a chegada do meio-irmão

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8:45 da manhã, é o horário que o despertador marca.

Ele toca um som tão vibrante que me acorda de imediato.
Meu primeiro pensamento da manhã é me perguntando se todos os despertadores reverberam esse som irritante.
provavelmente a resposta é sim.


Me levanto da cama ainda um pouco embriagada de sono e vou até o banheiro para o banho.
No caminho tropeço em uma bolota negra.

  
    -"Lua! Você não devia estar no meio do quarto. Eu paguei caro na sua caminha e espero que você durma nela ok?"

Pego lua nos braços e a levo até a sua cama ao lado da minha penteadeira.

Lua é minha gata, ganhei ela de natal do meu padrasto ano retrasado. Agora ela é meu bicho de estimação e minha ouvinte na maioria dos tempos.

Se bem que acho que ela não gosta de me ouvir, já que a expressão dela sempre é de um grande tédio.
Mas provavelmente é a expressão de todos os gatos do planeta, né?
  

  - "Aria, você não ouviu o despertador?!"- Ouço minha mãe gritar da sala no momento que saio do banho.

  - "Eu ouvi, será que você pode esperar 5 minutos pra eu me arrumar? ou o novo integrante da familia tem problemas com horários?"- Grito de volta.

O novo integrante da familia é meu meio-irmão, Alex. Ele é filho do meu padrasto Daniel, nós moramos juntos. Mamãe, Daniel e eu.
E daqui a pouco Alex também.

Meu novo meio-irmão mora em chicago com a mãe dele. porém a lilian, mãe de Alex, trabalha viajando o mundo expondo seus quadros. Ela é uma artista de mão cheia, pelo que ouvi falar sobre ela nas revistas sobre artes.

Sendo assim ele vai passar o verão com a gente.

   - "Já vão dar 9:10 Aria, desce agora mesmo que eles já estão chegando!"  - mamãe grita novemente.

Termino de me vestir e me olho no espelho, olhos castanhos me encaram de volta.

Tenho os olhos da minha mãe e os cabelos do meu pai, tão negros quanto a noite.

Papai morreu a 4 anos atrás, eu tinha 13 anos na época e ainda consigo sentir a dor da perda, em alguma parte emterrada no fundo da minha alma.

A saudade sempre arrumava um jeito de aparecer.
  
Empurro as memórias que eu tenho no fundo da mente e dou uma ultima encarada no espelho.
Leggin preta, blusa regata preta. Bom, não é nenhuma data comemorativa e não vejo porquê recepcionar meu novo meio-irmão com algo digno de festa.

Desço as escadas até a sala e vejo mamãe parada na bancada da cozinha.

Atrás dela a mesa estava cheia de comida, que eu duvidava que alguém comeria metade daquilo pela manhã.

Sem contar que calculando mentalmente daria pra metade da população carente da África, o quê eu posso dizer? Mamãe é exagerada.

   - "O natal chegou mais cedo e ninguém me avisou?" - pergunto parando ao seu lado enquanto ela observava ansiosa a porta.

    - "Quero causar uma boa primeira impressão, só isso..." - Ela diz isso e posso ver o quanto está nervosa.

Não a culpo, a mãe de Alex e meu padrasto se divorciam a 2 anos atrás. E acredito que não tenha sido fácil pro meu meio-irmão a separação dos pais.
Mamãe tem receio que ele a culpe pelo término.

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⏰ Última atualização: Jun 19, 2021 ⏰

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