto que com o passar dos anos, Kenny tornou-se sua âncora, seu ponto seguro, uma pessoa que podia confiar sua vide de olhos fechados.

- Vou tentar, meu amor. – Murmurou Mccormick como resposta.

  Sim... Butters tinha pleno conhecimento do quão amoroso, carinhoso e gentil era seu amado consigo. E talvez Kenny não admitisse em voz alta, porém, assim como o baixinho quase dependia de si de forma geral, ele também enxergava Stoch como a maior fonte de apoio que já deparou em sua vida.

- Te amo, Kenny. – Vociferou sorrindo minimamente.

- Eu também te amo, Leo.

  E dessa maneira, adormeceram ali mesmo, com Butters deitado na maca enquanto Kenny descansava sobre seu colo, entretanto em momento algum o casal desprendeu suas mãos.

Âncora - BunnyWhere stories live. Discover now