06

1.1K 111 10
                                    

Noah Urrea

Sábado, 2:56 PM

— Ok mas... - Heyoon começa se ajeitando na cadeira para ficar de frente a nós. - O que vamos fazer? - ela pergunta curiosa. Sina parecia um pouco desconfortável, mas eu sabia como mudar isso.

Levanto da minha cadeira e me sento em uma mais perto delas, na mesma fileira.

— Faz tempo que não nos falamos, vamos nos dar uma chance de nos conhecer de novo. Uma mentira e duas verdades, topam? - proponho sorrindo gentilmente, esperando de coração que elas aceitem.

— Pra que? Não vai mudar em nada, vou continuar te odiando do mesmo jeito quando eu sair daqui. - Sina diz simples dando de ombros, com ódio no olhar. Acho que de nós três, ela é a única que nunca vai ser capaz de superar de jeito nenhum.

— Sina, vamos esquecer isso um pouco só por hoje, depois você pode voltar a odiar a gente a vontade. - Heyoon diz com uma voz triste, o que faz meu coração ficar apertado, porque no fundo eu sei que eu sou a causa disso tudo.

— Ok. - ela se ajeita na cadeira e respira fundo. - Vamos nessa. - ela abre um sorriso fraco, o que me faz arregalar os olhos surpreso, mas faço o mesmo.

***

Já faziam horas que estávamos aqui jogando, ainda nos conhecíamos muito bem, como as palmas de nossas mãos. Eu estava me divertindo muito e também desejando que isso não acabasse nunca.

— Meu pai ainda me bate quando está bêbado... E por isso eu saí de casa hoje, ele me ameaçou mas eu não liguei, e agora não tenho lugar pra morar. - Heyoon diz baixinho começando a chorar de repente quando o silêncio se instala, me fazendo arregalar os olhos preocupado. Não acredito que aquele verme ainda faz isso. Quando nos "separamos" isso foi o que mais martelou na minha cabeça, não poder estar perto dela e presente na sua vida para proteger ela daquele monstro, isso quase me matou. Mas um dia eu a perguntei se ela estava bem e seu pai ainda fazia aquilo tudo.

— Estou bem, ele já parou. Não se preocupe. - foi tudo que ela disse, e eu infelizmente acreditei, cai como um idiota em sua mentira, como se eu não a conhecesse a anos e anos.

2 anos e meio antes

Escuto o barulho da campainha e continuo concentrado no meu celular sem me importar com quem seja.

— Noah! Noah! - escuto uma voz conhecida gritar, parecia que estava chorando, o que me fez levantar imediatamente e correr até a porta.

— Heyo... - ela não me dá tempo para que eu possa terminar de falar e pula em meus braços.

— Me salva por favor, me salva... - sua voz falha por conta do choro, percebo que suas costas estão com manchas roxas e parece que seu rosto está sangrando. O que me deixa confuso mas mais preocupado.

— Aí meu Deus, Heyoon... - falo com a voz embargada enquanto ela continua chorando em meu peito, estávamos agora sentados no sofá e tudo que eu queria era poder tirar Heyoon daquela casa, guardar ela num potinho e proteger de todo o mal que aquele verme causa a ela.

— Não deixa ele me levar pra casa por favor não deixa... - ela diz gaguejando mas consigo entender. Concordo com a cabeça acariciando seus cabelos.

— Não vou deixar ele tocar em você, nunca mais, eu prometo. - mal sabia eu ao prometer aquilo, que não iria conseguir manter minha promessa e iria quebrar ela pelo motivo mais idiota do mundo.

EarthquakeOnde histórias criam vida. Descubra agora