Capítulo 37

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24 HORAS ANTES DO CASAMENTO

Ana Júlia havia passado o final de semana insistindo para que Diana a levasse a uma das praias de Santos, e apesar da falta de ânimo e vontade, Diana resolve que acatar ao pedido da namorada a deixará contente e como recompensa, ela se também se distrairá um pouco. Os últimos dias foram o inferno, ela mal conseguiu fechar os olhos por poucas horas seguidas; os pesadelos haviam voltado com tudo, a sensação ruim a sufocava, levando-a de volta a sua antiga realidade.

O rosto de Clara, sua mãe, e do homem que as agrediam diariamente não saía de seus pesadelos. Diana ouvia os gritos e a voz grave. E em certos momentos, ela podia jurar que todas as agressões eram reais e doíam, enquanto estava presa em mais uma paralisia do sono. Ana Júlia optou por passar as noites do final de semana ao seu lado. Estava sendo uma namorada maravilhosa, mas nada se comparava a Melissa.

Ao lado da mulher não haviam pesadelos ou sonhos ruins.

Diana estaciona a moto próximo ao meio fio e atravessa a calçada, Ana Júlia faz questão de juntar suas mãos.

É sábado, e o sol fraco da manhã aquece seus corpos. Ambas pisam na areia da praia descalças enquanto Diana carrega a bolsa da namorada com alguns acessórios dentro.

Ela olha para o lado reparando em Ana Júlia dentro do biquíne preto, o cabelo cacheado está preso em um coque no topo de sua cabeça, e ali, Diana se sente uma mulher de sorte.

Sentam-se sobre a areia, e ao contrário da mulher ao lado, Diana não está com muito clima para praia.

— Está tudo bem? — Ana Júlia pergunta com o semblante preocupado, curvando o pescoço para observá-la melhor.

— Eu estaria mentindo se disser que sim. — Respira fundo, abraçando os joelhos dobrados e encara a imensidão azul a sua frente, sentindo a cabeça da mulher pousar em seu ombro, imóvel, Diana começa a desenhar com o indicador na areia.

— Te conheço o suficiente para saber que não. — Lamenta. — Talvez devesse voltar com a terapia ou com a medicação.

— Sem mediação. Estou bem, não consegue ver? Só preciso que isso passe logo e de um pouco de sono. — Contradiz, é a vez de Ana Júlia respirar fundo e soltar, tirando a cabeça de seu ombro para também fitar o mar.

— Eu te amo, sabia? — Toca a bochecha de Diana com o indicador, fazendo-a sorrir.

— Sabia. — Continua sorrindo enquanto os dedos descem por seu pescoço em direção ao colar de ossos, causando propositalmente cócegas. — Aonde quer chegar com isso?

— Na conversa que você está adiando há dias.

O sorriso morre em seus lábios, Diana quer bufar impaciente, mas apenas continua parada.

— Eu acho melhor não.

— Eu não acredito que vou ao casamento sem sua companhia.

— Não precisará de companhia se não for.

Depois de muito insistir e de Diana muito negar, ambas travaram uma batalha de egos.

Batalha que Diana está disposta a vencer, que precisa vencer.

A ideia de ver Melissa dentro do vestido de noiva, toda de branco indo em direção ao homem, lhe causa repulsa e dói.
Deniel é um homem de sorte por tê-la ao seu lado, por poder assumi-la, por fazer o tão esperado pedido de casamento e ter como resposta o seu “sim”.

I Hate You, I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora