Capítulo II

3 1 0
                                    

"Maybe I'm just a ghost..."

Jennie cantarolava isso enquanto desenhava e escrevia coisas abstratas em seu caderno amarelo, tudo que ela pensava estava alí, tudo o que ela via e o que sentia. Ela estava sentada em um canto no chão do corredor, parecia estar completamente fora daquela dimensão.

– Ei Kalon – chamou alguém, porém ela não deu atenção ou realmente não ouviu. – Kalon! – disse e bateu em seu caderno. Ela olhou pra cima e viu.

– Larry... – disse suspirando, como se já soubesse o que aconteceria e como se estivesse cansada disso.

– Sabe Kalon, eu já tô irritado com você – "como se eu me importasse" – você fica aí encarando todos com esse olhar que você pensa que assusta, dando uma de espertinha na sala de aula, tá se achando especial Jennie? – "Lá vamos nós" – Bom, tenho uma notícia pra você: você não me assusta e não tá livre de mim! – "Anda logo com isso" – Responde caralho! – Ele grita e sem esperar, soca ela.
– Vamos ver se agora você reage a algo!
Larry usa seu punho direito pra socar Jennie sem exitar, várias vezes seguidas até ela cair e assim ele chuta até que ela não tenha mais consciência...

***



– Okay, vamos com calma - a enfermeira encosta o algodão na ferida no rosto de Jennie e ela desvia – Olha se você não falar com alguém sobre essas agressões ele nunca vai parar.
– Eu fiz isso... No começo... Sabe o que meus pais disseram? – houve uma pausa séria – "Se um homem bate em você, você certamente mereceu! Não nos envolva nisso e não fique choramingando, só vai conseguir mais surras" – a enfermeira parou alguns segundos e não disse mais nada, apenas voltou a limpar as feridas – Meus pais não estão nem aí para o que acontece comigo contanto que não afete a eles... Além disso, eles estão em viagem e me deixaram sozinha, não há porque falar com eles.
– Aqui, eu vou passar uma pomada e colocar um bandaid nesse corte...
– Não, não precisa disso, eu vou ir pra casa
– Jennie você está machucada, meu trabalho é cuidar de você
– Não é necessário... Argh – Ela exclama quando ao levantar sente uma dor em sua costela – eu fico melhor se for pra casa e tomar um banho, mas obrigada por tudo
– Jennie volta... – antes que ela pudesse terminar Jennie fechou a porta.

No caminho de casa, Jennie estava mancando e fazendo o de costume, evitando olhar para as pessoas nas calçadas até que finalmente chegou em casa. Fechou a porta e acendeu as luzes, ficou parada alguns minutos e puxou fortemente o ar para dentro de seus pulmões, apreciando a companhia do nada, foi até o toca discos que apreciava bastante e posicionou a agulha. Enquanto tocava Edith Piaf ao fundo ela foi até seu quarto e pegou um kit de curativos e remédios que ela tinha deixado ali estrategicamente para dias como este, apesar de não se importar mais com a dor, hoje ela precisava estar em forma.
Pois encarava o vazio e pensava como estava ansiosa pelo que estava por vir.  Depois de tomar uns dois ou três medicamentos, ela troca de roupa, colocando uma calça preta e uma blusa de moletom também preta, ela pega uma mochila e em seu celular, olha um endereço, ela sai do quarto e desce até a sala novamente, sem se importar em desligar as coisas, Jennie apenas abre a porta e sai. Por algum motivo a noite que vem chegando parece ter um ar pesado...

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Sep 16, 2019 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

BellyacheWhere stories live. Discover now