Capítulo 15

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PDV. Cléo
ReservaLR_Souza

Bato na porta esperando que ela me deixe entrar.

Agora eu tenho que bater na porta pra entra no meu próprio quarto.

Acredita?

Posso ter odiado o modo como Cruel tratou toda a situação, mas eu ficaria com ela do mesmo jeito.

E tão ruim se sentir sozinha nesse mundo enorme.

- Entre - assim que abro a porta vejo ela de toalha de frente pro espelho seu cabelo tá um verdadeiro bagaço.

- Acho que vamos ter que cortar, tudo bem pra você?- ela confirma com a cabeça.

O cabelo dela é lindo e realmente ela parecia um homem, toda maltratada e suja sem falar que as roupas não ajudavam.

Mais agora ela tem uma casa e vou cuidar bem dela.

- Vou tentar salvar o máximo de cabelo tá bom?- vou até a gaveta e procuro uma tesoura e um pente.

- Nunca liguei muito pro meu cabelo - ela já passou por tanta coisa que tenho certeza que o cabelo é sua menor preocupação.

- Quer conversar?- ela fica calada - Tudo bem se não quiser, mas vamos morar juntas agora que tal nós conhecermos melhor?- me sento na cama.

Ela fica entre minha pernas e começo a desembaraçar o cabelo dela, vai dar um trabalho enorme.

Todo esse cabelo no lixo chega dói no coração, não nem pra salvar um pouco pra vender a moça do salão.

- Como foi parar na rua?- ela fica um tempo calada.

- Fugi do lar adotivo, a tia de lá me batia muito. - confirmo com a cabeça.

Tem muita gente que achar que orfanato é que nem o da chiquititas, muitas vezes as crianças preferem viver na rua do que no lugar que deveria ser seguro e acolhedor.

- Desde quando tá na rua?- ela fica um tempo calada.

- Quatro anos - se pra você que tem um teto e comida na mesa é muito tempo, imagina pra quem não tem a certeza tem que dias melhores chagaram.

- Muito tempo - tento ao máximo não chorar.

- E você?- não tem muito o que falar de mim.

- Também fugi, minha mãe não aceitava muito bem o jeito que eu vivia então eu fui embora - acho que ela ter me pego transando ajudou.

Mais isso não importa muito.

- Sente falta?- respiro fundo.

- A gente não sente falta do que nunca teve - minha família é basicamente de fachada, ninguém gosta de ninguém.

- Ele está falando sério mesmo sobre ser meu pai e você minha mãe?- respiro fundo.

Qualquer dia vou acabar sendo morta e não vou ouvir Gil dizer "Eu avisei"

- Está, mais tudo bem se não se sentir pronta - seremos mais amigas. - Pronto já consegui salvar uma parte - ficaria um pouco abaixo do ombro.

Cortei seu cabelo e depois morreu a conversar, ela ficou calada, mas esse seria um começo pra nós duas e pensando bem não dá pra ser má influência do seu próprio filho.

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