Capitulum XIII - Angelus et Diaboli

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"Se eu soubesse como inciar talvez tudo isso fosse mais fácil, se eu pudesse mostrar um pouco de meu passado ao meu pequeno Jungkook talvez isso tudo fosse diferente, uma vez que se ele soubesse a verdade ele se tornaria capaz de enfrentar que ele realmente é." -  Jeon Junwoo

24 ANOS ANTES 

Jeon Junwoo narrando

Era mais um dia comum na terra, humanos como sempre sendo pecadores e mais um de meus dias tendo um ótimo dia de trabalho, não era como se eu fosse alguém ruim, bom, pra ser sincero, eu era sim, demônio e braço direito de Lucifer eu vivia sendo encarregado de ficar aqui na terra e procurar alguma alma nova para corromper, o problema fora quando Yuna apareceu em minha vida a alguns meses atrás. Sabe como é, uma linda mulher de cabelos pretos e lisos com um olhar penetrante,que te sufoca e te excita assim que olha para ela.

Uma universitária do sexto período de fotografia da universidade de Seul, uma garota qualquer, pensava eu meses atrás, agora vejo sua real face e me vejo perdidamente apaixonado por ela, desde que crescemos no inferno, só sabemos dizer e ver que anjos são seres bonzinhos e que não pecam, mas tudo mudou quando eu vi Yuna, a garota era o próprio pecado em forma de anjo, porém, mesmo sendo alguém que não seja muito santificada, ainda era um perigo para meu lado mais perverso. Inicialmente eu e ela não passávamos de talvez inimigos mortais, porém fora se passando os meses, alguns beijos quentes em boates, para que me encontrasse em sua cama quando acordava depois de uma noitada qualquer.

Hoje fazíamos dois anos juntos, ambos formados e trabalhando, dividindo a mesma casa, a mesma vida, aquela coisa que pessoas normais fazem, Yuna grávida de nosso filho, o fruto de um pecado, o fruto de algo que não podia acontecer e aconteceu, não vou dizer que me arrependo, mas que tenho medo do nosso fim. Durante anos conseguimos viver escondidos entre os humanos, deixando nossa essência e nossa natureza escondida de qualquer pessoa, era como se para nossa verdadeira casa, os dois estivessem mortos, mas tudo mudou naquela noite, quando em meio a contrações de um parto Jungkook nasceu e eu e minha amada fomos encontrados. 

Se pudesse me esquecer desse dia eu me esqueceria, assim que Jungkook se encontrou em meus braços pudemos ver o que tínhamos criado, um demônio com a essência quase mais pura que o próprio Deus. Diziam que anjo nenhum pode escolher sua essência, mas um demônio já nasce sendo mal, mas aquele bebê ali em meus braços pode escolher, e pode escolher mudar o mundo algum dia, algumas horas se passaram quando os primeiros sinais do que seria nosso fim começou a aparecer, Jungkook por ser muito novo não escondia sua essência e isso começava a chamar muito a atenção de qualquer pessoa que fosse, desde anjo, demônio ou humano, ele era um raio de luz em meio a tanta escuridão.

Talvez eu devesse explicar uma coisa melhor, como disse, anjos não escolhem sua essência, eles possuem o livre arbítrio para escolherem se querem ser bons ou maus, anjos bons se tornam anjos da guarda e protetores dos humanos, lutam contra nós demônios em busca de almas que ainda não foram corrompidas, mas aí existem os anjos que seguiram pelo caminho das trevas e isso os faz anjos maus, não menos santificados, mas menos puros, tais anjos vivem na terra vagando, eles não tem um lar, no inferno eles não podem ficar por justamente ainda serem anjos, então apenas vagam pela terra como se fossem pessoas normais.

O amor entre um anjo e um demônio nunca fora aceito, seres opostos e com funções diferentes no mundo não tinham o direito de ficarem juntos no final das contas, não era o certo, não era justo com aqueles que seguiam as regras do céu e do inferno, eu era um desses demônios que acreditava que esse amor era errado, até sofrer por ele.

Conhecer o amor foi o que mais me fez me sentir perto de voltar a ser humano, de me sentir vivo novamente, não que isso fosse possível, mas a sensação era a mesma. Agora estava eu ali com um fruto desse amor que eu não acreditava ser capaz de sentir um dia em meus braços, um amor que por mais errado que fosse, foi mais forte do que qualquer coisa até agora. Yuna estava sentada em sua cadeira de balanço quando sentimos a presença dos ceifadores, o que são os ceifadores? Eles são os seres que ficam entre os anjos e os demônios, quando algo sai de seu equilíbrio normal eles são invocados para por as coisas em ordem e lá estavam eles, parados em nossa porta junto com dois demônios que agora sei que cuidariam de meu Jungkook.

Fiz de tudo que podia para que Yuna e Jungkook permanecessem vivos, mas os ceifadores queriam a nós dois e não tínhamos como fugir de nosso destino, corri para o quarto onde eles estavam e tranquei a porta os abraçando firme, Yuna sabia o que iria acontecer e em todos os nossos momentos juntos foi a primeira vez que a vi pedindo a Deus que cuidasse de nosso menino. A porta foi aberta e ambos os demônios entraram no quarto.

- Nos entregue a criança, não dificultem as coisas para vocês dois, Jeon Junwoo e Jeon Yuna, vocês estão sentenciados a execução por quebrarem o equilíbrio do mundo sobrenatural com pena de morte dolorosa por tal crime. 

Respirei fundo e peguei Jungkook em meus braços, o pequeno dormia e estava tão sereno, nem parecia que nascera de dois problemáticos divinos, vimos o mais alto pegar o menor no colo e fazer uma careta feia, talvez por ver sua essência.

- Vocês criaram um monstro, um demônio de essência boa, vocês infligiram as regras, fizeram coisas que não deviam e ainda dão esse desgosto para suas casas?

- O céu nunca fora minha casa, nasci ali e fui expulsa antes mesmo de saber meu nome, não me arrependo do que fiz, me arrependo de não poder criar meu filho e mesmo sendo má, me arrependo de não poder ensinar a ele que ele pode ser feliz com quem quiser, porque ele pode ter a escolha, ele pode escolher viver como ele quiser.

Aquelas foram as ultimas palavras que ouvi de Yuna antes da mesma ser executada com uma espada angelical no peito, desfalecida em meus braços eu pude ver que ela tinha razão, meu único arrependimento é de não ser capaz de ver Jungkook crescer e se tornar um homem.

- Suas últimas palavras?

- Eu só espero que o meu filho cresça e ame do jeito que eu amei a mãe dele, que ele possa ser feliz com quem for, sendo anjo ou demônio, que ele seja bom e que seja justo, coisa que nós dois nunca fomos, que ele seja ele mesmo e que nunca duvide que sempre vamos ama-lo, mesmo que ele nunca tenha nos visto.

A espada é cravada em meu peito e minha essência retirada de mim, estava finalmente morto, morto por amar, morto por acreditar que seria capaz de proteger quem amo do mundo todo, morri, mas me sinto feliz por tudo que passei ao lado dela, dos momentos juntos, nosso primeiro beijo, o primeiro abraço, nossa primeira noite, dos nove meses de gestação que eu só ouvia ela reclamar que estava gorda, mas eu continuava achando ela linda, morri sabendo que num futuro meu filho iria encontrar alguém que mostrasse quem ele realmente era, alguém que visse que ele era bom, que ele era diferente e que o amaria por ser diferente.


CONTINUA...



Destiny {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora