Memórias do meu Quarto de Guerrilha

03/09/2019

xxxxx, 03 de setembro de 2019

Eu poderia contar cada item que há no quarto em que moro. Poderia até fazê-lo de forma metódica, como fazemos bons cientistas, sedentos por conhecimento. Mas deixo a estes à sua capacidade plena de organização, pois está para nascer sujeito mais desorganizado, digo isso sem mérito algum, que eu.
Três pares de meias, duas bermudas e quarto blusas. Destas últimas, duas uso para sair e duas para ficar em casa, é o que tenho. Um colchão velho, que atualmente limpei com bicarbonato e água sanitária. Um horror! Se eu soubesse que me custaria uma noite de sono em longas coceiras e um processo alérgico, jamais teria pegado essa receita na internet.
Já ia esquecendo de contar, possuo livros em minha pequena jaula, não muitos. Alguns títulos acadêmicos, não acadêmicos, literários e autoajuda. Um pouco empoeirados? Talvez! Mas todos muito bem-amados.
Na janela gradeada, aloquei um compensado de madeira velha, que achei na rua, e coloquei algumas plantas em cima. Acredito que toda casa precisa de um cadinho de vida, além dos moradores que lá habitam. Toda casa necessita de pernilongos, formigas, uma baratinha vez ou outra, não mais que uma, por favor, lacraias escondidas no banheiro e aranhas, muitas. Aranhas pequenas, domésticas e bem caseiras, dessas que já preparam a residência para o Halloween. Definitivamente não confie em uma casa que não tenha uma boa e velha aranha de estimação.
Sendo grande, pequena, ou somente um quarto. Lugar arrumado demais, é igual avida regrada em excesso. Causa angústia, medo, pavor! Certamente não há ninguém vivo por lá ou quem lá habita, deve ter desistido de viver, e morre aos pouquinhos, pelos cantinhos, aqueles que vivem empoeirados por ausência de limpeza.
Sua mãe também mandava você varrer os cantinhos? A minha mandava, e aconselhava também, não levar tão a sério essa mania de limpeza. Afinal, amanhã teremos quefazer novamente.