capítulo 1

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Desde sempre eu fui assim, desde que consigo me lembrar de algo.

Me chamo Devon Koleman, hoje em dia tenho 39 anos, sou um fugitivo, das autoridades e dos piores tipos de bandidos, eu era o executor e braço direito de um capo muito prestigiado e conhecido de uma das máfias que atuam neste país, eu era alguém incapaz de amar de sentir algo até meus olhos caírem sobre aquela que hoje me pertence e que treme em meus braços.

Vou começar contando como eu fui acabar assim. Eu era um garoto pequeno e magricelo com meus 6 anos fui deixado pela vadia da minha "mãe" em um orfanato comandado por freiras, o que eu achei que seria meu alívio pois meu padrasto me queimava com cigarros e me arrebentava com coices e pancadas, então minha progenitora temendo pela minha morte me deixou lá, creio que ela acreditava que eu teria uma vida melhor, se enganou, assim que as freiras puseram seus olhos em mim começou o tratamento de choque, ela diziam que eu era a sombra de satãn, mas eu nem ao menos sabia sobre ele, então eram castigos punições atrás de punições e eu sofria nas mãos de todos que deveriam me amar, então aprendi sobre a bíblia e a história do grande mestre satãn me fascinou, eu queria ser como ele, ele foi rejeitado pisado e se ergueu junto de um império do mal, aquilo fazia meu olhos brilharem, eu queria ter um império só meu, eu me amaria, eu seria meu mestre, mas ainda era muito jovem para isso, então guardei meus sonhos para mim e todas as noites pedia em oração, mas não mais a deus e sim a ele, o grande mestre dos rejeitados, Lúcifer, o diabo, ele saberia o que eu deveria fazer.

A cada ano que se passava as punições aumentavam, eu ficava maior e mais magricelo, quase não tinha comida, só me davam os restos e eu tinha de limpar tudo e lavar tudo que era usado pelos outros incluindo banheiros e roupas.

Eu aproveitava as madrugadas para ler sobre meu querido mestre, isso era o que me deixava mais alegre, os anos passavam e o meu momento estava chegando eu já tinha 15 anos, então comecei a planejar minha fuga, esperei todos comerem e comi os restos, limpei tudo como de costume, as vadias das freiras foram dormir e eu peguei apenas minha esperança e comecei a me dirigir para o enorme muro, o escalei com facilidade, eu era bem alto, mas era bem magro, então consegui rápido, eu sabia ler e escrever então eu procuraria um emprego e começaria minha vida longe de todos que só me machucavam, mas não foi bem assim, eu andei por dias pedindo em padarias, bares, supermercados, mas ninguém me dava nenhuma oportunidade, afinal eu estava sujo meus olhos tinham olheiras profundas pois nunca tive muito descanso e agora elas faziam parte de mim. Vaguei por dias comendo do lixo e dormindo no chão gelado, então um dia apanhei de um mendigo até quase ficar inconsciente e fiquei ali, deitado esperando que ao menos para isso eu servisse, para morrer, mas não foi assim, acordei no meio da madrugada cheio de dores, mas nada estava quebrado então levantei devagar e senti os pingos da chuva em mim e olhei para frente, era tudo escuro, mas no meio da escuridão eu vi olhos extremamente brancos e um sorriso mais branco ainda e fiquei apavorado, mas logo sumiu, e uma voz feminina se fez presente

xxx- Ei! Garoto? Está bem? – era uma senhora de idade, mas suas feições mostravam bondade e pela primeira vez em minha vida senti que ela queria me ajudar, não sentia raiva de mim

Dev- Não, eu, eu apanhei, mas já estou acostumado, não se preocupe senhora! – Disse já seguindo meu caminho devagar e me escorando na parede, mas ela tocou em meu ombro

xxx- Você tem para onde ir? – a encarei e logo encarei sua mão em meu ombro

Dev- Não, mas não se preocupe, nunca tive – Dei um sorriso triste

xxx- Venha comigo, tenho uma vaga para jardineiro na casa em que trabalho e moro, posso ajudar você, pode morar lá e trabalhar se quiser – ela disse esperançosa e eu não pude acreditar que isso realmente estava acontecendo, então fui com a velha senhora e assim que chegamos, ela me deu de comer, me deu uma roupa seca e limpa e pela primeira vez eu me banhei um água quente, era maravilhoso, tudo parecia um sonho, então uma voz cochichou em meu ouvido

"tudo tem um preço e você pagará a mim em breve"

Me virei rápido, mas não havia ninguém ali, nada, será que estou ficando maluco de tanta pancada? Sacudi a cabeça e sai daquela água maravilhosa e me vesti.

Sai do quarto e senhora de no Eliane me esperava

Eli- Vamos? Os patrões querem te conhecer – assenti e sai com ela até uma enorme sala e um homem velho a barrigudo ao lado de uma senhora bonita mas não tão jovem se encontravam, mas o que me encantou foi a garota ao lado deles, ela deveria ter minha idade e seu rosto era meigo e suave, olhos incrivelmente azuis e cabelos negros, ela sorriu ao me ver e eu pela primeira vez sorri de volta

xxx- olá garoto! – disse o homem, toquei sua mão num aperto amigável e o homem pareceu levar um choque, mas logo parecia não ter sentido e logo sorriu – bem vindo, será ótimo ter alguém para ajudar nossa querida Eliane, ela está cansada, me chamo Edgar e está é minha esposa Marta, e está linda garota é Evie minha filha – apertei a mão de todos, Mas Evie foi a única que não pareceu ter levado um choque ao me tocar, fui para o quarto que seria meu, era pequeno, mas limpo e muito confortável, para quem dormiu no chão a vida toda era um luxo.

O dia clareou e eu fui para meus afazeres, dona Eliane me ensinou tudo e está sendo muito generosa e carinhosa comigo, os dias corriam bem e Evie cada dia me cativava mais, nos aproximamos e ela vinha até o jardim todos os dias.

Faziam 6 meses que eu trabalhava aqui, era bom e calmo, mas notei que havia algo diferente, o patrão chegava sempre tarde e a patroa estava mais solta e sanda muito maquiada e Evie, ela me preocupava, andava cheia de marcas roxas e com os olhos tristes, ela não vinha mais até o jardim, só observava pela janela do segundo andar onde ficava seu quarto.

Esperei e sorri para elas diversas vezes, mas ele não correspondia, percebi também que dona Eliane também andava cabisbaixa, mas nunca deixava de sorrir, então esperei a hora do almoço, eu iria perguntar a ela o que se passava com a tão alegre família que conheci.

Assim que entrei na casa me sentei a mesa e comecei a comer

Dev- Dona Eliane! – a chamei, ela deu um longo suspiro e me olhou

Eli- Diga meu menino- disse ela sorrindo tristemente

Dev- o que se passa? – ela pareceu confusa

Eli- como assim? – sorri

Dev- Todos andam tristes, Evie não me visita mais, o patrão chega tarde e dona Marta não é mais a mesma e nem a senhora, o que está acontecendo? – ela suspirou, sentou a minha frente e segurou minha mão e disse

Eli- Bem meu querido, seu Edgar se perdeu em vícios e mulheres da vida, dona marta anda triste e esconde isso com extravagâncias e maquiagem, creio que está família esteja a beira de um fim, temos que começar a procurar outro emprego meu menino – fiquei em choque

Dev- entendo, vou voltar ao trabalho – sai e comecei a pensar o que eu poderia fazer para ajudar, eles foram tão bons comigo eu precisava retribuir, ainda mais por Evie, ela é tão linda e eu gosto dela, acho que isso é o que chama de amor, ela me entregou seu primeiro beijo, eu estava suado e sem camisa, e ela veio sorrindo com uma copo de limonada e eu bebei todo o liquido gelado e ela me perguntou se eu gostava dela e eu apenas a segurei firme pela cintura e a beijei, senti ela estremecer para mim, mas depois daquilo tudo desandou e nunca mais a toquei, sentia como se faltasse parte de mim, eu tinha que fazer algo, eu queria um dia te-lá como minha esposa, sei que não tenho nada, mas eu a queria, eu iria ajudar, mas antes precisava falar com ela.  

Quero ver o que tem No Escuro- LIVRO 1 Saga Luz e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora