– Está na hora de sair do banho. Temos que nos vestir para irmos passear. - sorrio ao ver os seus brilhantes olhos e tiro-o do banho. Deixo-o no chão, ao que ele logo reage segurando-se na berma da banheira. Com medo que ele caísse, embrulho rapidamente a frágil criança numa toalha e vou até ao quarto. - Ora bem, o que vamos vestir hoje? - pergunto retoricamente enquanto Kang-Dae tentava rebolar na cama e ver-se livre da toalha que o cobria.
Rio e vou até ao armário, de onde tiro uma roupinha e volto para a sua beira. Começo a limpar a sua pele branca, passando de seguida um creme.
– O tio Namjoon finalmente vem fazer-nos uma visita. - sorrio - Não que tu saibas quem é, mas gostas bastante dele por isso vai ser bom.
Já faziam alguns longos meses desde a última vez que tinha estado com o Namjoon. Por conta do seu trabalho, era difícil passar tempo com ele. O Kang-Dae não tinha nem um ano quando ele o viu, pela última vez. Mas hoje ele estava disposto a dar-nos o seu dia e a matar as saudades. Afinal, ele é o único que, apesar do tempo e dos contratempos, nunca deixou de manter contacto.
Depois de vestir o meu filho, coloco-o sentado na cama com alguns brinquedos. Como ele parecia entretido, tentei arranjar-me o mais rápido possível. Ser mãe solteira é ter que fazer tudo o mais rápido possível. Às vezes gostava de ter mais tempo para mim. Poder ir sair a uma sexta à noite, só voltar na manhã seguinte e depois não ter horas certas para acordar. Passar um dia a ver as minhas séries preferidas sem ninguém a chatear-me. Tantas coisas que gostaria de fazer... No entanto, a minha vida agora resume-se a mim e ao meu filho. Apesar de tudo, ele é o que mais importa e o resto vem por acréscimo.Ouço a campainha tocar, pego na minha criança ao colo e vou rapidamente até à porta. Sorrindo como nunca, abro-a e encaro o rapaz moreno.
– Olhem só se não é a minha criança favorita deste mundo e do outro! - afirma, tirando-me o rapaz menor dos braços.
– Olá para ti também, menino Namjoon. - cruzo os braços, encarando a cena à minha frente. O maior espalhava beijos pela cara do Kang-Dae, enquanto este ria. - Vais ficar aí à porta? - olha para mim, sorrindo. Entra e abraça-me, muito desajeitadamente visto que tinha uma criança consigo. Fecho a porta.
– Já estás pronta para sair?
– Quase, quero primeiro dar-lhe umas papas antes de sairmos e falta preparar a mala... Tu sabes, com comida para ele lanchar, fraldas e essas coisas. - ele assente e vou para a cozinha preparar a comida, enquanto o Namjoon estava no sofá da sala a brincar com o menor.
Após preparada a mala e verificada a temperatura da papa, sento-me ao lado dos dois rapazes para dar de comer ao meu filho.
– Está tudo bem? - pergunta, enquanto me observa a levar a colher à boca do Kang.
– Sim, porque perguntas?
– Bem, normalmente é esse tipo de questões que se faz a alguém com quem já não estás há muito tempo... - diz ironicamente, fazendo-me olhá-lo com cara de mau agrado. - Mas é sério. Estás bem? Como andam as coisas por aqui?
– Namjoon, eu estou bem. E aqui corre tudo como normal. - encolhi os ombros - Sabes como é... Ou talvez não, visto que não és pai solteiro. Por falar nisso, quando é que me dás uma sobrinha? Iria adorar ver uma versão mini de ti. - sorrio encantada com a ideia.
– Não mudes de assunto, Mi-Cha.
Kang começa a fazer barulhos ao ouvir o meu nome e olho para ele que sorri com os seus olhos brilhantes. "Como és parecido com o teu pai" penso e suspiro.
– Olha, não vou dizer que é algo fácil. Claro que não. Há dias difíceis, em que só me apetece fugir por umas horas. Mas não posso. Esta é a minha realidade e, apesar de haver dias em que custa ter que a encarar, eu sou feliz com o que a vida me deu. - encaro-o por uns segundos e levanto-me de seguida - Bem, ele já acabou de comer. Vou só pousar isto e podemos ir embora.
Passados uns minutos, saímos de casa sentindo o sol a bater-nos na face, mas, ao mesmo tempo, o vento a soprar e a mostrar-nos que iria estar um belo dia de outono. Empurro o carrinho pelo passeio enquanto o Namjoon caminha ao meu lado.
– Sabes que essa máscara e o gorro não estão a disfarçar nada, certo? - digo num tom risonho.
– Bem, eu tento, pelo menos. Pode ser que não sejamos muitas vezes reconhecidos. - deu de ombros.
– Vocês nunca foram bons a esconderem-se, não é verdade?
– Sim. - riu-se - Sabes... Tenho saudades.
– De mim? Amigo, estou mesmo ao teu lado. - brinco e dou-lhe uma cotovelada levezinha. Observo a pracinha ao longe e continuo a empurrar o carrinho.
– Espero que saibas que não tens piada. - olha para mim com deboche e faço um biquinho como resposta - Continuando com a minha linha de raciocínio... Estava a dizer que sinto saudades daqueles tempos. Éramos tão felizes. Não que agora não sejamos, mas já imaginaste como poderia ser se nunca nos tivéssemos separado?
Imagens passam pela minha cabeça e um certo sentimento de tristeza invade-me. Eu não queria voltar a lembrar-me do passado. Se tudo aquilo realmente fosse bom e verdadeiro, ainda hoje estaria presente nas nossas vidas. Agora não passam de memórias que não devem ser mexidas.
– Está no passado e é assim que deve continuar. - digo friamente.
– Sabes que não é bem assim. Poderia estar tudo tão diferente se nós quiséssemos.
Paro na frente da pracinha e viro-me para o alto moreno que me acompanhava.
– Ouve, Namjoon. Se as coisas estão assim não é porque eu quero ou quis. Várias vezes tentei ir atrás de vocês e resolver as coisas. O simples facto de falar contigo e com os outros não mostra que quem não quis foram eles. Não achas? - arqueio a sobrancelha, enquanto ele suspira.
– Mas o Jungkook, ele...
– Ele o quê? - interrompo.
– Vocês podiam estar tão bem agora. Se tu lhe contasses tudo...
– Quem quis acabar tudo foi ele e eu também vou acabar com esta conversa. Tenho pouco tempo para estar contigo e não o vou estragar com um assuntos destes.
Dito isto, continuo a andar e o Namjoon segue ao meu lado. Apesar disto, o dia passou super bem. O ambiente entre nós estava excelente. Passeamos imenso, ele brincou com o Kang-Dae, tiramos fotos e comemos imenso. Conseguimos matar um pouco das saudades que tínhamos. Maldita agenda que não nos permite passar mais tempo juntos... Afinal, o Namjoon sempre foi o irmão que eu nunca tive e eu só tenho a agradecer por me ter acompanhado na gravidez e em tudo aquilo que passei. Tanto no bom como no mau.
No final do dia, levou-nos a casa. Já o meu menino dormia que nem um anjo e eu agradeci por isso, pois assim podia descansar.
Despedi-me do Namjoon com um abraço, que ficou ainda mais apertado quando este me sussurrou um pedido de desculpas pela conversa que tivemos mais cedo. Dei-lhe um sorriso como resposta e entrei em casa, acenando-lhe uma última vez.Após ter deitado o Kang, já com o pijama vestido, sento-me no sofá e ligo a televisão num canal de filmes qualquer. Com o telemóvel na mão, decido atualizar o meu Instagram e publicar uma foto que tirei mais cedo do Namjoon com o Kang.
Pouso de novo o telemóvel e presto atenção ao filme que passava. Quando este se tornou aborrecido, volto a prestar atenção às redes sociais e às notificações que tinham chegado. Até que uma me surpreendeu.
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Rewrite The Stars || Jeon Jungkook
Fanfic"Não vai dizer que você Não tem curiosidade em saber O que seria eu e você Se não fosse aquele dia Em que decidimos deixar de ser Eu e você"