Cinco moças de Guaratinguetá - Roteiro de teatro #1

Filmes Piratas.

O sol era quente, as casas tinham cores vibrantes e era dia de feira e como o esperado, muita gente passava por ali.

(Fiona, Joana e Eliza passam com uma sacolinha de feira, conversando sobre seus relacionamentos passados)

São Sebastião correndo em direção de Fiona: Ô madame, será que você pode me dizer onde tá a barraquinha dos filmes? Tava querendo ver um hoje, depois do almoço.

Fiona, ríspida e irônica: Barraquinha de filmes piratas?

São Sebastião, confuso: Ah, sei lá moça... Os filmes lá.

Fiona: Não sei onde estas porcarias estão, só sei que seus vendedores faltam, e muito, com respeito.

Joana: Pois é Fi, desde novinho ensino meu filho a ser justo e não comprar estas tralhas.

São Sebastião: Porcarias? Tralhas? São filmes bons e, melhor ainda, baratos!

Eliza: E o senhor é um ignorante se quer saber o que penso!

Joana: Você não sabe que pirataria é crime?

Fiona: Não sabe o qual sujo é você fazer um trabalho para outra pessoa ser remunerada?

(Joana e Fiona cruzam os braços em reprovação e colocam as sacolas no chão)

São Sebastião: As senhoras vão me desculpar mas não tenho dinheiro para pagar o original e outra, qual o mal disso se não estou envolvido na bandidagem?

Eliza: E o senhor vai me desculpar mas se não tem o dinheiro, que fique sem ver o filme, caso queira saber o que eu acho!

Joana: E pode não estar envolvido diretamente mas indiretamente vai acabar ajudando esse e outros tipos mais pesados de crime!

(Clara passa esnobe por eles)

São Sebastião: Pra mim tanto faz! Minha vida, faço o que quiser, compro os filmes piratas que quiser!

Clara: Não querendo me meter mas cadê sua classe, Sebastião? Onde foram parar seus valores? Ah é, nunca existiram.

São Sebastião: Saía para lá com seu coração quebrado!

Clara: Só se você estourar este teu ego inflado primeiro.
(Cruzou os braços, juntou os pés, empinou o nariz e soltou um "Hum" em resmungo)

Fiona: Senhor, no final estamos certas. E, como Heráclito disse alguma vez ou algo assim, espero que você mude, como um rio. Sei que a única coisa permanente é a mudança e espero que a sua seja para melhor.

Clara: E tenha mais classe da próxima vez.

Joana: Tenha um pouco mais de empatia para os criadores e dê a devida remuneração a eles.

Eliza: Desejo que passe bem, se talvez queira saber.

Fiona: Na verdade, vi a barraquinha sim, mas gosto de um bom drama.

São Sebastião: Vão se lascar!

(Pose do quadro)