love me through the window; [yukten]

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Chittaphon adorava histórias de amor.

Não importava quantas vezes assistisse em sua televisão sem cores a mesma trama clichê, encaixada em situações levemente diferentes, ele nunca se enjoaria. Ele sempre se encantava com os mesmos enredos previsíveis que continuamente embalavam os dois protagonistas a viver o romance perfeito, e finalmente alcançar o tão aguardado "felizes para sempre".

Entretanto, o amor nunca fora gentil com o garoto como costumava ser nas tramas dos romances de TV que ele tanto adorava. Ele teve a experiência de apaixonar-se apenas duas vezes na vida. Na primeira, com catorze anos, o coração de Chittaphon enleou-se ao de um garoto de sua sala de aula, que tinha o mesmo apreço por desenhos que ele: Sicheng. Os dois se davam bem, timidamente bem. Porém, um desvio de percurso dramático colocou uma terceira pessoa na história deles. O jovem e apaixonado Yuta, o par romântico perfeito para Sicheng, e o coração do garoto o escolheu ao invés de Chittaphon.

Foi quando descobriu que ele nunca havia sido um dos protagonistas deste romance, o ponto de virada o atingiu mais forte do que ele jamais esperaria.

Depois disso, Chittaphon acreditou que nunca mais se apaixonaria de novo, que as histórias de amor não eram para ele. Que ele protagonizaria apenas mais um enredo dramático e, no máximo, interpretaria a terceira ponta do triângulo amoroso da história de outra pessoa. Exatamente como ele fora para Sicheng e Yuta. No final, não encontraria o verdadeiro amor, e seria obrigado a assistir os créditos de seu filme subirem lentamente diante de seus olhos. Sozinho e frustrado.

Passou a acreditar que o amor verdadeiro sequer existisse.

Demorou dois anos para que o roteiro de sua vida lhe comprovasse que estava errado. Foi, então, a segunda vez que se apaixonou, e a primeira que o amor chegou de verdade, como nos romances da TV.

Esse amor chegou batendo três vezes na porta, quase que ritmicamente. Chittaphon o viu em seu mais lindo sorriso quando atendeu a porta. Era o personagem perfeito, um galã de cinema. Ele era alto e tinha olhos gentis que pareciam penetrar sua alma e olhar para todas as coisas boas em Chittaphon. Ele perguntava por Kun, o irmão mais velho de Chittaphon, com algum sotaque leve e encantador que ele não reconheceu. Ele recentemente havia completado dezenove anos de idade, e Chittaphon, dezessete. A beleza dele era estonteante, de tirar o fôlego. Demorou alguns segundos para que as palavras que ele disse fizessem sentido na mente de Chittaphon, que estava hipnotizada pela chegada impactante do amor que, diferente do garoto em seu batente, chegou sem ao menos bater nas portas de seu coração.

Demorou apenas mais alguns minutos para que ele descobrisse o básico sobre o garoto, que ele era seu novo vizinho, que havia se mudado quatro dias antes para a casa ao lado, junto com suas irmãs e pais. Alguns outros poucos minutos foram suficientes para que Chittaphon descobrisse o nome dele, quando colocou a orelha contra a porta do quarto de Kun, para tentar descobrir mais alguma coisa, qualquer coisa que fosse, sobre o menino alto de sorriso largo.

Yukhei.

Esse mesmo nome já havia viajado por inúmeras páginas do diário de Chittaphon, mais do que ele jamais admitiria. Também permeava por incontáveis pensamentos e por alguns de seus sonhos. Mas nunca, jamais, passou por entre seus lábios.

Nunca, no período de dez meses desde a mudança, Chittaphon teve coragem de conversar com Wong Yukhei.

O mais perto que já havia chego disso foi cumprimentá-lo com um breve "oi" e despedir-se com um tímido "tchau". Duas palavras, que Yukhei sempre respondia, fazendo questão sorrir simpaticamente logo depois.

Percebeu que, se sua vida fosse um filme romântico, o roteiro estaria deixando a desejar. Entretanto, ficou em feliz pelo roteirista incluir o sorriso de Yukhei após cada fala sua, mesmo que raras. Aquele era, definitivamente, o sorriso mais deslumbrante que já havia visto na vida. Mais do que o de qualquer galã de televisão.