Neve. Neve era branca, um branco que se mostrava tão puro e delicado, mas que, ao primeiro toque, se demonstrava fria e difícil de se tocar. Mas porque as coisas mais bonitas sempre são as que são mais impossíveis de se tocar ou chegar? Talvez porque, o que é belo aos nossos olhos, não passe de uma ilusão.
No parapeito da janela, conseguia observar a casa em que ele morava. Era uma casa pequena, mas acolhedora. Não tinha muito por ali, mas era o suficiente para uma vida estável. Ele era o sinónimo de "Ter nada e ser feliz"; o artista que todos desejavam que crescesse e que se tornasse num dos mais aclamados de todo Busan. Mas porque tudo deu errado e ele teve que partir? Pois bem... Nesse quesito, a culpa é minha.
A culpa que corrói a minha alma e a corta como uma faca, lembrando todos os dias do que eu lhe causei; toda a dor sentida na sua mente e todas as vezes que eu talvez lhe tenha desapontado, afinal, não somos perfeitos. Mas a minha imperfeição levou à destruição de quem eu não queria destruir. Destruição que, agora, não tem mais volta atrás e, caso tenha, não seria algo tão sortudo para mim. Ia ser julgada de qualquer maneira, estando ele aqui ou não. Teria que enfrentar o meu juízo final.
Mas para sofrimento meu, todos os dias a minha mente faz-me questão de lembrar das mãos sujas de tinta negra; do gosto a Cherry lipstick nos lábios; de todas as palavras carinhosas proferidas pela boca deste; a voz melódica que deixava qualquer um apaixonado e o som da sua respiração ofegante sempre que estava nervoso. Eram detalhes que talvez nunca mais iria ver. E porque não iria? Bem, porque eu fi-lo conhecer a vida para além da morte.
Porque a neve é tão bela e tão fria ao mesmo tempo? Porque existem tantas pessoas como a neve? Bem... As pessoas são como a neve porque um dia, alguém as tocou por achá-las belas e sentiram o seu calor. Agora, elas são belas... Mas frias.
Assim ele ficou... Belo e frio, sem um resto de sopro no seu corpo. As maçãs rosadas que todas as manhãs me solicitavam com um bom dia; os bilhetinhos no correio de casa como alerta de que eu precisava ir ajudá-lo... Tudo isso, foi-se.
— Mitsuha... Precisamos ir, está na hora das aulas de tarde, lembras-te? — olho para trás, observando o rosto do Hoseok e suspiro, levantando-me e seguindo até ele, segurando em sua mão e entrelaçando os nossos dedos. — Ele entende a nossa posição, bebé... Hm?
— E se ele nunca entender? — os meus olhos brilham, com lágrimas ameaçando cair enquanto pego na minha guitarra para a aula.
— Ele irá minha pequena, ele irá!
Foi assim que eu te perdi, Jungkook, perdi-te por não ter sido a musa perfeita para os teus desenhos e a pessoa mais adequada para enfrentar os teus demónios. Perdi-te porque eu fui ingénua demais para entender que me querias. Perdi-te, simplesmente, por minha culpa.
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𝓬𝓪𝓻𝓽𝓸𝓸𝓷 𝓫𝓸𝔂 ; 𝓳𝓳𝓴
Fanfiction❛- Todos os artistas têm uma musa, eu posso ser a sua musa, Jungkook?❜ Talvez, amar fosse algo muito subjetivo. A felicidade provavelmente é de pouca dura, mas nisso nós não temos mão, ou temos? Talvez, amor é das maiores drogas existentes. Ou dos m...