A Culpa faz isso com as pessoas?

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Quinta Feira, 10 de Outubro:

Querido diário. Nunca mais viajaremos no tempo de novo. Nem sei como começar a explicar o que houve. Se eu pensar demais sobre as ramificações, meu cérebro vai derreter. Quando tento descrever, é como se tivesse acontecido a outra pessoa.

A Chloe ficou muito chateada quando descobrimos que a Rachel estava envolvida com o Frank Bowers e estourou. Eu nunca consigo falar com ela desse jeito e estou cansada de ter que pegar leve com as emoções dela. Ela ainda culpa o William pela vida zoada, mesmo sabendo que está sendo injusta. Não posso dizer que não ficaria tão abalada quanto ela. Não que eu não esteja da minha própria maneira.

No meu quarto, só conseguia pensar, "Queria poder voltar no tempo e ajudar a Chloe" e, de repente, estava olhando para a fotografia que o William tirou de nós no dia em que morreu... e tudo começou a pulsar como se estivesse em 3D, como se eu conseguisse ver DENTRO da fotografia.

E aí me vi dentro da fotografia... quando tinha 13 anos. Eu estava na cozinha da Chloe no ano de 2008.

Com a Chloe. E o William.

Logo antes de ele buscar a Joyce pela última vez. Como os meus poderes de alguma forma atingiram esse novo nível de viagem, decidi que não podia deixar o William morrer de jeito nenhum. Então, brinquei de "esconder as chaves" até ele não ter outra opção a não ser pegar um ônibus.

Fiquei bem feliz por ter salvado o William. Nunca pensei no que poderia dar errado...

Eu soube que tinha ferrado tudo quando voltei da minha viagem épica e vi a Victoria Chase... dizendo que era minha AMIGA. E que eu era MEMBRO do Clube Vortex. Já chega por aí.

Sabia que tinha feito merda. Enlouqueci pensando no que poderia ter acontecido com a Chloe... Tive uma certa ideia quando vi o David Madsen dirigindo o ônibus escolar. Com certeza não parecia mais tão ameaçador... Nem quis saber como ele acabou como motorista de ônibus escolar em vez de estar com a Joyce...

Senti meu coração latejar quando corri para a casa da Chloe. E, quando o William abriu a porta, me preparei para o pior...

Foi quando a Chloe avançou com sua cadeira de rodas. Paralisada do pescoço para baixo. Nem soube o que dizer, então cobri a boca num típico gesto de choque e estupidez. Mas o sorriso da Chloe foi tão genuíno e lindo que quase chorei.Tive que me ajustar a tudo sem enlouquecer nem contar para a Chloe que alterei o tempo e espaço para salvar o pai dela, mas que acabei colocando-a em um acidente, fazendo com que nunca mais andasse. Enfim, ainda era a Chloe, só que com menos raiva. Essa Chloe só estava feliz por estar viva e por ter a família ao seu lado.A Chloe implorou para que eu passasse a noite lá e, é claro, aceitei. Notei como o térreo da casa estava, comparado a antes. Vi os equipamentos incrivelmente caros que a Chloe precisa agora, incluindo o novo quarto na garagem. Foi mal, David.Apesar de me sentir péssima e desconectada, a Chloe estava feliz e empolgada por estar comigo de novo, especialmente porque sumi completamente depois do acidente. Mesmo em um universo paralelo, sou uma péssima amiga.O mundo da Chloe era tão novo e único para mim, especialmente por sua força, bondade... e dor. Ela precisou de muitos remédios para aguentar o dia. Eu não senti pena dela... fiquei em choque com sua postura. Essa Chloe não culpava ninguém pela sua condição, mesmo que tivesse esse direito. Demos uma volta na praia e vimos as baleias encalhadas que provaram que algo ruim estava acontecendo nas duas realidades...E depois a Chloe pediu para eu fazê-la dormir. Para sempre.O acidente acabou bastante com o corpo dela. Os pulmões pararam de funcionar direito e ela estava tendo uma morte lenta e dolorosa. Ela também se sentia culpada pelo sacrifício e os gastos enormes que seus pais estavam fazendo. Não foi excêntrica nem torturada ao fazer esse pedido, apenas... prática. O que fez com que eu me sentisse pior ainda por tê-la colocado nessa situação.

Life is Strange: Diário da MaxOnde histórias criam vida. Descubra agora