Eu e minha irmã entramos no hospital, enquanto isso Lucas permanecia no carro, ouvindo música, ou seja lá oque ele estava fazendo.
O hospital com certeza não era um lugar onde eu gostava de estar, e acredito que minha irmã também compartilhava desse mesmo sentimento. O local estava quase vazio com apenas 5 ou 6 pessoas sentadas em cadeiras almofadadas, mexendo em seus celulares ou apenas olhando para o teto. O silêncio pairava no ambiente deixando apenas o barulho irritante do ar condicionado se espalhar por todos os cantos.
As cores claras do ambiente hospitalar causavam incomodo aos meus olhos. Eu mal conseguia imaginar o sofrimento que meu pai deveria estar passando naquele local há 3 meses.
O silêncio era absoluto exceto pelo ar condicionado que ainda continuava a me irritar. Eu e minha irmã fomos em direção à recepção para solicitar a entrada no quarto 14.
Alan: Boa tarde.Recepcionista: Boa tarde, posso ajudar? -disse ela olhando para a tela do computador á sua frente.
Alan: Sou Alan Carter e essa é minha irmã, Caroline Carter, viemos ver o nosso pai, o nome dele é Augusto Carter.
Recepcionista: Ele está no quarto 14, agora são 13:30h, vocês poderão entrar daqui dez minutos.
Alan: Obrigado.
Nós deixamo-nos estar juntos as outras pessoas, sentados nas cadeiras, esperando alguém nos chamar. O barulho do ar condicionado parecia estar aumentando cada vez mais, chegou um momento que achei que aquele som estava dentro da minha cabeça. Aquilo já estava me tirando do sério e eu acabei me excedendo.
Alan: Será que alguém pode arrumar esse maldito ar condicionado!? -todos olharam pra mim com uma cara assustada mas logo perderam o interesse.
Recepcionista: Alan Carter, o seu pai já está pronto para a visita. Devo avisá-los que só é permitida a entrada de um parente por vez. E também devo pedir para que você nao grite novamente, você está no hospital e o silêncio aqui é precioso.
Chamei a minha irmã -que estava dispersa em seus pensamentos- e disse que já podiamos ir. Caminhávamos lentamente pelo corredor iluminado, eu não dirigia a palavra à minha irmã e nem ela dirigia-se à mim. Enquanto caminhávamos vimos passar uma enfermeira correndo com uma maca, poucos segundos depois escutamos um som alto de metal tilintando, quando olhamos para trás vimos que a enfermeira havia caído, talvez por estar correndo rápido demais. Eu e minha irmã rimos baixo saboreando aquele momento, -que não deveria ter sido engraçado- logo depois ficamos sério novamente e continuamos andando. Desde que o nosso pai havia saido do manicômio eu me afastei dele, enquanto isso minha irmã tentava se aproximar cada vez mais. Meu pai vivia dizendo algumas coisas á minha irmã, coisas que eu não me dava ao luxo de ouvir. Isso fez com que eu e minha irmã nos afastasse, então esses momentos onde estamos juntos e dando risada são momentos raros. Em vários momentos ele falava sobre seus sonhos, narrava-os como se fossem tão reais quanto a própria realidade, mas eu continuava sem acreditar nele. Ele dizia que toda noite tentava se manter acordado o máximo possível, pois ele sabia que cada noite que ele sonhasse era um passo mais proximo de sua morte. Eu apenas dizia que ele era louco e que deveria parar com esses papos.
Andando um pouco mais nós chegamos ao quarto 14 onde ele estava e entrei primeiro.
O quarto onde estava, diferente do resto do prédio, era de uma cor azul clara, com uma grande janela que dava vista a um dia escuro, nublado e chuvoso. Andei por alguns segundos ao redor da maca onde ele estava, tocando levemente em algumas barras que seguiam tão frias quanto o ar gelado que fora emanado do ar condicionado -que já não faz barulho-. Me sentei ao lado e encarei-o por um tempo.
Augusto: Alan... você veio, cadê a Kaka?
Alan: Ela está lá fora, você sabe que só é permitida a entrada de uma pessoa por vez. Como você está?
Augusto: Eu não estou bem... Não tem como estar bem estando deitado aqui sem poder ir pra casa.
Alan: Eu sinto muito por não podermos ajudar, se você quiser posso perguntar aos médicos se você ja pode sair daqui.
Augusto: Não adianta, se eu
tentar me levantar não me mantenho nem um minuto em pé. Parece que aquilo continua me sugando.Alan: Ah, por favor não venha com aqueles papos.
Augusto: Você ainda não acredita em mim não é?
Alan: Pai, tenta ver do meu ponto de vista, eu estou diante de uma pessoa de 55 anos que era psicólogo, essa pessoa diz ter atendido um paciente que vivia dizendo que estava sendo perseguida pelo bixo papão, ai o psicólogo ao invés de fazer com que o paciente fosse curado, começa a acreditar no paciente, e ainda por cima, diz que também está sendo perseguido! Desculpa, mas nao tem como eu acreditar em uma pessoa de 55 anos que acredita no bixo papão e diz que ele o está perseguindo.
Eu sai da sala nervoso e deixei o meu pai lá. Talvez eu não devesse ter feito isto, mas eu já não aguentava mais essas loucuras dele. Minha irmã olhou para mim com uma cara de reprovação e entrou no quarto.
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Pesadelo Sem Fim
ParanormalUma pequena história de terror. Nosso protagonista se chama Alan, um garoto de 21 anos. Morando junto com a sua irmã eles terão diversas desavenças agora que seu pai não pode tomar conta da casa. Sua aventura começa e ao mesmo tempo termina ao enten...